Política

“Angola saberá negociar de igual para igual”

César Esteves

Jornalista

O cientista político angolano Osvaldo Isata antevê, para a Cimeira África-França sobre o financiamento das economias africanas, a decorrer hoje, em Paris, um quadro em que Angola saberá negociar, de igual para igual, com o país anfitrião, as matérias seleccionadas para o encontro.

18/05/2021  Última atualização 07H36
Paris acolhe hoje cimeira de líderes africanos e europeus © Fotografia por: DR
 Osvaldo Isata referiu que, dada a sua experiência política, económica e militar, o país não terá dificuldades em debater com a França. Numa análise estratégica e geopolítica, disse, Angola é detentor de recursos estratégicos que interessam ao mundo. Aliado a isto, o académico ressaltou estar ainda em causa o facto de Angola ser um Estado cuja articulação da política externa está sempre direccionada para o respeito da soberania internacional, paz e pacificação política no continente e no mundo. "Angola é um Estado com muitas experiências nas lides diplomáticas. Estou em crer que saberá, como sempre, posicionar-se”, vaticinou.


Entretanto, Osvaldo Isata salienta que a Cimeira África-França representa para o continente africano uma grande oportunidade para o estreitamento das preocupações Político-diplomático, sobretudo agora que a teia da globalização aparece como um vasto campo de partilha de interesses e acções estratégicas.
O evento, acrescentou, vai permitir aos Estados africanos, sobretudo a Angola, fazer um "check-and-balance" no que concerne à estratégia de cooperação entre os Estados africanos e o Francês. "Aqui, não se pode esquecer a importância e a dimensão do Presidente João Lourenço, cujo país continua firme em relação aos desafios de combater a corrupção, o nepotismo e outros males que, durante muito tempo, reinaram no país”, disse.


Esta cimeira, prosseguiu, vai gerar, "sem sombra de dúvidas”, uma cadeia de oportunidades para um reaver das agendas de preocupações e cooperação.
O académico alerta para a necessidade de África deixar de ser um continente apenas fornecedor de matéria-prima. "Precisamos de uma nova atitude, com o objectivo de reforçar as nossas posições políticas, económicas e diplomáticas perante o mundo”, salientou.
Osvaldo Isata ressaltou que o actual sistema internacional apresenta-se como grande oportunidade, uma vez que a diplomacia global está a sofrer novas metamorfoses.

Dívidas dos países africanos
O académico espera que seja discutido, com urgência, nesta cimeira, a dívida dos países africanos, tendo em conta o surgimento da pandemia da Covid-19, que, sublinhou, poderá colocar um "xeque-mate” aos moldes de pagamento. "Não podemos ter outras grandes ilusões senão, mesmo, a de ver tratada, nesta cimeira, o reforço das estratégias de combate à Covid-19", alertou.

Enquanto Estado próximo ao continente africano, Osvaldo Isata acredita que a França saberá facilitar os caminhos juntos dos seus parceiros, a fim de articular políticas viáveis, como as de concessão de ajudas técnicas  e financeiras, para os países africanos.
Embora a questão sobre os conflitos e segurança no continente não façam parte dos temas a serem debatidos na cimeira pelo menos não consta na agenda oficial do evento – João Lourenço chega a esta cimeira com um saldo positivo em relação à mediação de conflitos na região. Na qualidade de presidente da Conferência Internacional para a Região dos Grandes Lagos (CIRGL) conseguiu levar a oposição Centro-africana a abandonar a via da guerra, para participar na materialização de um processo sério de desarmamento, desmobilização, reinserção e reintegração.

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