Entrevista

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Eneida Marta: “Tento mostrar de tudo um pouco da Guiné-Bissau”

Analtino Santos

Jornalista

Hoje, 24 de Setembro, a República da Guiné-Bissau assinala o quinquagésimo aniversário da Independência Nacional. Em Angola, a representação diplomática deste país irmão e a comunidade residente realizam, durante este mês, uma jornada comemorativa. Eneida Marta, uma das vozes mais representativas desta Nação foi convidada pelo embaixador Apolinário Mendes de Carvalho e membros da comunidade bissau-guineense para duas apresentações em Luanda. A primeira aconteceu no dia 16 de Setembro na Casa Viana, com o suporte da Banda Maravilha e hoje há a gala de encerramento, que acontece no Museu Nacional das Forças Armadas (antiga Fortaleza de S. Miguel). No elenco artístico, também consta o cantor Justino Delgado. Na entrevista que se segue a cantora Eneida Marta fala da sua carreira, dos seus discos, da música e da imagem do seu país, muito condicionada pelo ambiente político

24/09/2023  Última atualização 11H52
© Fotografia por: Edições Novembro

Eneida Marta está em Angola para celebrar os 50 anos da Guiné-Bissau independente e a nossa primeira pergunta é: está feliz com o seu país?

Ainda não estou feliz com a Guiné-Bissau. Mais por aqueles que dirigem o país, porque a Guiné-Bissau é um paraíso e é como uma mãe que teve a infelicidade de ter alguns filhos que eu posso considerar malfeitores. Então, estou contente com a minha Guiné e triste com os dirigentes.

 
Mas isto não a impede de levar os ritmos da Guiné-Bissau para muito longe...

É verdade. Tento sempre fazer o melhor, já que infelizmente as pessoas se aproveitam daquilo que seja mau para a Guiné-Bissau para fazer notícia. Mas eu e os meus colegas tentamos sempre passar a melhor mensagem possível. Considero que aquilo que a Guiné-Bissau tem de mau, em comparação com o bom, é uma gota no oceano, ou seja, aquilo que tem de bom é muito mais do que aquilo que tem de mau. O que acontece é que as pessoas têm a tendência de fazerem notícias daquilo que seja mau e, infelizmente, nós ainda temos esta árdua tarefa de passar a outra mensagem, a outra cara do país.

 
Mas sempre lembra a infância feliz de uma Guiné-Bissau...

Sim, mas na verdade a minha infância começou aqui em Angola e depois deu-se a separação dos meus pais e fomos com a minha mãe. A ausência do pai foi preenchida pelo meu avô materno, que me concedeu todos os caprichos de criança, pude andar descalça, trepar em  árvores… ou seja, fazer tudo aquilo que me apetecia. Por isso, tenho a certeza de que fui uma criança super feliz no seio da família, dos vizinhos e amigos.

 
Cresceu católica mas depois converteu-se ao Islão...

Sim. Tudo foi uma questão de convicção. Nasci numa família católica, fiz todos os sacramentos, mas desde os meus oito anos que eu sentia que queria ser muçulmana e que o meu caminho seria o Islão, onde estou há 12 anos. Levei muito tempo a converter-me. Como costumo dizer, levou o tempo que deveria levar.

 
Eneida representa bem aquilo que os políticos querem da CPLP…

Sim. Pai cabo-verdiano, mãe guineense, tenho três irmãos angolanos e descendência portuguesa e são-tomense. É uma mistura que me leva a dizer "eu sou do mundo”.


E como a música entra
na vida desta cidadã do mundo? 

Digo sempre que nasci com a música. Desde muito cedo sempre gostei do que era cantar, representar. E nasci numa família de artistas, toda a gente sabe que o meu pai, o Maiúca, era músico e toda a gente sabe que em Cabo Verde em cada esquina tem uma família de músicos. Entretanto, aos quatro anos tinha dois sonhos: ser cantora ou polícia, mas sempre disse que se não fosse polícia, seria cantora, que era o plano B. E não conseguindo ser polícia, graças a Deus, tornei-me cantora. Fiquei grávida do meu filho mais velho e então deu-se o papel de ser mãe e depois cantora.

