“Rosa Baila”, “Chikitita”, “Perdão”, dentre outros sucessos que marcam o percurso artístico de Eduardo Paím, serão apresentados amanhã, a partir das 19h30, no concerto comemorativo aos 60 anos natalícios do cantor e produtor.
Os escritores Agostinho Neto e António Jacinto são, hoje, às 10h, homenageados como “Poetas da Liberdade”, no Festival de Música e Poesia, que acontece no auditório do Centro Cultural de Vila Nova de Foz Côa, em Lisboa, Portugal.
O académico Nelson Pestana “Bonavena” defendeu, segunda-feira, na União dos Escritores Angolanos (UEA), em Luanda, que a figura do poeta e nacionbalista Viriato da Cruz, deve ser melhor estudada no ciclo académico por via da realização de conferências onde se podem discutir os seus ideais.
Durante uma conferência designada "Comemorar Viriato da Cruz" promovida pela UEA e o Centro de Estudos Africanos da Universidade Católica de Angola (CEA-UCAN), em alusão ao 96º aniversário natalício do poeta, Bonavena afirmou que o antigo político, crítico, poeta e escritor, teve um percurso ímpar na história da cultura e do nacionalismo angolano, motivo pelo qual, a reflexão das suas ideias, podem ajudar a construir uma nova Angola.
O académico que falava à volta do tema "A Liberdade de Pensar", explicou que, desde tenra idade, Viriato da Cruz foi um investigador e educador. Bonavena disse que o nacionalista aprofundou os seus conhecimentos sobre as ciências ocultas e pelo exoterismo. "Debatia com o pai a respeito destas ciências e procurava transmitir e absorver o máximo de conhecimento", disse.
Um grande pensamento que Viriato da Cruz desenvolveu com o passar do tempo, explicou, foi o de achar a forma correcta de lidar e acabar com as crises sociais. O professor catedrático referiu, também, que a última fase do pensamento de Viriato da Cruz foi sobre o democratismo, socialismo e cosmopolita.
O também pesquisador revelou que se pode analisar o seu pensamento, sobretudo, numa carta que escreveu a José Carlos Horta em 1971 e, também, num diário escrito no hospital em Pequim, no ano de 1973.
"Até o último dia de vida, Viriato da Cruz pensou e escreveu, porque o caderno que deixou com os últimos apontamentos, mostram perfeitamente que ele sempre foi um amante do saber".
Nelson Pestana "Bonavena”, durante a abordagem, evidenciou o lado caricaturista de Viriato da Cruz. "O poeta era também um caricaturista e desenhista, com paixão vivenciada nas várias formas de manifestação artística", afirmou.
Textos que reflectem os novos intelectuais
Por outro lado, o escritor, jornalista e professor José Luís Mendonça ao falar à volta do tema "Ethos Poético e Premência do Legado de Viriato da Cruz na Era da Independência", afirmou que o legado literário do poeta está intrinsecamente ligado ao lema do Movimento dos Novos Intelectuais de Angola "Vamos Descobrir Angola", para os quais a nova poesia teria de encarar ritmo característico do homem africano.
Segundo José Luís Mendonça, o poema "Mamãe Negra", de Viriato da Cruz, retrata sobre a força da mãe africana. O jornalista referiu que o poema apresenta "um sentimento de pertença à terra onde nasceu.” Viriato da Cruz, explicou, enquadra "a mãe negra numa tela de vários episódios da história, sobretudo, numa vertente perversa, a escravatura.”
O poema, continuou, é símbolo de uma "África periférica ao desenvolvimento e à justiça, ao decompor quatro partes figurativas do corpo da mulher, nomeadamente, a voz, dorso, regaço e resto, como estratégia de desenhar em metáforas expositivas elementos da escravidão colonial", afirmou.
O poema "Mamã Negra”, de acordo ainda com José Luís Mendonça, "é o mapa de um tesouro que os povos independentes deveriam utilizar para reconstruir o continente africano. A África pós-colonial deveria ter investido na criança e no adolescente. Hoje teríamos pessoas com 40 anos bem formadas e capazes de desenvolver as infra-estruturas do país".
O jornalista e escritor afirmou que África deve avançar para um novo paradigma, centrado na educação infantil, onde deve existir a inclusão do ensino das línguas nacionais, com o objectivo de valorizá-las.
A conferência "Comemorar Viriato da Cruz" contou, com os depoimentos do poeta Bendinho Freitas, que abordou sobre "A Trajectória de Viriato da Cruz na Luta pela Liberdade".
Comprometido com a nação
À saída do encontro, o secretário-geral da União dos Escritores Angolanos (UEA), David Capelenguela, afirmou que Viriato da Cruz, apesar de morto, continua vivo no meio da sociedade angolana, por ser, constantemente, motivo de debates.
Segundo ainda David Capelenguela, quando se conversa sobre Viriato da Cruz, está a tratar-se de um homem importante para a história de Angola, principalmente para a literatura nacional. "O antigo poeta, político e escritor foi um homem comprometido com o país. Pronunciou-se sobre várias causas e ajudou o país a tornar-se na nação que é hoje", sustentou. Por outro lado, a escritora angolana Amélia Da Lomba destacou, também, a vertente patriótica de Viriato da Cruz, ao afirmar que em toda a sua política literária, há um sentido de revolta e pertença à terra.
De acordo com Amélia da
Lomba, os mortos, enquanto permanecerem presentes na memória das pessoas, não
falecem integralmente. "Por aquilo que representa para nação angolana,
Viriato da Cruz vai permanecer eternamente na mente e no coração dos
angolanos".
Exposição Fotográfica
A conferência designada "Comemorar Viriato da Cruz" promovida, segunda-feira, na União dos Escritores Angolanos (UEA), e o Centro de Estudos Africanos da Universidade Católica de Angola (CEA-UCAN), teve uma exposição fotográfica, onde foram retratados vários momentos da vida do político, poeta, escritor e nacionalista Viriato da Cruz.
Na mostra, vêem-se fotos da infância de Viriato da Cruz participando em uma excursão do colégio que frequentava, na província do Cuanza-Norte, de momentos da adolescência e vida adulta. Alguns desenhos de Viriato da Cruz também fizeram parte da exposição.
Viriato Francisco Clemente da Cruz nasceu no dia 25 de Março de 1928, em Angola, e morreu a 13 de Junho de 1973, na China. Foi um político, líder anticolonial e escritor angolano.
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