Política

Executivo quer família e igreja a liderar o resgate de valores

O Executivo defende a mobilização conjunta de instituições como a família, a escola e a igreja no resgate de valores morais.

18/09/2019  Última atualização 07H58
Arão Martins | Edições Novembro | Chibia © Fotografia por: Ministra de Estado para os Assuntos Sociais, Carolina Cerqueira afirmou que o sonho de António Agostinho Neto mantém-se actual

A ministra de Estado para os Assuntos Sociais, Carolina Cerqueira, que falava no acto central nacional do Dia do Herói Nacional celebrado ontem sob o lema “Unidade no resgate dos valores da pátria” no município da Chibia (Huíla), considerou que estas instituições devem assumir um papel de liderança e de encaminhamento de crianças e jovens na direcção certa.

Carolina Cerqueira apelou às comunidades a cumprirem com o seu papel no sentido do resgate dos valores positivos da tradição e dos bons costumes, sem esquecer o papel que as autoridades tradicionais devem desempenhar.
A ministra defendeu acções para o resgate de valores morais, para a preservação “do sentimento de nobreza e de grandeza de princípios que devem nortear a acção de todos no dia-a-dia.”
Carolina Cerqueira disse que muitos dos cidadãos estão acostumados a práticas contrárias aos princípios morais e valores defendidos na sociedade. “Um pouco por todo país há registos de atentados à dignidade humana e outras práticas contrárias à moral e à lei que põem em causa o bem-estar das pessoas e a contribuição que cada um de nós deve prestar ao desenvolvimento do país”, disse.
A ministra de Estado referiu que a criminalidade, o desejo constante de contornar a lei, a prática da “gasosa”, a corrupção, o vandalismo e o desrespeito aos mais velhos e aos mais vulneráveis são algumas dessas práticas que, segundo Carolina Cerqueira, infelizmente tornam-se comuns na sociedade.
Carolina Cerqueira disse que é possível recordar Agostinho Neto quando se fala do resgate de valores morais e da tradição angolana. Carolina Cerqueira salientou que, “ao falar de patriotismo, se olharmos para a poesia de Agostinho Neto, percebemos que a pátria se deve situar no mesmo lugar em que se encontra a pátria angolana, nossa pátria, nossa mãe.”
A ministra de Estado referiu que “o patriotismo é um sentimento nobre que deve ser inculcado em cada um a partir da tenra idade e que, depois, deve ser intensificado na adolescência e na juventude, para fazer desabrochar em cada um práticas e comportamentos que estejam de acordo com aquilo que a pátria espera de cada um.”
A ministra de Estado indicou que a escola possui o papel decisivo no processo de resgate de valores morais, devendo iniciar a acção patriótica desde a primeira classe.
“O patriotismo indica amor, orgulho e devoção ao ente aparentemente abstracto, mas que deve estar presente no sentir, no pulsar e no vibrar de cada um quando ouve o nome de Angola ou se depara com qualquer um dos símbolos que representa a sua pátria”, disse.

Momento de desafios
O actual momento em que o país vive é de imensos desafios, segundo a ministra de Estado, acrescentando que é preciso recordar as palavras de Agostinho Neto quando disse que “o mais importante é resolver os problemas do povo.”
Diante de milhares de populares, Carolina Cerqueira referiu que o sonho do saudoso Presidente Dr. António Agostinho Neto mantém-se ainda actual.
“Continuamos a ter problemas em domínios delicados como os da Saúde e da Educação, que fazem com que tenhamos de reconhecer a necessidade da melhoria desses serviços, para que possamos progredir em termos de desenvolvimento humano e de inclusão social”, disse.
A responsável indicou que o Serviço Nacional de Saúde e as escolas públicas têm de passar a ser mais inclusivas, contribuindo para o bem-estar do cidadão sem qualquer tipo de excepção.
“Temos ainda um elevado índice de pobreza urbana e rural que precisamos de combater com o concurso de todos, incluindo o sector empresarial, para que possamos tornar realidade as palavras de Agostinho Neto reflectidas na sua poesia”, referiu a ministra.
Carolina Cerqueira salientou que é preciso reforçar o combate à pobreza e a luta contra as várias formas de exclusão social. Acrescentou que a aposta no desenvolvimento tem de passar necessariamente pela melhoria da qualidade de vida das pessoas e por uma cada vez melhor aposta no cidadão angolano.
A ministra de Estado reconheceu que a aposta no cidadão angolano passa necessariamente pela adopção de políticas públicas tendentes a uma cada vez mais justa e mais equitativa distribuição da riqueza nacional. Carolina Cerqueira indicou que o Plano de Desenvolvimento Nacional (PDN) e do Programa Integrado de Intervenção nos Municípios (PIIM) têm acções que podem ajudar a melhorar a vida dos cidadãos.
“Pretendemos caminhar na direcção do combate às assimetrias para garantir uma justa distribuição de riqueza e do aumento da inclusão social de todos angolanos”, garantiu.