 
Fale dos seus primeiros momentos na música… 

Foi tranquilo, porque tive muita sorte de ter as pessoas certas neste meu caminho e também de ter a bênção e a ajuda de Deus para que o caminho não fosse tão difícil como tem sido para muitos, que acabam por encontrar espinhos e dificuldades. Tive a sorte de ter as pessoas certas, o produtor certo, o professor de canto certo, pessoas que me orientassem… Isto orientou-me e fez com que o meu percurso fosse mais leve.   As coisas foram fluindo no seu tempo e momento, porque tudo que me propunha fazer profissionalmente acontecia de forma natural, talvez não com a dimensão que eu queria, mas conseguia chegar até lá.


A sua discografia começou em 2001 com "Nó Storia”…

Olha, aquele álbum não era da Eneida, mas sim uma exigência da produtora que queria algo. Por incrível que pareça, eu sempre quis dar a conhecer a música da Guine-Bissau, mas como naquele momento eu queria abrir portas no mercado como cantora, aceitei a proposta da editora, que era a de fazer um álbum eclético. Eles pediram vários estilos, o disco não tinha cara nenhuma, agradava a tudo e a todos, desde crianças a adultos, então não tinha uma definição em termos de estilo e sonoridades. Esta é a forma como eu vejo aquele álbum propriamente, era a busca da Eneida Marta.

 
E em "Amari” já encontramos a Eneida Marta?

Já se estava a encontrar a Eneida Marta em algumas músicas, porque o "Amari” na verdade foi um maxi-single e não propriamente um álbum, onde já se conseguia sentir que a Eneida estava a entrar no seu caminho.


Porque pegou na onda do Zouk e da Kizomba para interpretar em árabe?

Eu sempre fui uma aventureira em cantar em várias línguas. E neste caso não sei se era por aquela convicção de seguir o Islão, mas é uma língua que sempre me apaixonou, então acabei por cantar em árabe e praticamente, mais uma vez, em termos de estilo, também me foi imposto pelo meu produtor e pela editora exactamente para estar no mercado. Talvez na altura eles achassem que fosse mais apropriado, mas dentro disso fiz as minhas exigências e disse "está bem, faço isso, mas vamos introduzir algo com que me consiga identificar mais”. Foi uma negociação e acabamos por fazer o "Amari” com pouquíssimos temas.


O terceiro disco é o "Lope Kai” e muda tudo…

Em "Lope Kai” já encontramos a Eneida que bateu com a mão na mesa "é agora!”. E neste disco, felizmente, tive a certeza daquilo que queria, porque graças a este álbum entrei  no mercado da World Music. Fiz concertos nos maiores palcos da World Music. O Womex abriu-me portas para poder fazer, durante três ou quatro anos, tournées grandes por todo o mundo, o que me permitiu fazer todo aquele trabalho que eu tanto queria.

 
Neste disco tem um dos maiores sucessos e marca a Eneida em Angola com "Midje doce mel”. Para quem acompanha a obra de Eneida Marta, a mulher está muito presente nas suas composições…

Sim, porque posso dizer que a mulher guineense é o macho da casa, é aquela que batalha, acorda às tantas da madrugada, vai à luta, que traz, é aquela que faz acontecer e que movimenta a família. Por isso digo que a mulher guineense é o macho da casa. Eu continuo sempre nesta luta para que à mulher guineense seja dado o seu devido e real espaço, a oportunidade para que tenha lugar de destaque nas decisões do país. Porque acredito que no dia em que a mulher estiver a dirigir e a decidir pela Guiné Bissau as coisas vão mudar para melhor.

 

Está a afirmar que grande parte dos guineenses são "homi di goss” como cantou?

(Risos). Não e não. Se calhar não percebeu, a letra desta música fala dos pais que têm filhos e não cuidam. Os homens guineenses cuidam dos filhos. Falo daqueles que não são a maioria, de uma certa classe de homens.

 

Depois de "Lope Kai” aparece com "Nha Sunhu”…

É Word Music, outras viagens e mais Eneida, porque "Nha Sunhu” foi um dos sonhos meus, o de ser a produtora do álbum. É o caminho que quis andar, que é o da World Music. O disco é a continuidade e a afirmaçao do "Lope Kai”.


