A campanha deve-se ao facto de, nos últimos tempos, registarem-se focos de lixo nas ruas primárias e secundárias, paragens de táxi, mercados, passadeiras e bairros.

Em declarações à imprensa, o secretário provincial executivo do CNJ, Alberto Badúna "Dala”, disse que foram mobilizados perto de cinco mil jovens, nos nove municípios da capital, para dar resposta ao apelo do Governo Provincial de Luanda, devido à rescisão de contratos com as operadoras que faziam a recolha do lixo.
De acordo com o líder juvenil, a juventude, enquanto força motriz da nação, não pode ficar indiferente e, em caso de necessidade extrema, deve apoiar as instituições governamentais.

O subcomissário Gabriel Capusso, comandante municipal de Viana da Polícia Nacional, disse ao Jornal de Angola que foram mobilizados 250 efectivos, para desactivar os focos de lixo na linha férrea, junto à estação de com-
boio, localizada no bairro da Estalagem.
Rui Duarte, administrador do distrito urbano da Ingombota, apontou a zona da Kinanga entre as mais críticas, razão pela qual foram mobilizados, aproximadamente, 500 munícipes para a campanha de recolha de lixo. No distrito do Hoji-ya-Henda, segundo a administradora Branca Ferreira, foram preparados 60 carros de mão, 80 vassouras, 30 pás e 20 enxadas.

Para o administrador municipal do Cazenga, Tomás Bica, "mais vale pegar na vassoura para varrer o lixo do que andar de gravata por cima dele”. Acrescentou que, para a campanha, foram mobilizados mais de 500 munícipes. O administrador do município de Viana, Fernando Manuel, explicou que foram mobilizados homens e má-quinas, para a recolha do lixo. Quanto ao mau estado das pedonais no município, prometeu diligências para garantir travessia segura aos munícipes.
Quem também mobilizou 500 cidadãos  é a Ascofa (Associação de ex-militares), segundo o seu presidente, Caetano Marcolino. "Os ex-militares constituem uma força activa à disposição do Estado angolano, para apoiar em acções destinadas a assegurar o bem-estar da população”, sublinhou.

Francisco Cipriano, de 65 anos, ex-militar, aplaudiu a iniciativa do Governo Provincial de Luanda, pois a quantidade de resíduos sólidos espalhados pela cidade estava a preocupar a população. O activista social Panzo Coutinho disse que aderiu à campanha porque tem visto a sua rua com grandes montes de lixo, que afectam a saúde, principalmente das crianças.

Apelou aos moradores no sentido de depositarem os sacos de lixo nos contentores e não no chão. Gregório Viola, morador do distrito da Samba, disse que a juventude da sua zona aceitou o apelo da governadora, mas acha injusto o cidadão que paga taxa de lixo ter que ser solicitado a recolhê-lo.  A campanha de limpeza, que teve início na Nova Marginal de Luanda, passando pela Administração Comunal da Kinanga, contou com a presença da governadora Joana Lina, que se deslocou, também, aos municípios de Cacuaco, Cazenga , Viana, Kilamba Kiaxi e Belas.
A governante agradeceu a pronta resposta de várias instituições que aderiram à campanha nos nove municípios da capital, com destaque para o Conselho Nacional da Juventude, igrejas, Polícia Nacional, administrações municipais, Ascofa e Caminhos-de-Ferro de Luanda (CFL).


Centralidade do Kilamba

Na Centralidade do Kilamba, a campanha de limpeza e recolha de resíduos sólidos contou com a participação de efectivos do Serviço de Protecção Civil e Bombeiros (SPCB), da Polícia Nacional, da Repartição da Saúde do município de Belas e moradores.
 "Logo às primeiras horas da manhã, ouvimos o apelo dos efectivos do Serviço de Protecção Civil e Bombeiros e eu e mais alguns vizinhos decidimos juntar-nos à causa”, disse um dos moradores.
Munidos de carros de mão, pás, catanas, vassouras, enxadas e outros utensílios, juntaram-se, também, à campanha, um grupo de membros da Associação de Jovens Honestos Unidos que, com os seus meios motorizados, vulgo kupapatas, faziam a recolha dos amontoados de lixo.

  Dívida com as operadoras acima de 240 mil milhões de kwanzas

De recordar que no último sábado a governadora explicou que o Governo Provincial contraiu uma dívida acima dos 246 mil milhões de kwanzas com as operadoras de recolha de lixo.
"O Governo de Luanda vai lançar novos concursos públicos para a concessão do serviço público de limpeza, depois de suspender contratos com as operadoras de recolha de lixo, por dívida de 246 mil milhões de kwanzas”, sublinhou.   
Joana Lina fez estas declarações na abertura da primeira sessão do Conselho de Auscultação da Comunidade, onde foi apresentada a Estratégia de Implementação do Modelo de Gestão de Resíduos Sólidos em Luanda. 

A governadora explicou que o Governo Provincial está a cumprir com todos os procedimentos legais para o lançamento de concursos públicos, com base num modelo aprovado, em Dezembro de 2018, pela Comissão Económica do Conselho de Ministros.
A responsável suspendeu, em finais de Dezembro do ano passado, contratos com seis operadoras de limpeza e recolha de resíduos em Luanda, sobretudo por incapacidade de liquidar a dívida em kwanzas, indexada ao dólar.

André Sibi, Kátia Ramos e  Manuela Gomes