Em entrevista ao Jornal de Angola, a Subcomissária Teresa Márcia, 2ª Comandante Provincial de Luanda do Serviço de Protecção Civil e Bombeiros (SPCB), que atende a área Operativa, falou sobre a operacionalidade e a actuação deste órgão do Ministério do Interior responsável pela salvaguarda da vida dos cidadãos e seus bens patrimoniais.E como não podia deixar de ser, falou do seu sonho antigo e concretizado de ser bombeira e dos desafios que as mulheres enfrentam nessa nobre profissão
A ministra das Finanças chefiou uma delegação angolana que participou, desde segunda-feira passada até domingo, em Washington, nas reuniões de Primeira do Banco Mundial e Fundo Monetário Internacional (FMI). Em entrevista à Rádio Nacional e ao Jornal de Angola, Vera Daves de Sousa fez um balanço positivo das reuniões – oitenta, no total –, sendo que, numa delas, desafiou a Cooperação Financeira Internacional (IFC) a ser mais agressiva e ousada na sua actuação no mercado angolano. O vice-presidente da IFC respondeu prontamente ao desafio, dizendo que até está a contar ter um representante somente focado em Angola e não mais a partilhar atenção com outros países vizinhos na condução local do escritório do IFC. Siga a entrevista.
O empresário Raul Mateus considera que a banca comercial deve adoptar medidas mais flexíveis, para a concessão de créditos de modo a proporcionar ao produtor nacional, apoios que contribuam para desenvolver o sector.
Que avaliação faz do sector do Comércio e Distribuição em Angola?
Não
é novidade para ninguém que a situação económica, com reflexos também para o sector da distribuição, como é
óbvio, está a ser muito difícil para
todos. O Estado perdeu receita. As empresas vivem o desafio de readaptarem-se à nova realidade. As
famílias e os cidadãos perderam poder de
compra e o resultado está na terrível diminuição do consumo. Comprando-se
menos, o volume de facturação das empresas reduziu drasticamente, afectando os resultados que,
muitas vezes, são insuficientes para
manter as Empresas saudáveis. Consequentemente, o Estado perde, igualmente, pois as receitas
fiscais são necessariamente afectadas.
A Associação de Empresas de Comércio e Distribuição Moderna de Angola (ECODIMA) tem uma grande tarefa no processo de desenvolvimento do país. Que acções concretas têm desenvolvido?
A ECODIMA, sendo uma associação de direito angolano, sem fins lucrativos, de carácter multissectorial e de âmbito nacional, sendo um parceiro social do Estado que corrobora para a satisfação das necessidades da população. Sabe-se que uma sociedade moderna e desenvolvida apoia-se em instituições públicas e privadas democraticamente eleitas. A ECODIMA tem como missão principal, representar, defender, promover e apoiar os seus associados, o sector que representa e a economia Angolana no geral, quer na plataforma de concertação e diálogo – Grupo Técnico Empresarial, onde é vice-coordenadora, bem como diante das demais entidades públicas e privadas, fornecendo inputs necessários para que tenhamos um ambiente de negócios favorável e que se elimine entraves/constrangimentos que emperram a nossa economia. Nestas arenas, a ECODIMA tem concretizado e se consubstanciando no principal elo entre a produção, quer industrial quer agrícola, e os consumidores, garantindo que haja disposição de produtos para o consumo e satisfação das necessidades colectivas.
A economia nacional enfrenta, actualmente muitos desafios. Que contributo a ECODIMA pode dar para se ultrapassar este momento?
Angola
enfrenta uma crise financeira que vai além da desvalorização do Kwanza. A dependência excessiva do
petróleo, limitações no acesso a
divisas, baixa diversificação da economia e problemas na política
fiscal, são factores que contribuem para
a crise estrutural. É do nosso entendimento que é fundamental implementar
medidas que promovam a diversificação
económica e consequentemente aumentem as
reservas internacionais e incentivem o investimento em infra-estruturas, com vista a superar os
desafios e alcançar um desenvolvimento
sustentável. Por outra, podemos realçar alguns aspectos que ao nosso entender poderão mitigar e contrapor tal cenário:
estabilização cambial; negociação da
dívida externa e pagamento da dívida interna; aumento da produção nacional
(Investimentos em infra-estrutura,
Incentivos fiscais, crédito subsidiado e fomento de sectores estratégicos); apoio financeiro à produção
(linhas de crédito com juros subsidiados,
fundos de investimentos sectárias, incentivos fiscais para investidores); alívio e simplificação
tributária (aumento da base tributária,
combate ao comércio não tributado); melhoria do ambiente de negócios e
previsibilidade cambial.
