Em Angola, como em muitos países do mundo, o 1º de Maio é feriado nacional e costuma ser celebrado com marchas e comícios, em que se fazem discursos reivindicativos de direitos dos trabalhadores. Não é uma data qualquer.
Hoje, a nossa Nação e, particularmente, a comunidade jurídica assinala um ano da entrada em funções dos juízes de garantias, magistrado com dignidade constitucional que, entre nós, passou desde 2 de Maio de 2023 a ter a responsabilidade de salvaguardar os direitos individuais de qualquer pessoa alvo de investigação por um suposto acto criminal derivado da sua conduta.
Da máquina de Gutemberg à Inteligência Artificial, as tecnologias – com realce para as digitais – provocaram inúmeras transformações positivas no ambiente social, laboral e até familiar, em momentos de graça ou de grandes apuros da humanidade, como guerras, pandemias (recentemente, a da Covid-19) e outras mazelas sociais.
No entanto, a par da melhoria das técnicas e processos laborais, da capacidade de se comunicar por voz, vídeo e texto, da melhoria do funcionamento de aparelhos já existentes ou criados no espírito da inovação e criatividade digitais, essas transformações afectaram, directamente, a forma de ser e estar das pessoas, principalmente, crianças e adolescentes. Para ser mais preciso, invadiram o eu pessoal e, usadas sem moderação, alteram o comportamento dos indivíduos.
Por isso, nos últimos tempos, não são poucos os especialistas de várias áreas do saber que alertam sobre os perigos das telas (sejam de televisores, telemóveis ou tablets), já que os estudos mostram que até bebés, não só são expostos ao áudio visual, como se viciam neles.
Não é sem razão que, em alguns países, essas ferramentas que foram muito elogiadas num passado recente – quase endeusadas –, com os Governos a promoverem cursos gratuitos sobre as TIC para os seus funcionários e não só, estejam, agora, a ser consideradas como inimigas da saúde mental.
Esses avisos de especialistas ligados à Neurociência, à Medicina, à Educação, à Comunicação e outras especialidades que lidam com o comportamento humano, devem-se aos efeitos colaterais da dependência desses equipamentos de interacção social, bem como do excesso de informação produzidos nessas plataformas digitais.
Entre as consequências, podemos alistar a irritabilidade, a síndrome de abstinência (na ausência do aparelho), depressão, perda de sono, alteração do humor, vazio existencial, problemas visuais, auditivos e comportamentais na família, na escola e na sociedade em geral. A lista dos riscos associados ao uso compulsivo das telas é extensa.
Devido a esses e outros riscos, há escolas e países que ponderam ou já proibiram mesmo a utilização de telemóveis por alunos do Ensino Primário e Secundário no recinto escolar, sinalizando, assim, que as desvantagens do uso descontinuado dos telemóveis começam a pesar mais do que as vantagens na vida dos cidadãos, independentemente da idade, por estar a alterar as dinâmicas sociais e pessoais, por disseminar de forma vertiginosa a fofoca, a desinformação e as fake news; por alegadamente estar a baixar o QI das novas gerações, por tornar muitos cidadãos em dependentes digitais.
Deste modo, podemos dizer que o uso desregrado do digital, independentemente do tipo de efeito que venha a causar no utilizador, tem um denominador comum: intoxicação digital.
O excesso de informação e as suas consequências está a levar que Governos criem políticas públicas de racionalização do uso das telas. Os cidadãos precisam de aprender a usar esses meios – tão úteis para a vida – de forma equilibrada.
Mais do que as famílias, que muitas delas, dentro de casa, estão ilhadas nas redes sociais – pai, mãe e filhos – cada um no seu ambiente virtual, demonstrando que também precisam, inequivocamente, do apoio social para voltarem ao antigo normal, os Governos, por meio das políticas públicas voltadas para essa causa, podem ajudá-las.
Sem saúde mental, dificilmente temos a verdadeira realização enquanto pessoas e nação. Por isso, apostar na educação para uma cidadania responsável e saudável nas redes sociais é um investimento para o bem-comum que não deve ser ignorado. A rádio e a televisão jogam um papel crucial nessa equação, desde que os programas ou micro-programas sejam dirigidos por profissionais que não só são jornalistas, mas que dominam os meandros da comunicação de políticas públicas e de estudos dos media, para que as mensagens cheguem aos destinatários sem estar enviusada ou com insuficiências.
