Economia

Aposta na refinação de ouro maximiza receitas do sector

Hélder Jeremias

Jornalista

O secretário de Estado para os Recursos Minerais, Jânio Correia Victor, disse, ontem, em Luanda, que os excelentes níveis de produção de ouro registados nas províncias de Cabinda, Huíla e Huambo e a conclusão em breve da Refinaria de Ouro de Luanda são pressupostos para que, nos próximos meses, o sector passe a ter um peso mais expressivo na arrecadação de receitas para o Orçamento Geral do Estado.

16/04/2024  Última atualização 08H45
Jânio Correia Victor representou o ministro Diamantino Azevedo na abertura das Jornadas © Fotografia por: Vigas da Purificação| Edições Novembro
O responsável teceu estas considerações aos jornalistas, à margem da cerimónia que marcou a abertura das Jornadas Técnicas e Científicas do Dia do Trabalhador Mineiro, sob o lema: "Evolução e Perspectivas da Actividade Mineira em Angola”, dando conta de que os técnicos trabalham nos detalhe finais para que o empreendimento entre para a fase experimental o mais breve possível.

 Localizada no município de Viana, a refinaria  foi erguida aos auspícios da Empresa Nacional de Diamantes (ENDIAMA), através da Geoangol Geologia e Sondagens, no quadro de um plano criação e desenvolvimento da indústria joalheira, com vista a maximizar as receitas da comercialização de ouro e diamantes, tendo, para o efeito sido enviados 23 técnicos para formação no exterior do país, em Portugal.

No ano em curso, sublinhou, o sector tem como principais  desafios o incremento da produção de pedras raras, metais preciosos, consolidar o processamento de rochas ornamentais, racionalização de minerais não metálicos, tais como ferro, fosfatos, potássio e calcário dolomítico, elevar a produção de metais ferrosos, incremento da lapidação de diamantes e melhoria do conhecimento geológico.

De acordo com Jânio Correia Victor, apesar de Angola ainda não ser considerada um grande produtor de ouro, apresenta ocorrência que permitem aferir um potencial para que, no futuro, possa competir com os países vizinhos com semelhanças geológicas, entre os quais a África do Sul, o Zimbabwe, além do Brasil, que num passado remoto esteve ligado ao continente africano.

"Os dados históricos e levantamentos do Plano Nacional de Geologia (PLANAGEO) revelam que o nosso país tem um grande potencial de produção de ouro que nos levaram a fazer apostas significativas em termos de investimento”, informou.

O incentivo de novos  investidores nacionais e estrangeiros, em particular as multinacionais, avançou o secretário de Estado, continua a ser uma das apostas do executivo no sentido de tirar proveito dos recursos em prol do desenvolvimento económico e social, sendo o ouro uma das matérias - primas com grande valor no mercado internacional.

"O ouro é a matéria-prima que sustenta moedas, ao mesmo tempo que é  dos metais mais aplicados na indústria de jóias, daí que a Endiama, por intermédio da Geoangol Geologia e Sondagens,  foi encarregue de construir a primeira refinaria de ouro cujo arranque está para breve, o que significa que o nosso ouro será refinado cá no nosso país e deixaremos de ser meros produtores e exportadores de matéria -prima bruta”, sustentou.

Quanto à produção de diamantes, Jânio Correia Victor reiterou que "as perspectivas são boas, sobretudo, depois da inauguração  da nova mina do Luele, localizada na Lunda-Sul, cuja produtividade deixa antever que, pela primeira vez, Angola atinja uma produção anual acima dos 10 milhões de quilates”.

O secretário de Estado reiterou a importância da elaboração de mapas e actualização de inventários de recursos minerais existentes, assim como a contínua promoção de boas práticas de governação, como o rigor e a transparência na concessão de direitos mineiros

As jornadas do Trabalhador Mineiro contemplam uma série de actividades e decorrerão até ao 27 desse mês, passando por várias províncias com actividade mineira.

Exploração de diamantes nos oceanos

O presidente do Conselho de Administração da Empresa Nacional de Diamantes (ENDIAMA), José Manuel Augusto Ganga Júnior, revelou, ontem, em Luanda, a existência de um estudo de viabilidade com vista à exploração de diamantes e outros recursos minerais de grande valor existentes no território marítimo nacional.

Ganga Júnior respondia ao Jornal de Angola sobre o funcionamento das centrais de escolha e o facto de Angola ainda não fazer exploração diamantífera no oceano, quando os países vizinhos da Namíbia e da África do sul  encontram-se muito avançados neste domínio.

O dirigente fez parte da mesa-redonda com o tema "História Sobre a Liderança no Sector Mineiro”, que marcou a sessão de abertura das Jornadas  Técnicas e Científicas do "Dia do Trabalhador Mineiro”.

O encontro foi realizado no auditório "Albina Assis” do Ministério dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás.

Na ocasião, partilhou o seu historial numa sessão com o PCA do Sodiam, Eugénio Bravo da Rosa, o  bastonário da Ordem dos Engenheiros, Paulino Neto, PCA da Agência Nacional dos Recursos Minerais (ANRM) Jacinto Rocha, entre outros.

"Já existe um trabalho a ser feito no sentido de virmos a explorar diamantes e outros recursos minerais valiosos no oceano, porque o nosso mar contém estes preciosos recursos que devem ser aproveitados para potenciar a nossa economia. É tudo uma questão de tempo para que os projectos sejam materializados”, frisou.

Sintéticos desestabilizam

Questionado sobre  o impacto da proliferação dos diamantes sintéticos no mercado internacional, Nganga Júnior reconheceu que se trata de uma realidade que preocupa os produtores de diamantes de gema, uma vez que os preços podem ser afectados, mas sublinha que "é necessário que fazemos bem o nosso trabalho” uma vez que a preferência dos compradores sempre será a qualidade.

Ao terminar, o PCA da Endiama informou que, pelo facto das empresas actualmente também se dedicarem à produção, está em curso a tramitação do processo com vista à criação de uma empresa subsidiária vocacionada para a comercialização de diamantes nos principais mercados, devendo criar escritórios em praças como Dubai e Tel Aviv.

"A Endiama deixou de se limitar a participações e passou a ser uma empresa produtora, o que nos obriga a ter uma estrutura própria para tratar da comercialização. Nesta conformidade, o ministério está a trabalhar nos procedimentos e estamos certos de que a empresa estará presente nas principais praças”, garantiu.

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