Opinião

Casos de violência sexual e diálogo familiar

Os casos de violência sexual, sobretudo envolvendo menores, embora tenham diminuído em 2022, cujos números envolveram 2700 queixas, para 1300, no ano findo, continuam a representar um desafio gigantesco para todos os angolanos.

02/02/2024  Última atualização 06H10
É um problema de todos, na medida em que acaba, sempre, por afectar directa ou indirectamente toda a sociedade, porque acima de tudo se trata de um cidadão ou cidadã que, em muitos casos, acabará vivendo sem nunca ultrapassar os traumas vividos, com todas as consequências não só pessoais, mas também sociais. E sobre aquelas últimas considerações, não há dúvidas de que essa experiência traumática acaba por impactar negativamente em todo o processo de socialização do ser violentado, ao ponto de condicionar as relações na escola com o professor e colegas, na família, comunidade e inclusive na interacção com as instituições públicas e privadas.

É verdade que sem um estudo ou levantamento sobre o verdadeiro impacto para a sociedade angolana dos casos consumados e as tentativas de violência sexual, fica-nos difícil de aferir, com precisão, os números e consequências de curto, médio e longo prazos, mas não há dúvidas de que os efeitos são colossais.

Precisamos todos de reflectir muito seriamente sobre o que se está a passar na nossa sociedade, quando se trata da violência sexual contra menores, não raras vezes, envolvendo os próprios membros da família e outros mais próximos.

Se, por um lado, é preciso divulgar, cada vez mais, a legislação que penaliza os agressores, como defendem alguns sectores, por outro, iniciativas que incentivem uma aprendizagem sobre as questões que envolvem a sexualidade, direitos dos menores, preparação destes quando confrontados com situações que atentem contra a sua integridade física, entre outros, podem ser determinantes.

As famílias precisam de preparar melhor os menores sobre as matérias que envolvam a sexualidade, conversar com alguma abertura com os adolescentes e jovens para que estes não aprendam através de canais e meios errados, com as pessoas não indicadas e pelas piores formas.

Atendendo à tendência dos números e ao facto de maior parte dos casos ocorrerem no seio familiar e nas relações de proximidade, importa que os membros da família redobrem a atenção e vigilância para inverter o presente quadro. É preciso que as famílias dialoguem mais sobre a sexualidade,   porque a eventual transformação do tema em "assunto tabu” ajuda menos  na orientação das crianças, adolescentes, jovens e dificulta inclusive que a vigilância se efective, mesmo a partir do agregado e proximidade.

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