O seu mais recente disco, "Family”, saiu fora da caixa. O que aconteceu?

"Family” é um desafio que eu fiz e tudo começa com "Kuma”, que foi a primeira música do álbum e foi feita na altura do confinamento, em casa com o meu filho Ruben. Eu pedi que ele fizesse um estilo que não fosse a minha praia, algo que saísse completamente daquilo que eu costumo fazer, "uma coisa que tu achas na tua cabeça que a Eneida Marta nunca faria”. Ele depois aparece com um trap, mas eu perguntei-lhe se estava doido, porque eu não podia entrar naquilo. Ele insistiu e então eu aceitei, mas pensei em revolucionar com uma letra de intervenção e lá decidimos fazer alusivo aos sucessivos golpes de Estado na Guiné-Bissau e assim surgiu o Kuma. Mas nós não esperávamos que fosse ter tanta força, tanta que até a minha produtora, a Mónica Jardim, disse "Olha, Eneida, já te apercebeste que tens o teu produtor em casa, o Ruben?”. Então, quando chegou a altura de preparar o álbum, chamei-o e disse-lhe que gostaria muito que produzisse o meu disco. E eu a achar que ele fugiria! Ele aceitou e apenas pediu a presença do tio, Gerson Marta. E foi daí que falei que eu tinha o meu público e que agora queria conquistar outro, de modo a fazermos um disco em que eu não perca o que tenho mas que consiga angariar mais. E então deu-se no mundo "Family”. Temos o dril, o trap, mas tudo com fusões. E o que aconteceu é que o público que eu tinha adorou o álbum e eu consegui conquistar a camada jovem, porque no Spotify é esta camada que está a ouvir muito mais o "Family”. E o objectivo foi conseguido, o meu público manteve-se e conquistei mais.

 
Qual foi o segredo?

Só tenho que dar graças a Deus, ao meu irmão Gerson e ao meu filho Ruben, que são os responsáveis pela produção. E é claro, é um disco feito em família. Não poderia ter outro impacto senão este.  Deviam fazer o máximo que podiam, mas foi de uma forma leve e espontânea que eles se entenderam. Bem simples. Tio e sobrinho a trabalharem juntos e eu ia muitas vezes ao estúdio sem eles se aperceberem e ficava super emocionada. Eu dizia "aonde quer que o meu pai esteja, neste momento, está feliz porque está a ver o filho e o neto juntos num trabalho da filha”. Enfim, as pessoas mais importantes da minha vida juntos para um mesmo objectivo.

Podemos esperar a Tour Family em Angola?

A vontade é muita. Agora vamos ver se conseguimos que algum produtor ou promotor abrace "Family”. E quem o fizer, acredito que não se vai arrepender. O álbum superou as expectactivas. Depois do lançamento no Capitólio foi votado como um dos melhores discos pela Transglobal Chart e escolhido como um dos melhores da Europa no Spotify. Fui a artista mais tocada da Guiné-Bissau. O "Family” está em todo o mundo e cada vez que recebo as informaçoes fico surpresa, tem recebido críticas fabulosas.


Em "Family” encontramos "Allan Guiné”, um grito para o país...

É um grito de socorro para a reconciliação do povo da Guiné, porque a política acabou por fazer com que nós, o povo, virássemos um bocadinho as costas. Mesmo nas famílias, as pessoas não falarem porque um é do partido X e outro do Y, o que eu acho uma palhaçada autêntica. Então "Allan Guiné” é mesmo um grito de socorro para esta reconciliação fazer as pessoas lembrarem aquilo que nós já fomos outrora, voltar a trazer isto que é o mais importante, nós somos um só e a Guiné-Bissau é a nossa mãe.

 

Podemos chamar a Eneida Marta como uma cantora de intervenção?

Sou uma revolucionária da música guineense, cantora interventiva com muito orgulho.

Então não é por acaso que tem no reportório temas de José Carlos Schwartz, como "Midje de panu preto”…

Sim, porque o José Carlos Schwartz, de acordo com a leitura que eu faço, é um artista que estava muito à frente do seu tempo. As músicas dele estão a fazer muito sentido agora. José Carlos Schwartz continua vivo de uma forma que nem ele achou que estas músicas pudessem ser tão actuais depois de mais de quarenta anos. Então, é quase impossível deixar de interpretar os temas dele. Para mim, ele era um génio, não consigo encontrar uma palavra que seja justa para o descrever, tanto pela escrita como musicalmente.

