Economia

Banco Mundial: Economia angolana cresce 2,8% este ano

A economia angolana cresce de 0,8 por cento em 2023, para 2,8 este ano, sendo a quarta maior aceleração do Produto Interno Bruto (PIB) da África Subsaariana em 2024, de acordo com as previsões do Banco Mundial (BM) apresentadas, ontem, em Washington.

09/04/2024  Última atualização 09H31
Desempenho da economia nacional, em 2024, é impulsionado pelo secto não petrolífero © Fotografia por: DR

O relatório "Pulsar África”, divulgado em vésperas dos Encontros de Primavera do BM e do Fundo Monetário Internacional (FMI), de 15 a 20 deste mês, na capital norte-americana, atribui o desempenho da economia angolana, este ano, à evolução do sector não petrolífero, que compensa a quebra de 2,5 por cento da produção de crude.

"Em Angola, o crescimento deverá acelerar de 0,8 por cento em 2023 para 2,8 este ano, com a actividade económica a ser principalmente alicerçada no sector não petrolífero, ao passo que a produção de petróleo deverá cair para 2,5 por cento em 2024 devido à falta de investimentos e à maturação dos poços”, lê-se no relatório divulgado com o título "Combater a desigualdade para revitalizar o crescimento e reduzir a pobreza em África”.

O gabinete do economista-chefe para África, Andrew Dabalen, antecipa que "as pressões inflacionistas deverão manter-se em 2024, ainda que se devam reduzir e no final do ano", insistindo em que Angola regista uma recuperação de dois pontos percentuais, atrás do Níger (5,7 pp), Senegal (3,4 pp) e São Tomé e Príncipe, que aumenta o crescimento deste ano em 2,9 pontos percentuais face a 2023.

O relatório do BM sobre a África subsaariana aponta para um enfraquecimento generalizado das moedas nacionais no ano passado, com Angola, Malawi e Sudão do Sul a serem os países em que a moeda nacional teve o pior desempenho, numa lista liderada pela Nigéria, cuja Naira desvalorizou 50 por cento face ao dólar em 2023.

"O enfraquecimento da naira seguiu-se à progressiva liberalização da taxa de câmbio desde Junho”, aponta-se no relatório, no qual se explica que "em Angola, a decisão do banco central de deixar de defender a moeda num contexto de preços e produção do petróleo baixos e aumento dos pagamentos da dívida contribui para a depreciação do ano passado”, quando o kwanza desvalorizou cerca de 60 por cento.


Consumo privado estimula a recuperação no continente

No total da região, o BM prevê que as economias da África subsaariana recuperem para 3,4 este ano e 3,8 por cento em 2025, impulsionadas pelo consumo privado, num contexto de falta de liquidez dos Governos da região.

"Depois de bater no fundo em 2023, com um crescimento de 2,6 por cento, o crescimento económico na África subsaariana deverá chegar aos 3,4 este ano e 3,8 por cento em 2025, com a recuperação assente principalmente no aumento do consumo privado, que beneficia da queda da inflação, impulsionando o poder de compra das famílias”, afirmou.

No relatório, o gabinete do economista-chefe para África no BM manifesta-se preocupado com os níveis de elevada dívida pública nos países da região, que dificulta o investimento em sectores essenciais para relançar o desenvolvimento económico.

Apesar de o rácio da dívida sobre o PIB dever cair de 61% em 2023 para 57% este ano, o mais preocupante é que mesmo esta redução não chega para aliviar as contas públicas das economias da região, com metade dos países africanos "a terem problemas de liquidez externa, a enfrentarem fardos insustentáveis de dívida ou estando activamente à procura de reestruturar as suas dívidas".

Os pagamentos de dívida pública dispararam na região devido à exposição ao financiamento comercial a empréstimos de Governos que não pertencem ao Clube de Paris, o credor tradicional dos países africanos, mas que perdeu importância face ao envolvimento da China na vida financeira em África.

"O financiamento externo está mais caro do que estava antes da pandemia, apesar de as taxas de juro terem caído gradualmente face ao pico atingido em Maio de 2023”, lê-se no relatório, que exemplifica que os novos Eurobonds (dívida comercial em moeda estrangeira) emitidos pelo Quénia em Fevereiro comportam uma taxa de juro anual de 9,75 por cento, face aos 6,87 exigidos anualmente pelos investidores num financiamento que termina este ano.

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