Em entrevista ao Jornal de Angola, a Subcomissária Teresa Márcia, 2ª Comandante Provincial de Luanda do Serviço de Protecção Civil e Bombeiros (SPCB), que atende a área Operativa, falou sobre a operacionalidade e a actuação deste órgão do Ministério do Interior responsável pela salvaguarda da vida dos cidadãos e seus bens patrimoniais.E como não podia deixar de ser, falou do seu sonho antigo e concretizado de ser bombeira e dos desafios que as mulheres enfrentam nessa nobre profissão
A ministra das Finanças chefiou uma delegação angolana que participou, desde segunda-feira passada até domingo, em Washington, nas reuniões de Primeira do Banco Mundial e Fundo Monetário Internacional (FMI). Em entrevista à Rádio Nacional e ao Jornal de Angola, Vera Daves de Sousa fez um balanço positivo das reuniões – oitenta, no total –, sendo que, numa delas, desafiou a Cooperação Financeira Internacional (IFC) a ser mais agressiva e ousada na sua actuação no mercado angolano. O vice-presidente da IFC respondeu prontamente ao desafio, dizendo que até está a contar ter um representante somente focado em Angola e não mais a partilhar atenção com outros países vizinhos na condução local do escritório do IFC. Siga a entrevista.
Até ao ano passado, a pneumonia causou a morte de 2,5 milhões de pessoas no mundo, entre as quais 672 mil crianças menores de cinco anos, maioritariamente em países pobres, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). Em Angola, a situação não foge à regra. Porque, a doença constituí a terceira maior causa de mortalidade infantil e a segunda causa de atendimento nas urgências do Complexo Hospitalar de Doenças Cardio-Pulmonares Cardial Dom Alexandre do Nascimento. Para explicar mais sobre a doença e os efeitos nefastos à saúde, Francisca Quifica, médica pneumologista e directora clínica da unidade hospitalar já mencionada, falou em exclusivo ao Jornal de Angola
Antes de definir propriamente a pneumonia como tal, é possível explicar como está constituído o sistema respiratório?
Sim, o ser humano dispõe de um sistema respiratório constituído por fossas nasais, faringe (nasofaringe), laringe, traqueia, brônquios, bronquíolos, e uma porção respiratória que correspondem os pulmões, localizados na cavidade toráxica, sendo um direito e outro esquerdo, onde acorrem as trocas gasosas, ou seja, saída de dióxido de carbono e entrada de oxigénio, a nível dos alvéolos.
O
que vem a ser a pneumonia nesse processo todo?
Quando falamos em pneumonia, nos referimos a uma infecção ou inflamação aguda nos pulmões, provocada por micro-organismos (vírus, bactéria ou fungo), ou por inalação de produtos tóxicos que provocam reacção inflamatória.
Como
é feita a contaminação da pneumonia?
A doença pode ser adquirida por inalação de aerossóis, aspiração de secreções, por continuidade, e com factores associados a mudanças bruscas de temperatura ambiental. E de acordo com o acometimento dos pulmões, podemos estar diante de uma pneumonia leve, moderada ou grave.
Os agentes mais comuns são as bactérias e os vírus. E neste caso, as pneumonias virais ocorrem mais em crianças, comparando aos adultos, podendo existir sobreposição dos dois agentes, ou ainda inicialmente viral e posteriormente evoluir para bacteriana.
Quais
os sinais da doença?
Os
sinais e sintomas da pneumonia são tosse
seca, com expectoração(catarros), sendo este o sintoma mais frequente que leva
o doente ao médico, febre, dor torácica, sudorese, fadiga, mal-estar, fraqueza,
e confusão mental, que é mais frequente nos idosos acima dos 65 anos.
O diagnóstico e o tratamento da doença são feitos em função do agente causador?
Em relação ao diagnóstico, faz-se por meio de história clínica detalhada que consiste no interrogatório e exame físico completado com exame laboratorial e imagiológico. A partir do exame da expectoração, consegue-se identificar qual o agente causador da doença. Habitualmente, quando o doente chega no hospital, depois do primeiro contacto minucioso, iniciamos a medicação de forma empírica com antibióticos. Depois do isolamento do agente, é feito o tratamento dirigido.