 
Quais são os estilos musicais que mais explora?

Tento fazer uma representação da música da Guiné- Bissau, não opto por um único estilo, tento mostrar de tudo um pouco. É claro que não poderei apresentar tudo de uma vez. Por isso, em cada álbum vou à busca de várias sonoridades e procuro misturar. Desta forma tento trazer a música da Guiné-Bissau, sem perder a essência do tradicional, ao misturar com o urbano para dar uma outra cara, mais leve. Ou seja, não ser algo muito rústico, o que muitas vezes fica muito limitado em termos de palco, porque nem sempre as cenas muito tradicionais nos permitem abrir outros palcos. Por isso, tento buscar de tudo um pouco ao fazer estas misturas, mas duma forma honesta e presente.

 
Um dia disse que se a Guiné-Bissau tivesse um Djho da Silva (promotor de Cesária Évora), os músicos deste país estariam longe. Então o que falta?

Olha, falta um lobby muito bom à volta da Guiné-Bissau. As pessoas acabam por misturar alhos com bugalhos, pegam nas crises do país e acabam por prejudicar os artistas. Esta é a minha leitura. As pessoas acabam por conotar a crise política à arte, o que não tem nada a ver, e acabamos por ser prejudicados. Por exemplo, quando um angolano ou cabo-verdiano está no mundo da música, batalha, mas nós, acredite, batalhamos dez vezes mais para poder estar ao mesmo nível que os outros. Mesmo tendo a mesma qualidade, temos de nos esforçar muito mais. Eu acho que isto tem muito a ver com aquilo que a media passa do meu país. E como disse, as pessoas acabam por misturar alhos com bugalhos, o que não devia ser.

 
Mas há muita coisa boa a acontecer na Guiné-Bissau: os Djutus (Selecção de futebol) está regularmente no CAN, existem muitos quadros guineenses nas instituições internacionais, o país está a voltar à normalidade institucional...

Pois tem, mas vai você me responder: o que é mais noticiado sobre a Guiné-Bissau são estes feitos ou as crises? (Risos). Eu, como muitos guineenses, sabemos as potencialidades que temos na cultura, no desporto… mas as pessoas preferem fazer notícia daquilo que é mau.

 

Antes falavam que a Guiné-Bissau era um Estado falhado, hoje o discurso é outro...

É um Estado de esperança e eu acredito que esse será o pontapé de saída para que voltemos a sentir a nossa Guiné-Bissau como outrora, quando já éramos um país super respeitado.


Eneida Marta tem uma forte relação com Angola, o que resultou no disco engavetado "Eneida Marta com Angola na voz”…

Ainda bem que tocas neste disco que vai ser um tema super polémico, porque eu fiz este trabalho com a LS, um projecto que na altura propus ao Dr. Eugénio Neto, que pagou e gravei  em Portugal. Há um master e uma capa, o disco era para sair antes de 2012 e eu nunca mais soube do que era feito dele. Para meu espanto, nesta minha passagem por Luanda estava no carro de um dos amigos e ouvi um dos temas a tocar na rádio e fiz um vídeo para ter provas. Isto deixa-me triste, ao menos que houvesse uma justificação.

 

Ao menos alguém deu uma justificação?

Ninguém me diz absolutamente nada. Se o trabalho não saiu por que está a tocar na rádio? Pode estar a haver alguém com má intenção, porque não faz sentido este disco estar pronto antes do meu pai falecer, em 2011, e venho ouvir aqui em Angola uma música deste projecto e ninguém me diz nada do que se está a passar. Estou ansiosa, vou fazer os meus corredores para chegar a quem de direito para saber o que se passa, preciso mesmo de uma explicação, é a minha voz, a minha energia. Pode estar o dinheiro de alguém, mas é um trabalho que também me pertence e o mínimo que exijo é respeito e consideração.

 

Mas porquê Angola?