Como agente activo do sector do Comércio e Distribuição, hoje o mercado já é competitivo?
Angola
adoptou o sistema de economia de mercado, onde vigoram princípios e valores como propriedade
privada, livre iniciativa económica e
empresarial, livre acesso aos mercados e livre e sã concorrência. No nosso
mercado, há oferta superior à procura, não havendo escassez. Nestes casos o mercado se auto regula tendo
como mecanismo principal o preço. Já
vemos no nosso mercado, principalmente na distribuição alimentar, consumidores optarem por lugares
de compra em função do preço e da
qualidade dos preços. A nível dos associados da ECODIMA, as relações
competitivas são harmoniosas, pois
prevalece o espírito de cooperação e assenta na lógica de que há espaço para todos no mercado. Se
houver algum factor que distorça um
ambiente competitivo desejável, isto não se aplica no seio da ECODIMA. Devemos olhar para o mercado
informal e combater efectivamente a
informalidade. Estes sim concorrem deslealmente, não cumprem com as obrigações fiscais e
nalguns casos promovem o roubo massivo
nos estabelecimentos comerciais. Não
obstante a isto, num mercado ideal, os agentes económicos encontram-se,
igualmente, submetidos a condições e regras económicas. O quadro actual possibilita a que
agentes económicos, principalmente
informais, comercializem produtos sem submissão
a qualquer regra, custos de aquisição e operação, e sem despesas fiscais, estando assim concorrendo de forma
desleal com os operadores da economia
formal, o que por isso traz consigo distorções
no mercado. Por outro lado, quando os bens são comercializados fora das
regras do comércio, o Estado perde
elevadas receitas fiscais, principalmente
a título de imposto industrial e Imposto Sobre o Valor Acrescentado – IVA. Quando os bens são comercializados por
agentes formais e dentro das regras, o
resultado das vendas terá impacto nos lucros, que posteriormente serão objecto de tributação a
título de Imposto Industrial. Outrossim,
impondo o IVA contabilidade organizada, a sua cobrança só se mostra possível dentro da formalidade,
pelo que apela-se ao incremento de
políticas concertadas com o intuito de combater a informalidade e consequentemente ter-se uma concorrência
saudável.
Quais são os constrangimentos que os agentes deste sector têm estado a enfrentar?
A
resposta plena a esta questão não pode ser esgotada nas palavra que se seguem,
uma vez que os constrangimentos atingem os
agentes económicos por diversos flancos. Vejamos: há situações
referentes a regulamentação económica, como a falta de um regime jurídico para circulação de mercadorias,
e esta lacuna propicia furtos e desvios
de mercadorias, bem como ao contrabando e crime
organizado, ferindo a propriedade privada dos empresários, valor fundamental para uma economia de mercado. Por
outro lado, há grandes debilidades na execução e cumprimento de leis. Tenhamos como exemplos a inobservância
da cadeia comercial, consagrada pela lei
das actividades comerciais, ou a inobservância do regulamento sobre a organização e
funcionamento do comércio a retalho.
Vejamos ainda os excessos nos actos de inspecção e aplicação de
multas nas actividades comerciais. Há
também que considerar que o mercado da distribuição tem sido grave e prejudicialmente afectado pelos produtores
nacionais, que ignorando a cadeia
comercial e as normas das actividades comerciais, procedem a vendas directas aos consumidores, publicando
directamente nas redes sociais e
vendendo aos consumidores ao mesmo preço que fornecem aos distribuidores. Podemos ainda mencionar a
carência de políticas macroeconómicas
voltadas para o sector do comércio, que tendo comprovado o seu potencial, atingindo o lugar de segundo maior
empregador, após o Estado, e de segundo
maior contribuinte para o OGE, após o sector
petrolífero, não beneficia de incentivos correspondentes, antes é agravado no cumprimento de diversas obrigações. Temos
ainda a evidenciar que a falta de infra-estruturas logística eficientes também se consubstanciam em grande
constrangimento para o nosso mercado,
quer para os distribuidores quer para os produtores. Estabelecimentos comerciais, supermercados,
bem como unidades industriais em vários
pontos do nosso país funcionam com geradores
eléctricos. Importa ainda
proceder a uma melhoria no sistema de transporte público, que são custos elevadíssimos para os
trabalhadores. A melhoria nos
transportes concederá aos trabalhadores maior liquidez, evitando que estes tenham más praticas com as
entidades empregadoras, como furtos e
outras. Outrossim, importa reduzir a taxa de juros nos créditos concedidos
para as actividades económicas.
