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Seropositivos em Cachiungo abandonaram o tratamento

Juliana Domingos| Huambo

Jornalista

Pelo menos 260 pacientes, diagnosticados com HIV/Sida no município do Cachiungo, província do Huambo, abandonaram o tratamento.

03/03/2021  Última atualização 10H37
População é aconselhada a procurar as unidades sanitárias e a evitar a automedicação © Fotografia por: DR
Quem o diz é o supervisor local do Programa de Luta contra a Sida, Félix Joaquim, acrescentando que muitos pacientes alegam que estão a ser acompanhados em outros municípios, mas, quando consultados os arquivos das unidades sanitárias, os nomes não constam, uma situação que considerou de preocupante e reprovável.

"Somos, muitas vezes, obrigados a deslocar-se às casas de alguns pacientes, em visitas de rotina, para nos inteirarmos sobre o estado de saúde deles. Não obstante os nossos conselhos, os pacientes não voltam às consultas e nem vão à busca dos medicamentos, alegando que têm de trabalhar para sustentar os filhos”, afirmou.

Acrescentou que as autoridades sanitárias estão a intensificar as acções de sensibilização, através de palestras, envolvendo técnicos e população, para que as pessoas infectadas não se sintam "envergonhadas e reprimidas” mas, sim, incentivadas a aderir às consultas, a fim de se evitar novas infecções.

O município, explicou Félix Joaquim, está a actualizar os dados das pessoas infectadas com HIV/Sida. Do primeiro balanço, avançou, há o registo de dezassete crianças que, fora do controlo do centro médico especializado, nasceram de mães seropositivas, que, durante o período de gestação, não foram às consultas.

A campanha "Nascer Livre para Brilhar”, promovida pela Primeira Dama da República, Ana Dias Lourenço, tem, apontou, dado resultados satisfatórios, mas existe, ainda, uma "resistência” por parte de inúmeras mulheres nas aldeias, que se recusam a ir às consultas, mesmo sabendo que o objectivo é fazer com que as crianças nasçam sem o vírus.
"As pessoas, nas aldeias, ficam caladas, mesmo quando sabem de alguém que foi diagnosticado com VIH/Sida. Essas pessoas, sem qualquer discriminação, devem ser, imediatamente, encaminhadas às unidades sanitárias, a fim de seguirem os cuidados que se impõem. Mas, na realidade, isso não acontece”, salientou o supervisor.
 
Visitas ao domicílio

Antónica Victorino, técnica de diagnóstico de VIH/Sida no município do Cachiungo, sublinhou que o trabalho de sensibilização das famílias nas aldeias não deve parar, porque são nestas comunidades onde se regista o maior número de casos de crianças a nascerem infectadas. "As mães têm que ir às consultas, para que os bebés possam nascer sem o vírus”.
As visitas ao domicílio de pessoas infectadas, mencionou, estão a contribuir na identificação de novos casos e daqueles que abandonaram o tratamento, sendo, por isso, sensibilizados a retomarem as consultas, para que, aconselhou, "possam manter uma vida saudável” junto das famílias.

Joaquina Katyavala Monteiro, directora municipal da Saúde, apelou às famílias no sentido de evitarem o estigma e a discriminação e a aconselharem os seropositivos a não abandonar o tratamento.

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