Entrevista

“A revitalização da produção do café arábica é uma das grandes marcas do Mungo”

Sérgio V. Dias | Huambo

Jornalista

A revitalização da produção do café arábica assume-se como uma das grandes marcas do Mungo, município situado a cerca de 130 quilómetros da cidade do Huambo. Domingos Kalei, administrador da circunscrição, fala, nesta entrevista ao Jornal de Angola, sobre os grandes desafios do município, entre os quais aponta a construção de duas mini-hídricas

10/08/2023  Última atualização 08H50
Administrador Municipal do Mungo, Domingos kalei © Fotografia por: Joaquim Armando Edições Novembro | Huambo
Que passos é que o município está a dar no quadro do processo de diversificação da economia?

Primeiro gostava de agradecer a gentileza do Jornal de Angola em abordar-nos para falarmos um pouco sobre a realidade deste município do Norte do Huambo, que dista a exactamente 130 quilómetros da sede provincial. Respondendo à questão que coloca, devo dizer que temos em curso um grande processo para levar avante a diversificação da economia. Apraz-me destacar, nesse particular, a revitalização da produção do café arábica.

A que nível é que está a revitalização a que se refere?

O processo caminha a bom nível. O nosso município dispõe, neste momento, da execução de mais de 32 mil mudas para serem distribuídas aos camponeses. Por isso, reitero o facto de que a revitalização da produção do café arábica é uma das grandes marcas do Mungo.

O que tem a dizer sobre a execução das obras do PIIM no Mungo?

As obras inseridas na carteira de projectos do PIIM caminham a um bom ritmo. Temos, neste momento, oito acções estruturantes na carteira do PIIM, sendo sete infraestruturas e uma ligada à aquisição de bens e serviços.

Quais são as principais obras em execução?

Entre as várias acções em curso podemos destacar a construção de quatro postos de saúde em igual número de ombalas e assim como de três escolas de sete salas de aula cada. Nos quatro postos de saúde em construção serão atendidas mais de sete mil famílias, encurtando desse modo as distâncias que percorrem hoje ao encontro dos serviços de assistência médica e medicamentosa. Por essa razão, as acções do PIIM em curso constituem-se muito promissoras, porquanto a Educação e Saúde fazem um casamento perfeito no quadro do desenvolvimento humano.

Em relação aos sectores da Energia e Água?

A esse nível, a perspectiva passa por aumentar a capacidade de produção quer de energia quer do precioso líquido. Por isso, temos o desafio da construção de duas mini-hídricas no Mungo, nos rios Luvalo e Cussango.

Há pouco falou da revitalização da produção do café arábica, mas a agricultura, no geral, também assume-se crucial no processo de diversificação da economia, sobretudo pelo potencial deste município em diferentes culturas.

Isso é uma realidade. O Mungo tem grandes potencialidades no que à agricultura diz respeito. Por esta razão, temos apoiado pontualmente as várias associações agrícolas existentes, bem como os agricultores e produtores individuais com ‘inputs’ agrícolas, como fertilizantes, sementes diversas e outros equipamentos.

Quais são os principais produtos cultivados nesta circunscrição?

São variadíssimos. Porém, entre outras culturas podemos destacar as do milho, banana, ananás, mandioca, batata-doce e hortícolas.

E sobre a criação de animais de pequeno porte, o que tem a dizer?

Esta é outra grande aposta que se tem feito a nível do município, na perspectiva de melhorar a condição da nossa população. E aqui destacamos não somente a criação de animais de pequeno porte, como suínos e caprinos, mas até mesmo a de aves domésticas, que tem ajudado bastante no sustento das famílias. Por outro lado, outra aposta feita no sentido de fomentar o autonegocio das famílias passa pelo apoio à produção do mel.

À semelhança de outras localidades da província, é notório aqui o défice relativamente a projectos habitacionais.

Essa é uma realidade indiscutível. Não obstante a isso, temos alguns projectos em carteira para inverter esse quadro. Por essa razão, está traçado o processo de cedência de espaços loteados para a autoconstrução dirigida em zonas identificadas para o efeito. O processo vai abranger também a juventude desta região.

O que é que a administração faz para apoiar os jovens no domínio do Empreendedorismo?

Na vertente da formação profissional, o nosso município dispõe de um pavilhão de artes e ofícios. Por via do mesmo tem-se lançado no mercado anualmente jovens para o autoemprego.

Que apoios a Administração Municipal concede para os antigos combatentes e seus dependentes?

A nível da protecção social deste grupo, fez-se um esforço gigante no sentido de o apoio ser prestado por via de cooperativas. Até ao momento quatro cooperativas já beneficiaram de tractores e respectivas alfaias para a prática da agricultura mecanizada. Portanto, sempre que possível vamos apoiar os antigos combatentes e seus dependentes com alguns meios como ‘inputs’ agrícolas e outros para o fomento do autonegocio.

  "Défice de quadros na Educação e Saúde”
O que pode dizer ainda sobre os sectores da Saúde e Educação nesta municipalidade?
   

Entre as várias acções em curso no município, no âmbito do PIIM, constam a construção de quatro postos de saúde em igual número de ombalas, assim como de três escolas de sete salas de aula cada. Em relação à rede sanitária devo dizer que dispõe de 13 unidades. Entre estas constam o Hospital Municipal, cinco centros, um deles materno-infantil e assim como sete postos de saúde, que atendem a densidade populacional de cerca de 173 mil habitantes. É importante também dizer que a malária, as doenças diarreicas agudas, a hipertensão arterial, a febre tifóide e as parasitoses intestinais são as patologias mais frequentes.

O que pode acrescentar em relação à Educação?

Em relação ao Sector da Educação, posso adiantar que, tal como o da Sáude, regista um défice de quadros para atender a procura de alunos existentes. Por essa razão, 3.904 alunos ficaram fora do sistema de ensino no recém-terminado ano lectivo. Em relação ao número de salas, controlamos, nesta altura, 430, sendo 372 do ensino primário, 37 do I Ciclo e 21 do II.

"Potencialidades turísticas  por explorar”
O que tem a dizer sobre o sector do Turismo?

É importante dizer a esse respeito que esta região do Norte da província do Huambo ostenta grandes potencialidades turísticas, algo que nos orgulha bastante. A grande questão que nos inquieta é que a chamada indústria da paz não está a ser devidamente explorada nestas paragens. Por isso, há necessidade de se fazer uma requalificação e consequentemente uma melhor exploração do sector.

Quais são os grandes pontos turísticos do município?

Temos muitos pontos turísticos, com destaque para a Ilha do Kuilo-Ombala de Chiteva, a Catarata Ulumba, assim como as zonas de Mbangombali, Ombia Yasuku e das Pedras de Kaniñgili. A estas juntam-se as Pedras de Munda Humbi, de Chimbando (situada na ombala de Kelinha) e as Quedas do Rio Hungula, na região Nazar Nguenje.

PERFIL

Nome: Domingos Pascoal Kalei

NATURALIDADE: Aldeia de Kavili (município do Mungo)

DATA DE NASCIMENTO: 14 de Abril de 1971.

FORMAÇÃO ACADÉMICA: Licenciaturas em Sociologia e Direito.

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