Os profissionais da Saúde Unidos e Solidários de Moçambique (APSUM) iniciaram segunda-feira (29), a suspensão das atividades por 30 dias prorrogáveis em todo o país.
O líder do grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês), Mohamed Hamdan Dagalo, reagindo à pressão internacional, disse estar empenhado no estabelecimento de um cessar-fogo no Sudão, numa altura em que as suas forças dizem ter o controlo quase total do estado de Cartum.
"Apesar do nosso controlo do Darfur (Oeste), do estado de Al Gezira (Leste), de partes do Kordofan (Centro) e da maior parte do estado de Cartum, reitero total disponibilidade para observar um cessar-fogo em todo o Sudão”, disse Dagalo, num discurso proferido em alusão, há um ano de conflito armado, em que enfrenta as forças do Exército.
O líder paramilitar, que já tinha apelado, anteriormente, a uma trégua face aos avanços militares do Exército, nomeadamente em Cartum, afirmou que o cessar-fogo serviria para garantir o acesso humanitário à população sudanesa. Segundo a ONU, a guerra deslocou 8,5 milhões de pessoas, matou cerca de 15 mil civis e colocou 18 milhões de pessoas à beira da fome, enquanto outros 25 milhões dependem da ajuda humanitária.
No entanto, várias organizações denunciaram que ambas as partes estão a utilizar a ajuda humanitária como arma de guerra, pois enquanto o Exército impede a sua entrada nas zonas controladas pelas RSF, os paramilitares pilham armazéns e privaram a população da pouca ajuda que chega ao país.
Dagalo afirmou que uma eventual trégua abriria caminho a negociações políticas para se chegar a uma solução global que conduza ao estabelecimento de um Governo liderado por civis, a fim de "guiar o país no sentido de uma transição democrática e de uma paz duradoura”. "Embora continuemos empenhados na procura da paz e de uma solução política negociada, não hesitaremos em defender-nos e em confrontar o antigo regime e os seus elementos aliados”, advertiu o líder paramilitar, cujas forças foram acusadas por várias organizações não-governamentais (ONG) de terem cometido crimes contra a humanidade durante o ano passado. O líder paramilitar insistiu que "a guerra nunca foi uma opção para as RSF” e que o grupo defende o estabelecimento de um "Governo civil democrático liderado por forças genuínas de todas as regiões do Sudão”, indicando que as suas forças apoiam "todas as iniciativas” de paz.
As RSF e o Exército planearam, em conjunto, um golpe de Estado, em 2021, contra o Governo civil do Sudão, que surgiu após a queda do então Presidente Omar al-Bashir, que liderou o país durante três décadas.
No entanto, a guerra no Sudão eclodiu, em 15 de Abril de 2023, devido a tensões sobre a reforma do Exército e a integração de paramilitares nas Forças Armadas, no meio de um processo político para colocar o país no caminho da democracia, após o golpe de Estado.
Por sua vez, o Alto Representante da União Europeia (UE) para a Política de Segurança apelou a um cessar-fogo no Sudão e acesso de apoio humanitário à população. Depois de uma intervenção numa conferência, em Paris, sobre o conflito sudanês, Josep Borrell considerou, na rede social X (antigo Twitter), que a situação é a "pior crise humanitária no mundo”.
Pediu um "compromisso das partes” envolvidas no conflito "para a cessação das hostilidades” e a criação "de uma solução de paz duradoura”. Em simultâneo, Josep Borrell é a favor de uma "trégua humanitária” que possibilite assistência humanitária completa”.
Londres aplica sanções a empresas que apoiam a guerra
O Reino Unido decretou, ontem, sanções a empresas que apoiam as actividades dos grupos militares que desencadearam, há um ano, o conflito no Sudão, reiterando o apelo a um cessar-fogo imediato. As sanções obrigam o congelamento de bens ao Alkhaleej Bank, instituição financeira que tem apoiado as operações das Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla inglesa) e a Al-Fakher Advanced Works, uma empresa utilizada pelas RSF para exportar ouro.
O Governo britânico também sancionou a Red Rock Mining, empresa mineira e de exploração, filial da Sudan Master Technology, que fornece fundos às Forças Armadas Sudanesas (SAF, na sigla em inglês), e que está ligada à Defence Industries System, braço económico e de produção das SAF.
As autoridades britânicas explicaram que o objectivo das medidas é acabar com o conflito, limitando o financiamento aos dois grupos armados para a compra de armas. No entanto, o Reino Unido já tinha congelado bens no ano passado a seis empresas, três ligadas às RSF e três às SAF, o que impede qualquer cidadão ou empresa de lidar com fundos ou recursos económicos que sejam propriedade ou sejam controlados pelas instituições agora sancionadas.
O Governo britânico reiterou o apelo a um "cessar-fogo duradouro" e ao levantamento das restrições à ajuda humanitária. "Esta guerra brutal e sem sentido tem devastado vidas. Um ano depois do início dos combates, continuamos a assistir as atrocidades terríveis contra civis, a restrições inaceitáveis do acesso à ajuda humanitária e a um total desrespeito pela vida dos civis", lamentou o ministro dos Negócios Estrangeiros, David Cameron.
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