Investimentos estrangeiros chegam ao
nosso país com créditos concedidos a custo zero. As nossas empresas, empresários e investidores, com
juros a 20 por cento são sufocados e sem
qualquer hipótese competitiva. O baixo poder de compra é também um grande
constrangimento para o mercado nacional.
Associando o baixo poder de compras ao IVA, as
empresas têm sacrificado sua margem de modo a possibilitar a compra e o consumo. Tal medida compromete a
capacidade de reposição das empresas e a
continuidade das actividades mercantis.
O comércio vive da estabilização da moeda. Esta fase em que o Kwanza está a atravessar, complica as vossas contas?
A
nossa Associação, a este respeito, olha mais para os cidadãos e para a economia nacional, do que para o comércio.
Se o comércio vive da estabilização da
moeda, a economia de um país vive do consumo e as pessoas sobrevivem pela satisfação das suas
necessidades através do consumo. Os
regimes de formação de preços estabelecem margens percentuais para que os comerciantes, aquando da formação de
preços, possam acautelar a capacidade de
reposição. As alterações cambiais, afectando o custo de aquisição, afectam, concomitantemente, o
preço final a que o consumidor pagará
para adquirir o bem, sem que os seus rendimentos tenham actualização correspondente. Na nossa visão,
ésse é o ponto mais preocupante, o poder de compra e a capacidade de consumo das famílias em Angola.
Urge a criação de medidas que devolvam o
poder de compra às famílias angolanas. Em comparação a outros países, temos os
salários muito baixos. Não se aumentando
o consumo, a nossa economia, e desenvolvimento se atrofiam Outrossim, não havendo consumo, desincentiva
a produção nacional.
Angola está a apostar no processo de diversificação da economia. Que acções devem ser gizadas para se atingir as metas preconizadas?
Muitos
dos nossos associados operam no sector agrícola, como parte essencial de suas
actividades económicas, contribuindo para o
desenvolvimento da produção nacional, sendo que muitos destes já exportam a sua produção, pois, esforços
significativos têm sido empreendidos
nessa direcção. Todavia, não temos até
ao momento, uma verdadeira produção nacional.
Nossa agricultura ainda é, em grande parte manual, sem utilização
de recursos tecnológicos para irrigação,
colheita, controlo de pragas, etc. Deste
modo, será muito difícil termos uma produção nacional em grande escala, que atenda as necessidades.
Entretanto, toda a produção visa o consumo. Nenhuma actividade produtiva subsiste se não houver quem consuma
o que se produz. É necessário aumentar
os salários, para que se aumente o consumo, e
assim se incentiva a produção e a criação de empresas. Outra questão,
prende-se com a falta de uma política clara que define e trace as linhas mestras de todo o processo
produtivo nacional. É necessário que
haja um programa específico para agricultura, definindo de forma, inequívoca as regiões de produção, que
produtos devem ser produzidos em
determinadas regiões de acordo com as condições de solo e climatéricas, e, fundamentalmente dar-se o
devido incentivo e benefícios fiscais de
acordo com o que for traçado. Não podemos cair na ilusão de que temos produção nacional pelo simples
facto de termos algumas pessoas que, de
modo isolado e com muito sacrifício, produzem. Deve haver uma produção estrutural e não
individual. Infelizmente é isto que
acontece. Não prestamos atenção ao ciclo, pois, importamos, ainda
quase tudo e a agricultura tem um forte
impacto na pecuária e indústria. É imperativo reconhecer que não teremos uma
indústria sólida com uma agricultura de
baixa intensidade. Podemos aprender com os exemplos bem-sucedidos da África do Sul, onde a
abordagem é diferenciada. O peso do
Estado na economia deve baixar e mudar de tom. O Estado deve deixar a produção ao sector privado e ocupar-se,
essencialmente, em criar as condições
para o efeito.
A classe empresarial privada é o principal esteio neste processo. Têm sabido desempenhar o vosso papel?
