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Situação na vila de Palma está “completamente controlada”

As Forças de Defesa e Segurança (FDS) moçambicanas assumiram “completamente” o controlo de Palma, alvo de ataques por grupos armados há 11 dias, disse, ontem, o porta-voz do Teatro Operacional Norte, Chongo Vidigal, falando a partir da vila.

06/04/2021  Última atualização 08H32
As Forças de Defesa e Segurança governamentais retomaram o controlo total da vila © Fotografia por: DR
Palma "está completamente tomada pelas Forças de Defesa e Segurança. Hoje mesmo nós concluímos a clarificação da única área que ainda faltava clarificar, fizemos isto está manhã e está totalmente segura”, disse o referido responsável, citado pela Lusa
A última "área sensível” libertada foi o aeródromo da vila e a segurança já foi restaurada, acrescentou. O próximo passo, prosseguiu, será a criação de condições para um regresso seguro da população, obrigada a fugir na sequência dos ataques de 24 de Março.

"É uma fase crítica, porque precisa de muita acutilância, muita atenção e muita ponderação por parte das Forças de Defesa e Segurança, no sentido de ir recebendo esta população, mas também fa-zendo a profilaxia para a prevenção da infiltração de grupos armados, para que não voltem a causar problemas”, acrescentou o brigadeiro Chongo Vidigal.
O governador da província de Cabo Delgado, onde se situa Palma, Valige Tauabo, assegurou aos jornalistas que "o inimigo foi derrubado” em Palma, devendo ser garantido o regresso seguro dos deslocados.

"A nossa presença é por sabermos que as Forças de Defesa e Segurança se entregaram à causa da pátria. O trabalho que foi feito fez com que o inimigo fosse derrubado”, declarou aos jornalistas, em Palma.
Apesar destas informações, o Programa Alimentar Mundial (PAM), anunciou que suspende os voos de evacuação do Norte de Moçambique para Maputo por questões de segurança, um dia depois que a Total decidiu encerrar as suas operações na área, complicando, ainda mais, a vida das pessoas afectadas pela violência.

"Conseguimos retirar um total de 380 pessoas, algumas delas de barco, uma viagem que leva 24 horas”, disse Shelley Thakral, uma das responsáveis locais do PAM, citada pela Lusa.
"O que sabemos é que cerca de 76 por cento das pessoas que conseguimos retirar são mulheres e crianças e que, obviamente, em Cabo Delgado há desnutrição crónica há muitos anos com 950 mil pessoas a terem insegurança alimentar”, adiantou.
Neste momento, cerca de 23 mil pessoas ainda estão na região de Afungi, sob protecção militar, de acordo com a Organização Internacional para as Migrações (OIM).


  A região vive um cenário de horror
As imagens do ataque de militantes islâmicos na cidade de Palma, no Norte de Moçambique, reveladas agora pela Sky News mostram cenas de carnificina e uma frenética missão de resgate para salvar os sobreviventes que estavam a ser perseguidos pelo grupo de radicais islâmicos. Os corpos de pessoas assassinadas, após serem retiradas de carros e camiões, foram espalhados pela cidade.

Uma série de fotos e vídeos, repassados exclusivamente para a Sky News, são o primeiro vislumbre da escala do ataque à cidade de 52 mil habitantes por militantes do Estado Islâmico.
Teme-se que este mais recente ataque seja apenas o primeiro de uma invasão maior que se está a espalhar pelo norte do país.

Testemunhas locais disseram que os militantes lançaram uma série de ataques a vilarejos distantes antes do ataque principal, fazendo com que civis invadissem Palma em busca de segurança. Os ditos militantes infiltraram-se depois no meio dessas pessoas que se dirigiam para a cidade e atacaram posições militares. "O Exército de Moçambique foi apanhado completamente desprevenido. Foram atacados por dentro”, disse à Sky News um analista de segurança que não quis ser identificado.

"Eles não sabiam para que lado virar, alguns simplesmente abandonaram as suas posições e correram”, afirmou a mesma fonte.
As fotos mostram nuvens de fumo saindo de instalações militares, bancos e lojas enquanto os militantes islâmicos avançavam pela cidade saqueando e matando. Perante esse cenário, os civis aterrorizados correram para se proteger em qualquer edifício que encontravam.

Do ar, grupos de pessoas à espera de resgate, puderam ser vistas ao lado de mensagens moldadas em pedras e lençóis e escritas no chão. "Ajuda” e "SOS” eram os mais visíveis. Os militantes terroristas continuaram a lançar uma série de ataques e emboscadas às forças do Governo que tentavam entrar na cidade.

Os vídeos mostram helicópteros do Dyck Advisory Group, uma empresa de segurança privada contratada pelo Governo, pousando e tentando resgatar pessoas que sobreviveram ao ataque de 24 de Março. Os helicópteros só podiam levar algumas pessoas de cada vez, e cada missão de resgate envolvia várias viagens, o tempo todo sob fogo.
Milhares de pessoas já escaparam de Palma, mas centenas permanecem, muitas delas implorando para ter acesso à instalação de produção de petróleo fortificada a seis milhas da cidade e operada pela empresa francesa "Total”.

O proprietário da empresa, Lionel Dyck, fez uma avaliação sombria do futuro: "Temo que, sem uma reacção rápida aérea e uma boa ocupação da força terrestre, muitas mais pessoas possam ser vítimas destes ataques”, afirmou ainda à Sky News.


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