Coronavírus

Valorização da pessoa idosa

“A valorização da pessoa idosa é claramente uma das nossas metas, e combater o isolamento, claro”, começa por explicar Joana Silva, uma das kuduristas e dinamizadora do grupo, no qual todos adoram trabalhar com idosos.

28/03/2021  Última atualização 12H09
© Fotografia por: DR
Houve uma altura, lembra, em que foram estas pessoas a cuidar dos outros, chegando agora o tempo de serem cuidadas: "Não há maior riqueza do que eles e ter a possibilidade e privilégio de dizer ‘és especial’, porque o são, é devolver qualquer coisa, aprendemos todos os dias”.

Joana Dias reconhece que uma visita, um dedo de conversa, um telefonema fazem "toda a diferença” a estas pessoas. E, agora, "ter alguém que dança, que os faz ficar conhecidos, mexe com a autoestima e os faz sentir superimportantes”. De alguma forma, estes cinco voluntários já lidavam com projectos sociais. Joana e Gonçalo Silvestre, guia das Avós do Mar, já trabalhavam com alguns destes idosos no projecto Varina, sobretudo com turistas, mas com a pandemia a iniciativa teve de ficar suspensa.


"É mais o que levamos do que o que damos aqui”, confessa Miguel Graça, professor de dança e coreógrafo, reconhecendo que a partilha do ritmo do Kuduro e da "energia positiva” resulta numa experiência "muito positiva”. Com emoção, reconhece que é com "uma gratidão enorme” que vê a entrega dos ‘avós’ e o seu ‘feedback’ positivo a um ritmo que não é propriamente conhecido destas gerações.
"Está a ser brutal”, sintetiza, admitindo que alguma coreografia e passos de Kuduro ou Afrohouse são adaptados para os alunos ‘vovós’.

Diana Ramos, Gonçalo Silvestre, Joana Silva, Miguel Graça e Rafaela Schneider são os Kuduristas da Caparica e pretendem desenvolver um projecto-piloto no concelho de Almada, para que se espalhe depois a outros locais do país. Os jovens estão a ter vários pedidos de escolas de dança e de voluntários que querem juntar-se à ideia de levar a dança aos idosos, remetendo para as redes sociais as próximas novidades do projecto e a forma como a sociedade poderá ajudar. A Lusa despede-se dos kuduristas na Quinta da Corvina, onde o senhor Manuel e a dona Alzira os recebem com cantigas, versos e rimas, sendo visível o carinho mútuo.


A energia do ‘vovô’ de 88 anos é comparável à da sua mulher, três anos mais nova. Os dois, lado a lado, cada um com a sua canadiana, dançam conforme podem, acompanhando os jovens.
"Hoje está muito animado. Até a Dona Alzira veio cá fora ter connosco, nem sempre é assim. Estão a ficar famosos estes ‘vovós’”, diz Joana. A união entre todos é também evidenciada quando o grupo entrega a cada idoso uma das flores de papel feitas por Clarisse. A memória, que às vezes já falha, mas aguçada pelos jovens com a pergunta "sabe quem lhe manda esta flor?”, não deixa esquecer a companheira que não vêem desde que estão confinados. Não é só dança e música que os kuduristas levam aos ‘vovós’: são também afectos, atenção, uma palavra amiga, um sorriso, num todo conjugado para evitar a solidão.

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