O
empresariado nacional, com destaque os membros da ECODIMA, já têm estado a contribuir significativamente,
para que a situação económica do país
melhore. Repare que, mesmo com toda esta conjuntura económica difícil para as empresas, ainda
assim, criam novos postos de trabalhos,
cumprem com as suas obrigações fiscais, e, sobretudo, contribuem para, que o País se torne
auto-sustentável, produzindo bens mais
consumidos pela população (bens da cesta básica). Neste sentido, este esforço
empreendido pelo empresariado nacional,
permite a diminuição das importações, o que implica poupanças de divisas que podem ser gastas para a
importação de matérias-primas e bens de
capital, que permitirão alavancar outros sectores da economia.
Que tipo de apoios a classe empresarial precisa para acelerar o crescimento da economia angolana?
Injecção
de dinheiro na economia real para que haja consumo. A economia de qualquer país depende muito dos
níveis de consumo e sem liquidez não há
consumo, por esta razão, temos de injectar recursos na economia e, consequentemente, nas famílias
para que haja geração de riquezas. O poder de compra caiu vertiginosamente face
à desvalorização cambial. Regista-se hoje
uma redução enorme no volume de vendas face
à retracção do consumo determinada pelo aumento do custo de vida. Do
ponto de vista estrutural, é importante que melhoremos o ambiente de negócios. É importante que o Estado dê
aqui um sinal forte de reaquecimento da
economia, regularizando os atrasados. É importante que as linhas de créditos que estão a ser
negociadas permitam uma participação efectiva maior dos empresários nacionais
no fornecimento de bens e serviços. Tudo
isso, combinado, irá criar um cenário com perspectivas mais animadoras.
A actual política fiscal que o Estado tem implementado é atractiva para os agentes económicos?
Para
nós, com a política fiscal as empresas encontram-se extremamente afogadas com a carga fiscal, não tendo como
manter-se em actividade. A conjuntura
social angolana, no seu todo, associada a elevada carga tributária podem remeter o empresariado a
apenas três possibilidades: soterrar-se
em dívidas, encerramento decretando falência ou evasão fiscal. As saídas supracitadas,
não constituem ideal para o mercado, para a
economia e para o desenvolvimento do Estado. Assim, mostra-se imponente a alteração da postura estatal face
a questão, e desagravar a tributação dos
impostos sobre as empresas, suprindo as necessidades financeiras do Estado pela formalização dos
agentes económicos que operaram de
maneira informal, e não a aplicação de elevadas taxas ao empresariado constituído. Vejamos, o caso do Imposto industrial, que
vigora em Angola: tem a taxa geral de (25%); para rendimentos do sector da
actividade de banca, seguros, operadoras de telecomunicações e empresas
petrolíferas (35%); para rendimentos de actividade exclusivamente agrícola,
(10%). As taxas apresentam-se demasiado gravosas para Estados subdesenvolvidos ou em desenvolvimento, como
o angolano, desincentivando o
investimento quer nacional quer estrangeiro, quando existem países com taxa de imposto rondando a
média de (13%). Veja-se o exemplo de Paraguai, que faz distinção entre produtos
sem utilidade pública, com taxa de (18%)
de imposto, não tributando bens de
primeira necessidade, defensivos agrícolas e outros, (1%) para bens electrónicos e de informática; (5% a 11%)
para cosméticos e bebidas. Sem abordar a
fundo, mas citando a Lei de Maquila, que para importar, produzir e exportar, o Estado apenas aplica a
taxa de (1%) de imposto.
O acesso às divisas está mais facilitado?
O
clima económico é um desafio para qualquer empresa, visto que todas necessitam de ter acesso a mercadorias,
nalguns casos matérias primas do exterior com qualidade internacional, e isso
tem um impacto na estrutura de custos
das empresas. A escassez de divisas e a desvalorização contínua do Kwanza criou
mais constrangimentos ao nível da
importação, pondo em causa a viabilidade de muitas empresas angolanas que actuam no sector do retalho e
comercialização de produtos básicos e
essenciais para o bem-estar das famílias angolanas. Apesar dos esforços que as
empresas vão fazendo para a diversificação
das suas iniciativas empresariais, com realce para a agricultura e
a produção nacional, ainda é insuficiente
para substituir a necessidade de
comprarmos certos produtos no exterior. Todo este esforço de substituição das importações pela produção
nacional, tem ainda de enfrentar
bastantes obstáculos determinantes e que influenciam e dificultam o seu crescimento e
desenvolvimento, como por exemplo: falta
de energia, estradas em más condições, etc.