Em
média, quanto tempo é necessário para se ter o diagnóstico definitivo?
Em média, o tratamento é feito durante 5 ou 7 dias, com antibioterapia, de acordo com as directrizes ou protocolo do tratamento da doença.
De
forma geral, qual é a realidade de Angola?
Actualmente, a nível das unidades hospitalares públicas, no qual este hospital se insere, a pneumonia é uma das principais patologias vistas nas urgências. A título de exemplo, cá na nossa unidade de saúde, a pneumonia é a segunda causa de atendimentos nas urgências, estando apenas atrás da hipertensão arterial.
Quanto ao tipo, temos as pneumonias adquiridadas na comunidade e as pneumonias adquiridas no meio hospitalar ou relacionadas aos cuidados de saúde.
Qual
a diferença entre essas duas últimas?
A pneumonia adquirida na comunidade tem a ver com aquele doente que chega ao hospital já com o quadro clínico sugestivo da doença, depois é confirmado com os exames complementares, quer radiológicos quer laboratoriais. No caso da pneumonia hospitalar, ela é adquirida por meios de cuidados sanitários. Há aqueles doentes que, internados por outra situação, após 72 horas no hospital, desenvolvem um quadro de pneumonia considerada estar associada aos cuidados de saúde, que podem estar relacionadas à ventilação invasiva.
O
tratamento para estes casos também tem sido com antibióticos usados nas
bacterianas e fúngicas?
Não. Porque, por serem adquiridas em ambientes hospitalares, tornam-se mais resistentes, por isso o tratamento é muito mais agressivo, usando-se fármacos de amplo espectro, em comparação com as de pneumonias adquridas na comnidade.
E no nosso país, há mais casos de pneumonia adquirida nos hospitais ou na comunidade?
Estatisticamente falando, há mais casos de pneumonia adquirida na comunidade, porque, nem todo doente internado contrai a Pneumonia Nasocomial
Quantos
pacientes com quadros de pneumonias, em média, são registados no Complexo
Hospitalar de Doenças Cardio-Pulmonares Cardeal Dom Alexandre do Nascimento?
Em média diária, nós registamos cerca de 10 a 12 doentes com pneumonia. Estes doentes são observados e devidamente medicados durante sete dias. Se não registarem melhorias, são orientados a regressar, e se faz uma maior investigação. Já os demais, se se sentirem melhor, recebem alta médica.
Qual
é capacidade de internamento no vosso hospital, no caso para a área de
Pneumologia?
No nosso hospital, o serviço de Pneumologia despõe de 30 leitos. Este número satisfaz, uma vez que é uma das primeiras unidades públicas com este serviço. Os nossos doentes vêm de várias partes do país. Temos a unidade equipada com equipamentos de alta complexidade que permite o diagnóstico em curto espaço de tempo e tratamento adquado, o que diminui consideravelmente o tempo de estadia dos doentes.
É
possível o diagnóstico de pneumonia ser confundido com outras doenças
respiratórias?
Raramente, porque os sintomas da pneumonia são muito aflorados, o paciente tem tosse, febre, dor torácica, dificuldade respiratória, e depois o diagnóstico é complementado com exames laboratoriais e de imagem. Importa realçar que o acomentimento dos pulmões por qualquer micro-roganismo estamos perante um quadro de pneumonia.
Uma
simples gripe pode evoluir para pneumonia?
Sim, e é frequente. A gripe é uma virose, e as viroses muitas vezes levam a quadros de imune-depressão e, mais tarde, desencadear em pneumonia, porque o doente pode iniciar com uma situação de pneumonia viral e, a posterior, se não for devidamente tratado, pode desencadear numa pneumonia bacteriana.
Quais
as piores complicações da pneumonia?
A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera a pneumonia como sendo uma das doenças mais letais que existem globalmente. E em Angola, segundo estatísticas, das 10 principais doenças que causa a mortalidade infantil, a pneumonia constitui a terceira maior causa de morte, estando atrás apenas da malária e das doenças diarreicas agudas.
A qualidade do ar (de acordo com Air Quality Index, 2022) coloca Angola na posição 102, num universo de 131. Como analisa isso, estamos bem?