Fiz este trabalho como forma de agradecimento ao povo angolano. Vivi aqui, tenho três irmãos angolanos, o meu pai viveu aqui por cerca de 40  anos e é uma forma de homenagear este grande país e os grandes nomes da música angolana, por isso é "Eneida Marta com Angola na voz”. Foi uma forma de dizer "Obrigada povo irmão, por tudo aquilo que me liga a vocês, desde a vida do meu pai, a minha vinda para cá com a minha mãe, desde o nascimento dos meus irmãos”. Tenho toda uma história com Angola, é uma forma de gratidão e reconhecimento, mas, infelizmente, as pessoas acharam que este trabalho não deveria ter saído e as músicas deveriam ser "esquartejadas” e entregues às rádios.

 

Mas, felizmente, em muitos discos a voz de Eneida Marta não foi "esquartejada”. Fale de alguns artistas com quem trabalhou…

Carlos Burity, Fernando Santos "Aiaia”, Dom Kikas, Lisboa Santos, Caló Pascoal, Ary, enfim, são muitos. Também tenho um trabalho feito com o Eduardo Paim que ainda não saiu. Também colaborei muito com o Betinho Feijó, que apostava nos meus coros, e houve até trabalhos que, como já estava como cantora a solo, optava por tirar o nome e assim criámos o nome fictício que era Sheyla. Olha, eu fiz muitos trabalhos e ainda bem, porque pude crescer bastante. Digo que fazer os coros com artistas angolanos foi a minha melhor escola para que hoje possa ter o mínimo para ser esta cantora e elevar a minha bandeira ao mais alto nível.

 

Faço um paralelismo com a luta de libertação, quando guerrilheiros guineenses também vieram para Angola, muitos eram guerrilheiros das artes como Manecas Costa, Caló Barbosa, Micas Cabral, Juca Delgado e outros… 

Sim, somos grandes combatentes, digamos que sim. Eu menos que eles. E tiro o chapéu a esta classe, porque nós batalhamos a sério para que a música e os artistas da Guiné-Bissau consigam chegar às melhores rádios e palcos. E o prazer de cada conquista… não tens ideia do quão gratificante e importante é, porque eu costumo dizer que quando a luta é difícil, quando se colhe o fruto, ela acaba por ser mais saborosa e nós respeitamos a luta que fazemos de uma forma digna. Quando ouvimos o nome da Guiné- Bissau no mundo pelo motivo de tanto batalharmos, dizemos "Sim, valeu a pena e vamos continuar a lutar, havemos de lá chegar”.


Biografia

Cantora e activista social guineense, Eneida Marta é uma das mais genuínas e vibrantes vozes africanas e verdadeira embaixadora da música da Guiné-Bissau, ao levar ao mundo a riqueza ritmica das etnias do seu país: de Balantas a Fulas e de Mandingas a Manjacas.

Em 2006 despertou a atenção do gigante da World Music, Putumayo World Music, que incluiu o seu trabalho na compilação "An Afro-Portuguese Odissey”. Nesse mesmo ano, Eneida Marta fica em primeiro lugar num concurso da World Music, com o tema "Mindjer Dôlce Mel”, que a Putumayo haveria também de incluir na compilação "Acoustic Africa”.

Já em 2008, actuou para mais de três mil profissionais de todo o mundo na maior feira planetária da World Music, a WOMEX. Um momento especial que resultou numa aplaudida digressão internacional. Este é um resumo do percurso que trouxe Eneida até hoje, levando-a a cruzar palcos na Europa, América do Norte, América do Sul e África. Em todos, os mesmos aplausos emocionados de quem encontra uma voz carregada de alma, de sonhos, de dor e de alegria.

O seu novo álbum, "Family”, está agora disponível em todas as plataformas digitais e está a ser apresentado no Top 20 Transglobal Word Music Charts (Novembro de 2022). Produzido por Ruben Azziz, o produtor baseado em Londres, "Family” mistura tradição com paisagens sonoras urbanas. Eneida Marta foi nomeada para Best PALOP Female Artist nos African Entertainment Awards USA 2022. Eneida é uma mulher especial, de causas e de força.

A paixão que nutre pelo seu país levou-a a abraçar causas humanitárias, tendo sido nomeada pela UNICEF como sua embaixadora para a Guiné-Bissau.

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