Como rentabilizar os negócios nesta fase de grandes desafios económicos e financeiros?
Para
rentabilizar os negócios e superar os grandes desafios económicos e financeiros importa aumentar o
poder de compra dos consumidores e
investir nas infra-estruturas que possam reduzir os custos de produção. Impõe-se igualmente garantir estabilidade
cambial por um período mínimo de seis
meses, de modo a estabilizar os preços no mercado.
Qual deve ser o papel da banca comercial para ajudar a alavancar as iniciativas empresariais?
A
banca surgiu como um mecanismo de dinamização dos mercados e das economias, como um instrumento de
movimentação e valorização do capital,
através de créditos e de financiamentos.
Para tanto, é necessário que a estrutura e funcionamento
das actividades bancárias estejam
construídos para esse fim, adequadas ou adaptadas as características e necessidades sociais,
culturais, políticas, regionais e
económicas de cada sociedade. O
desenvolvimento do sector produtivo nacional só é possível, havendo
visão objectiva, concertada e assumida por todos os intervenientes
em actividades directa ou indirectamente
ligadas à prossecução desse desiderato,
nomeadamente, os produtores, os órgãos do Estado e a banca.
Entretanto esta relação que deve existir entre principais
intervenientes não tem sido funcional e
adequada ao quadro real da produtividade
nacional. Os termos e condições para o acesso ao crédito na banca nacional, mesmo com financiamentos do Estado
ou exterior, não são desenhados de modo
acessível e viável para o real produtor nacional. A banca devia olhar para o
aumento da produção nacional como objectivo
prioritário para o país, e esta priorização deve ser verificável
nos programas e regulamentos, para a concessão de créditos, nos
requisitos exigidos, nas formas de
pagamento, nas taxas e prazos para o reembolso,
de modo a propiciar o recurso ao crédito por parte do produtor nacional.
Esta adequação da banca pode ser alcançada pela intervenção do Estado, no sentido de definir melhores padrões para
as actividades bancárias, neste sentido,
acompanhando com benefícios ou incentivos pela
adesão ao plano de fomento da produção local.
O actual ambiente de negócios em Angola ajuda os empresários a criar iniciativas inovadoras?
Não.
Iniciativas inovadoras envolvem custos. Importa haver uma estrutura de suporte para tais custos, bem
como rendimentos através do consumo. A
microeconómica é sempre dependente das políticas e medidas macroeconómicas que a viabilizam e
potencializam. Com reformas no plano
macroeconómico, com certeza haverá inovação na esfera microeconómica.
A ECODIMA tem apresentado ao Governo propostas para a melhoria da actividade económica?
A
ECODIMA apresentou ao Executivo uma série de propostas de elevada profundidade e necessárias para a
estabilidade da situação económica que o
País actualmente atravessa, bem como, reduzir
consideravelmente o impacto nefasto da actual situação económica do País, na vida dos cidadãos, de modo geral e
dos consumidores, em particular.
Como avalia o programa de Reconversão da Economia Informal?
A
existência de um mercado paralelo, informal, é uma distorção ao mercado,
causador de diversas enfermidades como concorrência desleal, desvios de
mercadorias, perda de receitas fiscais, riscos para a integridade dos consumidores, injustiças
qualitativas e quantitativas,
arbitrariedade na fixação de preço, dificuldade na
regulamentaçãoeconómica, exclusão do sistema de segurança social e inflação
pelo excesso de moeda a circular fora do
circuito formal. Assim, todas as medidas que visem a formalização da economia
angolana são bem-vindas. Queremos dar nota de que não nos
referimos a venda ambulante, que aliás,
é uma modalidade de comércio permitida e regulada pela Lei dasActividades
Comerciais, mas de toda actividade económica realizada à margem dos ditames da Lei. A formalização da
economia permitirá o alargamento da base tributária. Haverá mais sujeitos passivos das relações
jurídico-tributária, contribuindo para
as receitas do Estado, permitindo que sejam aliviados os sujeitos das elevadas taxas que sobre eles
têm recaído.
Tem alguma proposta para se melhorar este projecto?