A qualidade do ar é um factor fundamental para desencadear várias doenças respiratórias e contribuiu para a poluição do ar, a queima de combustíveis fósseis ou de biomassa, como madeira, veículos automotores, (como carros, motos, caminhões e aviões) a própria exposição de resídios sólidos a nível das vias públicas, tudo isso infecta o meio ambiente. E as vias respiratórias estão em contacto directo com o meio ambiente e, a partir daí, inalamos as partículas que entram pelas vias aéreas e depois podem chegar até aos álvéolos, comprometendo assim as trocas gasosas causando a doença.
O
que fazer, na prática, para se mudar este quadro?
Urge
a necessidade de trabalharmos de forma unida com as instituições de direito,
para se reduzir a poluição ambiental e atmosférica. Precisamos de reduzir a
combustão que existe e reduzir os resídios sólidos espalhados nas vias
públicas, porque todos nós respiramos este ar.
Há alguma explicação, até hoje, da inexistência de uma vacina preventiva contra o pneumococo?
Nós em Angola, temos inserida, no Calendário Nacional de Vacinação, a vacina Pneumo 13 que previne a pneumonia e é administrada aos latentes, aos dois, quatros e aos seis meses de vida. E, a nível da população adulta, existe sim a vacina anti-pneumococica, e a vacina anti influenza, sendo mais administrada a nível da europa. No nosso país temos Prevenar 13 e Pneumo 23.
Em tempos se falou sobre a resistência dos antibióticos para várias doenças. Como especialista, encontra a mesma situação na sua área?
Não, na nossa experiência os doentes com pneumonia adquirida na comunidade reagem muito bem aos antibióticos, feitas durante sete dias de tratamento. Não temos registada qualquer resistência aos antibióticos para combater a pneumonia.
A
pandemia da Covid-19, do ponto de vista de diagnóstico e tratamento, serviu
para algum aprendizado?
Com a Covid-19, todos nós aprendemos, desde os pneumologistas, ou qualquer outra especialidade. Mas vale dizer, que temos, actualmente, doentes que tiveram Covid-19, e hoje têm sequelas graves a nível dos pulmões como bronquectasias, e são seguidos em consultas pós Covid-19 pelos pneumologistas, porque vão continuar com esta situação até ao fim das suas vidas.
Os
medicamentos contra pneumonia não deviam ser subvencionados pelo Estado, qual é
a sua opinião como especialista?
Os medicamentos da pneumonia são dados gratuitamente nas unidades públicas e os doentes internados têm o tratamento totalmente gratuito. Ao terem alta hospitalar, levam o tratamento a custo zero, pelo menos aqui no nosso hospital sempre foi assim.
Que
actividades melhoram a condição dos nossos pulmões?
Para termos uma saúde respiratória boa, temos de estar num ambiente saudável, arejado, praticar desporto, com realce para a natação, lavar as mãos constantemente, evitar ficar em lugares bastante aglomerados, fechados, lugares muito frios porque as mudanças climáticas também podem provocar uma pneumonia, e acima de tudo, abster-se do uso de tabaco, fundamentalmente dessa moda que os jovens têm agora do uso da "chicha”.
Vale
dizer que a chicha é mais perigosa que o próprio cigarro em si. A chicha é
extremamente prejudicial aos pulmões. Estudos recentes afirmam que ela contém
elementos que em combustão vão desencadear uma resposta muito rápida no
organismo, causam mutação nas células e, em pouco tempo, pode causar um dos
piores tipos de cancro dos pulmões.
O cancro pulmonar em fase inicial pode ser reversível?
Sim, toda a patologia cancerígena tratada em fase inicial pode ser reversível, porque quando já se torna avançada, fica muito mais complicada e difícil de se tratar e, na maioria dos casos, a doença é descoberta já em fase avançada.
Quando
foi instituído o Dia Mundial da Pneumonia?
O Dia Mundial da Pneumonia, assinalado todos os anos em 12 de Novembro, foi estabelecido pela Iniciativa ‘Stop Pneumonia’, em 2009, mas foi em 2021 que a OMS oficializou a data para aumentar a conscientização sobre o número de óbitos pela doença, que é uma das principais causas de morte de crianças em todo o mundo, e para defender uma acção global para proteger, ajudar a prevenir e tratar eficazmente esta condição, da maior parte das vezes mortal.
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