Economia

Tesouro Nacional disponibiliza amanhã 300 milhões de dólares

Nádia Dembene

Jornalista

O Banco Nacional de Angola (BNA) anunciou que o Tesouro Nacional vai disponibilizar amanhã, 14 de Fevereiro , aos bancos comerciais, 300 milhões de dólares

13/02/2024  Última atualização 08H41
O montante anunciado pelo Banco Central estará disponível na semana até que se esgote © Fotografia por: Vigas da Purificação | Edições Novembro

Segundo o comunicado do BNA, o montante estará disponível ao longo da semana, até que se esgote, sendo a venda de divisas realizada através da Plataforma Bloomberg, em sessões diárias.

Para mitigar possíveis constrangimentos operacionais na liquidação das operações,sublinha o comunicado, os bancos comerciais poderão recorrer junto do Banco Nacional de Angola à Facilidade de Cedência de Liquidez (operação através da qual os operadores comerciais recorrem ao Banco Central para obter crédito para financiar as suas actividades ‘intradia’ (negociação que ocorre durante um só dia).

Os bancos comerciais poderão, igualmente, recorrer à Facilidade de Cedência de Liquidez na maturidade de sete dias, desde que possuam Operações de Mercado Aberto junto do BNA a vencer dentro do referido período.

Empresários ouvidos pelo Jornal de Angola defendem que a gestão do montante anunciado se deve resguardar de políticas compatíveis com as necessidades da economia do país.

Por esse raciocínio, pedem maior fiscalização por parte do Banco Nacional de Angola,

O empresário do sector da Aquicultura Joaquim Vicente entende que a banca comercial não é eficiente, na medida em que não tem produzido os resultados que se esperam. "O único problema nesse tipo de iniciativa é a burocracia que se tem na altura do processo para aquisição das divisas”, acusa.

Esta linha de pensamento é ,também, partihada pela presidente da Associação das Mulheres Empresárias do Huambo, Idalina Chimuanga, para quem a iniciativa "devia ser de carácter periódico, pois creio que Governo quer realmente potencializar os empresários, mas há cada vez mais empresários a fechar os negócios pelo fraco acesso às divisas”, alerta.

Para reverter esse quadro,  a presidente da Associação das Mulheres Empresárias do Huambo defende que  "as divisas disponíveis cheguem às mãos de quem realmente precisa trabalhar”.

O produtor de sementes de cereais Alféu Vinevala, também teve uma palavra sobre o assunto. O pior cenário, avisa,  é a garantia do conjunto certo de competências: "Este trabalho tem de ser feito com mais transparência”, reforça.

"Acredito que essa medida poderá beneficiar os médios e pequenos empresários, desde que a taxa de juros não seja excessivamente alta”, acrescenta Jorge Gabriel, chefe de fila da classe empresária do sector da restauração de Benguela.

O ex-presidente  da  Associação Provincial de Hotelaria e Turismo da província de Benguela ainda não vê um cenário de fracasso imediato, embora considere que, à partida, não existem "boas relações  entre a banca comercial e os empresários, o que dificulta ainda mais o processo”.

Na semana passada, o governador do BNA disse que a disponibilidade de moeda estrangeira em Janeiro desde ano aumentou de 600 milhões para 836 milhões de dólares, mas estimou que a oferta se mantenha, nos próximos meses, em cerca de 600 milhões.

REACÇÕES à venda de divisas
Empreendedores pedem fiscalização aos bancos comerciais


Joaquim Vicente, Empresário do sector  das Pescas

Muitas vezes, os bancos comerciais não cumprem a directiva do BNA. Por exemplo, o BDA tem sido recapitalizado, porém, a demora na disponibilização ou desembolso do capital faz com que muitos projectos não consigam avançar na mesma velocidade  com que foram projectados. É necessária uma fiscalização adequada.


Idalina Chimuanga, Associação das Mulheres Empresárias do Huambo

Existem inúmeros empresários que estão com mercadorias e facturas pendentes junto dos bancos comerciais, que admitem não possuir divisas para realizar as transacções. Cada vez mais empresários estão a encerrar  os seus negócios devido à dificuldade de acesso às divisas. Espero que as divisas actualmente disponíveis cheguem às mãos daqueles que realmente precisam de trabalhar.

Alféu Vinevala, produtor de cereais no Bié

Neste momento em que o acesso às divisas tem sido desafiador, acredito que nós, empresários, só seremos capazes de produzir se os bancos comerciais e outras instituições financeiras desenvolverem políticas para facilitar a aquisição de máquinas e equipamentos. Portanto, peço que haja mais transparência na disponibilização desse capital.


Jorge Gabriel, Empresário do sector da Restauração de Benguela

Muitos bancos  não têm estabelecido boas relações comerciais com os empresários, o que dificulta ainda mais o processo. No entanto, acredito que esta medida poderá beneficiar os médios e pequenos empresários, desde que a taxa de juros não seja excessivamente alta. É útil a maior facilidade no apoio aos pequenos e médios empresários, especialmente em relação à situação devedor-credor.

Comentários

Seja o primeiro a comentar esta notícia!

Comente

Faça login para introduzir o seu comentário.

Login

Economia