Pensamos
que o projecto pode ser melhorado se transcender o simples registo e cadastramento dos comerciantes e
impor a prática, início e continuidade
das actividades comerciais nos termos legalmente estabelecidos. Não basta registar. É
necessário acompanhar e fiscalizar.
Outrossim, seria bom para o programa materializar e massificar os benefícios que a economia formal pode
promover, como o acesso ao crédito, bem
como simplificar o acesso aos benefícios do sistema de protecção social.
Como
empresário, o que espera dos grandes programas que o Executivo angolano prevê desenvolver, como
é o caso do PLANAGRÃO, PLANAPESCAS e
PLANAPECUÁRIA?
Os
"PLANA”, por assentarem na produção nacional, poderão vir a reduzir os custos com aquisição de divisas,
mas há que completar tais planos com
investigação científica, quer na agricultura quer na indústria, de modo a aumentar a produção e reduzir os
custos. Existe cerca de 48 por cento de
produto nacional nas prateleiras dos
estabelecimentos comerciais no nosso mercado, com tendência a aumentar, quando antes nem 10 por cento
havia. É igualmente necessário suprir os "PLANA” com infra-estruturas que reduzam os custos de produção e permitam o
aumento de turnos, sendo que a produção
de um turno não tem sido suficiente para suprir as necessidades de produção e a manutenção das
unidades industriais tornam-se
elevadamente cara e a redutibilidade dos produtos eleva os preços.
Angola está a se preparar para abraçar com força a Zona de Livre Comércio da SADC. Como encara este desafio?
Estamos
preparados. O mercado é aberto, e os outros países se desenvolveram quando
abriram as suas fronteiras. Lembro-me, por exemplo, que Portugal quando aderiu
à União Europeia, não estava desenvolvido. Havia situações em que os
empresários e os produtores, fundamentalmente portugueses faziam barreiras à
mercadoria proveniente de Espanha. Mas para que houvesse algum equilíbrio foi
necessário a União Europeia injectar fundos de investimentos, fundamentalmente
para a investigação científica no sentido de reduzir os custos de produção para
ter preços competitivos.
A SADC também deve fazer o mesmo com os Estados-membros?
É o
caminho... Se não seguirmos este caminho, corremos o risco de perder a
soberania. A soberania passa pela autonomia financeira, pelo poder económico.
Se não protegermos os nacionais no sentido de poderem ter algum poder
económico, perdemos a soberania. É preciso solicitar a SADC financiamento, ou
Angola pedir o financiamento para injectar na economia real, com juros mais
baixos.
Só há comércio com estradas e caminhos-de-ferro funcionais. Como é que vê esta situação?
Só
há desenvolvimento quando temos as vias de comunicação a funcionar. E o
comércio é o sector intermediário do desenvolvimento entre a indústria e a
agricultura. Se não houver comércio a agricultura e o produtor estancam. O
vínculo entre o consumidor e o produtor passa pelo comércio, e é preciso algum
investimento em infra-estruturas básicas,
para garantir que a mercadoria,
chegue condignamente à mão do consumidor.
Voltemos para as acções da ECODIMA. Quantos membros formam a organização?
A
ECODIMA possui 72 membros distribuídos entre os sectores Alimentar e não alimentar, Móveis e
Decoração, Têxteis Vestuário e Calçados,
Electrónicos e Consumíveis, Farmacêutico e Materiais de Construção.
Estão representados em todo o país?
Os
membros da ECODIMA são empresas internacionalizadas e com grande creditação nacional e internacional,
sendo que estão igualmente representados
em todo o território nacional.
Qual é o vosso volume de negócios anual?
Nos
72 membros, o volume de negócios ultrapassam a cifra dos 400 mil milhões de kwanzas.
A ECODIMA é parceira do Governo. Actualmente quantos empregos criaram?
A
ECODIMA é o segundo maior empregador em Angola, contribuindo com a criação de 22 mil postos de trabalhos.
Têm parcerias com congéneres de outros países, quais são?
A
ECODIMA, enquanto associação, dispõe de parcerias estratégicas de países como Cuba, Brasil e Portugal, no
domínio de intercâmbio comercial,
formação, know-how e outros, sendo que está em fase de negociação com a Rússia.
Que projectos a associação tem para este ano?
