Economia

Negócios da Bolsa voltam a disparar

O volume de negócios da Bolsa de Dívida e Valores de Angola (BODIVA) registou um crescimento homólogo de 45,51 por cento no primeiro trimestre, disparando de 143,20 mil milhões de kwanzas de Janeiro a Março do ano passado, para 208,37 mil milhões este ano.

03/05/2019  Última atualização 08H05
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Estes números foram anunciados ontem em Luanda pelo presidente da Comissão Executiva da BODIVA, Patrício Vilar, numa conferência de imprensa destinada a apresentar o balanço trimestral dos mercados e o Relatório e Contas de 2018.
Nos primeiros três meses do ano, foram realizados 1 145 negócios, mais 190,61 por cento que no mesmo período do ano passado, quando ocorreram 394, de acordo com Patrício Vilar, que também apontou para apenas cem negócios interbancários (46 em Março, 30 em Janeiro e 14 em Fevereiro).
Os dados indicam que 85,37 por cento do total negociado de Janeiro a Março era constituído por títulos de maturidade inferior a três anos e 73,47 eram Obrigações do Tesouro Indexadas ao dólar, menos 9,7 por cento que no período homólogo.
As Obrigações do Tesouro Não-Reajustáveis representaram 11,81 por cento e os Bilhetes do Tesouro 11,72, com os bancos de Fomento Angola (BFA), Standard Bank (SBA) e Angolano de Investimentos (BAI) a negociarem 82,90 por cento do total.
Em Março, a BODIVA atribuiu ao BFA, com 45,24 por cento do mercado, a categoria de Membro de Negociação do Ano, reconhecendo ao Standard Bank Angola a Melhor Emissão do Ano.

Avanço dos lucros

Em 2018, o volume de negócios com a intermediação financeira ascendeu a 1033 milhões de kwanzas, mais 84,77 por cento que em 2017, com os lucros da BODIVA a avançarem 56,7 por cento, para 916,8 milhões de kwanzas, de acordo com dados do relatório de contas.
Os mercados geridos pela BODIVA negociaram cerca de 795 mil milhões de kwanzas (mais 51,4 por cento que em 2017), o que representa uma média mensal de negociação de 66,2 mil milhões de kwanzas.
No final de 2018, o montante de títulos sob custódia constituía um património de 2,058 biliões de kwanzas, foram abertas 3 539 contas de registo individualizado e captados dois novos membros (Banco Yetu e Banco Comercial Angolano), elevando-os para 18.
Naquele período, 11 bancos contribuíram para o montante negociado, com Patrício Vilar a voltar a destacar o BFA, SBA e BAI.
Dezembro foi assinalado, no mercado bolsista angolano, pela admissão à negociação das Obrigações Corporativas do Standard Bank Angola, uma operação que contribuiu com 4,7 mil milhões de kwanzas para o total do montante em custódia.

Empresas na bolsa

Patrício Vilar revelou que cinco empresas apresentaram a intenção de integrar na Bolsa de Valores para adoptar processos de privatização. “O advento das privatizações atrairá um volume de capital estrangeiro que vai permitir às empresas privadas se juntarem à montra para poder arrecadar investimento estrangeiro”, prevê o responsável.
Na sua opinião, a entrada dessas instituições vai obrigar ao cumprimento das regras de “compliance”, que consistem na transparência e melhores práticas como um dos principais requisitos necessários para admissão das empresas na Bolsa.
“Nos últimos dois anos, registamos um volume crescente de empresas que se financiam através da Bolsa, ou seja, têm os títulos que lhe são entregues como pagamento dos atrasados do Estado”, acentuou. Para o presidente da BODIVA, as privatizações vão ajudar à abertura do mercado de acções e garantir de forma significativa o processo de massificação do financiamento das empresas.