Combate à pobreza
A ministra de Estado para os Assuntos Sociais reconheceu que resolver os problemas do povo é também combater a pobreza com uma visão de auto-sustentabilidade das pessoas e das famílias.
“Temos de garantir uma inclusão das famílias angolanas, ajudando-as a adquirir conhecimentos técnicos e profissionais que garantam a sua auto-sustentabilidade e contribuam efectivamente para o crescimento socioeconómico e o combate à pobreza”, disse.
A governante afirmou que investir na agricultura implica pensar numa série de serviços, com particular destaque para os serviços de transformação e de escoamento de produtos para os centros urbanos.

Potencial da Huíla
A ministra de Estado para os Assuntos Sociais reconheceu que a província da Huíla tem um grande potencial agro-industrial, sendo, por isso, um bom local para apostar no desenvolvimento integrado e sustentável.
Uma outra área vital, indicada pela ministra, é a habitação. Segundo a ministra de Estado, não se deve esperar que seja o Estado a construir casas para todos. Carolina Cerqueira acrescentou que a aposta na autoconstrução dirigida pode ser uma boa solução, mas, para isso, é preciso investir na indústria dos materiais de construção e facilitar o acesso à terra, particularmente às pessoas mais pobres.
A ministra de Estado garantiu que o Executivo vai continuar a utilizar todos os recursos disponíveis para vencer a batalha contra o desemprego, o analfabetismo, a doença e a pobreza e outras dificuldades e problemas sociais que ainda afectam as populações numa acção conjunta entre o Estado e o sector privado.

Bem-estar passa pelo crescimento económico

O crescimento económico e o desenvolvimento humano, indicou a ministra de Estado, são condições indispensáveis para uma sociedade com bem-estar em que a educação e a formação são as prioridades, considerou a ministra de Estado.
“Ficamos particularmente satisfeitos com as visitas e as inaugurações que realizamos na província da Huíla, particularmente com a inauguração, na cidade do Lubango, de 12 salas de aula e de laboratórios no Instituto Superior Politécnico da Huíla, onde estudam dois mil alunos provenientes de todo país, que adquirem conhecimentos em áreas como Engenharias, Ciências Agrárias, Química e Física”, referiu Carolina Cerqueira. Indicou ainda o Complexo Escolar da Machiqueira, onde estudam milhares de crianças, inaugurado igualmente ontem, que vai agregar valores à rede de educação da província, proporcionando às crianças huilanas condições condignas e áreas de lazer modernas.
A ministra de Estado destacou também a inauguração de dois troços de estradas que vão melhorar o trânsito e facilitar a mobilidade e o bem-estar das populações. Acrescentou que a estas a inauguração das 10 salas de aula da escola Comandante Gika, que passa de 5 para 15 salas de aula na Chibia, obra que resulta da execução do Plano de Desenvolvimento Nacional. Carolina Cerqueira afirmou que um dos problemas que têm afligido a população é a seca que atinge várias províncias do Sul do país, nomeadamente Cunene, Cuando Cubango e zonas da província do Namibe e da Huíla.
“Como se sabe, temos nesta região uma área árida, onde existe grande escassez de água que põem em risco a vida humana, animal e a flora, onde, para fazer face à esta calamidade, está em curso um vasto programa de iniciativa presidencial, através de acções de emergência, para combater os efeitos nefastos desta calamidade natural, com a distribuição de alimentos, vestuários, medicamentos e outros bens, num amplo esforço nacional”, reconheceu. A ministra de Estado agradeceu aos cidadãos de boa fé, organizações da sociedade civil e empresas pelo apoio prestado às populações vítimas da seca, e reiterou o apelo no sentido de continuar a prestar o apoio às populações do Sul do país que são vítimas desta calamidade.