Para este ano temos em carteira diversas reuniões em representação dos interesses dos associados, do sector, dos consumidores e da economia nacional no seu todo, deslocações para interacção directa com agentes económicos internacionais, e, fundamentalmente, experimentar a ECODIMA enquanto expositor em feiras internacionais. Estaremos também a trabalhar para a publicação de uma obra comemorativa aos 10 anos da constituição formal da ECODIMA, a celebrar em 2024. Ademais, a ECODIMA está preparada e aguarda melhorias no ambiente de negócios e políticas macroeconómicas, que viabilizem a abertura de estabelecimentos comerciais, em diversos locais do território nacional, que ainda não dispõem de nenhum estabelecimento de distribuição moderna.
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LoginKaissara é um poço de revelações quase inesgotável, como a seguir verão ao longo desta conversa, em que aponta os caminhos para um futuro mais consequente da modalidade; avalia o presente das políticas adoptadas sobre a massificação e formação. Mostra-se convicto de que o país pode, sim, continuar a ser a maior potência africana do Hóquei em Patins
Em entrevista exclusiva ao Jornal de Angola, a ministra da Saúde, Sílvia Lutucuta, fez a radiografia do sector, dando ênfase aos avanços registados em 22 anos de paz. Neste período, houve aumento do número de camas hospitalares, de 13 mil para 41.807, e da rede de serviços de saúde, que tem, actualmente, 3.342 unidades sanitárias, das quais, 19 hospitais centrais e 34 de especialidade. Sobre a realização de transplantes de células, tecidos e órgãos humanos, a ministra disse que, com a inauguração de novas infra-estruturas sanitárias e a formação de equipas multidisciplinares, o país está mais próximo de começar a realizar esses procedimentos
Assume-se como uma jornalista comprometida com o rigor que a profissão exige. Hariana Verás, angolana residente nos Estados Unidos da América há mais de 20 anos, afirma, em exclusivo ao Jornal de Angola, que os homens devem apoiar as mulheres e reconhecer que juntos são mais fortes e capazes de construir uma sociedade equitativa e próspera. A jornalista fala da paixão pela profissão e da sua inspiração para promover as boas causas do Estado angolano, em particular, e de África, em geral.
Por ocasião do Dia Nacional da Juventude, que se assinala hoje, o Jornal de Angola entrevistou o presidente do Conselho Nacional da Juventude (CNJ), Isaías Kalunga, que aconselha os jovens a apostarem no empreendedorismo, como resposta ao desemprego, que continua a ser uma das maiores preocupações da juventude angolana.
Um Memorando do Ministério da Administração Pública, Trabalho e Segurança Social(MAPTSS) destaca os principais acordos celebrados entre o Executivo e as Centrais Sindicais, que contemplam a revisão salarial da Função Pública, com um aumento de 25 por cento, em 2025, e a possibilidade de negociação anual de incrementos salariais até 2027.
O Ministério da Administração Pública, Trabalho e Segurança Social (MAPTSS) afirmou, terça-feira, que um dos objectivos do Executivo é aprovar a nova tabela do Salário Mínimo Nacional, a curto prazo, em conformidade com as deliberações que vierem a ser tomadas, em sede do Conselho Nacional de Concertação Social.
O embaixador da China em Angola, Zhang Bin, disse, ontem, à saída de uma audiência com a Vice-Presidente da República, Esperança da Costa, que o seu país está a promover novos grandes projectos estratégicos com Angola, assim como a aceleração das relações económicas com a implementação, o mais rápido possível, dos projectos do aproveitamento hidroeléctrico de Caculo-Cabaça e do novo Porto de Águas Profundas de Caio, na província de Cabinda.
Vários artistas nacionais e internacionais actuaram, terça-feira, às 20h, na Baía de Luanda, na abertura do Festival Internacional do Dia do Jazz, organizado pela Bienal de Luanda, o projecto Resiliart Angola e a UNESCO.
A presidente da Assembleia Nacional, Carolina Cerqueira, recebeu, terça-feira, em Luanda, a secretária-geral do Fórum Parlamentar da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (FP-SADC), Boemo Sekgoma, com quem abordou a 55.ª reunião plenária da organização, que Angola acolhe de 1 a 7 de Julho.
O secretário de Estado da Comunicação Social, Nuno Caldas Albino, reiterou terça-feira, em Caxito, capital da província do Bengo, a responsabilidade dos jornalistas na divulgação da mensagem sobre o Censo e na credibilidade do processo.