Embora os Governos tenham responsabilidades acrescidas, nesse caso concreto, as escolas também devem introduzir nos temas transversais, o mal que a dependência digital provoca na mente humana. A maioria dos alunos (crianças e adolescentes), são nativos digitais. Logo, é importante que a escola debata esse problema, que é, muitas vezes, mal abordado em casa.
O ideal é serem especialistas a abordar essa temática, que parece fácil, mas que é tão complexa, já que envolve as emoções, o apego, a liberdade e o sentimento de pertença a um determinado grupo. Mas, não havendo na escola, pode vir de fora, e se, mesmo assim, não for possível, nada impede que os professores abordem essa temática.
A dependência digital é tão nociva como são as drogas e deixar crianças, adolescentes e adultos simplesmente mergulharem no ambiente virtual, sem saberem que podem se tornar dependentes é não lhes dar a oportunidade de decidirem com cidadania o tempo que passam nas redes sociais.
Tal como a privacidade física, a mente precisa de privacidade, numa altura em que as redes sociais e as demais tecnologias digitais estão sempre a bombardear as mentes dos usuários com milhares de informações que sufocam a própria mente. E isso, deve preocupar a todos.
*Consutor de Comunicação e de Educação
Seja o primeiro a comentar esta notícia!
Faça login para introduzir o seu comentário.
LoginTrinta e dois anos depois do estabelecimento das relações diplomáticas, Angola e Coreia do Sul voltam, como que a ser desafiadas não apenas a dar prova da excelência dos laços, por via do reforço das ligações já existentes, mas também a descobrir novas áreas de interesse comum.
Assinalou-se esta semana os cinquenta anos do 25 de Abril e também do início do processo de descolonização das chamadas colónias portuguesas em África. Passados cinquenta anos, dificilmente poderíamos imaginar que chegássemos ao nível de glorificação do Colonialismo e elogio da civilização colonial português a que se assiste no espaço público angolano.
Os desafios do mundo hodierno têm exigido das Organizações a adopção de uma filosofia de trabalho de excelência e comprometimento, baseada no cumprimento escrupuloso da lei e na inclusão de princípios éticos, bem como de responsabilidade social nos seus planos estratégicos para a satisfação dos interesses do público no contexto social.
A vandalização de bens públicos tomou contornos alarmantes. Quase todas as semanas, são reportados casos do género.Bens ou infra-estruturas que consumiram avultadas somas em dinheiro para serem construídos, são destruídos, quer para a busca fácil de dinheiro, quer por pura maldade. Os sectores da Energia e Águas, Transportes, Telecomunicações, Saúde e Educação têm sido os principais alvos.
As cantoras Patrícia Faria e Afrikkanitha serão as convidadas especiais do concerto do quarteto musical norte-americano Eleanor Dubinsky, a ter lugar, no dia 4 deste mês, na Fundação Arte e Cultura, na Ilha do Cabo, em Luanda.
As Safiras do Ministério das Finanças (MINFIN) venceram, quarta-feira, o Instituto Nacional de Emprego e Formação Profissional (INEFOP), por 4 bolas a 2, numa partida de Futsal, em alusão ao dia do Trabalhador.
O 2.º Conselho Consultivo do Ministério da Educação (MED) arrancou, esta quinta-feira, na cidade do Cuito, Bié, sob o lema "Os professores de que precisamos para a educação que queremos – O imperativo global para inverter a escassez de professores".
O secretariado Executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e o Ministério do Ensino Superior, Ciência, Tecnologia e Inovação de Angola, promovem, no próximo mês de Junho, a primeira Conferência sobre Ciência Aberta.
Pelo menos 36 pessoas morreram na sequência do desabamento de uma auto-estrada na província de Guangdong, sul da China, de acordo com um novo balanço divulgado, esta quinta-feira, pela agência de notícias estatal chinesa.
Onofre dos Santos, juiz conselheiro jubilado do Tribunal Constitucional, considerou que a preparação de eleições exige sempre algum tempo, pelo que previu que as primeiras autárquicas na história do país não venham a ser realizadas antes das próximas eleições gerais, previstas para 2027.