Aprovado pelo Decreto Presidencial nº 184/21, de 1 de Agosto, o Instituto Superior Nimi Ya Lukeni juntou-se ao Instituto Superior Politécnico do Soyo, que já ministrava as especialidades ligadas às Engenharias Mecânica, Informática e das Ciências da Educação.

"O surgimento do INSPUNYL representa uma mais-valia para o município, porque antigamente só tínhamos uma única opção, que era estudar no Instituto Superior Politécnico do Soyo. Quem não quisesse estudar lá, então via-se obrigado a ir para uma outra província. Mas, graças a Deus, já temos localmente uma instituição com diversidade de cursos”, disse Irene Tchitue Cassinda, 22 anos, estudante do 2º ano do curso de Gestão Comercial e Marketing.

 Irene Tchitue Cassinda acrescentou que a entrada em funcionamento do Instituto Superior Nimi Ya Lukeni no município veio, também, facilitar a vida das famílias, do ponto de vista económico, porque a deslocação para outra regiões obrigava os pais a gastos adicionais com alojamento, alimentação e outras despesas.

"Eu, por exemplo, sempre tive o plano de estudar fora da província, logo que concluísse o ensino médio, devido a reduzida oferta que existia aqui, em termos de opções formativas. Mas, quando fizemos o orçamento com os meus pais, notamos que teríamos enormes gastos financeiros, durante o meu percurso no ensino superior. Felizmente, com a abertura do INSPUNYL no município, que passou a ministrar o curso dos meus sonhos, já não precisei de ir para outra região”, sublinhou.     

Diz que escolheu o curso de Gestão Comercial e Marketing porque  empreender sempre foi o seu sonho. "Sempre gostei de negócios e de empresas. Pretendo criar, no futuro, a minha empresa, para poder empregar outras pessoas”, referiu a jovem estudante, que mais adiante considerou as propinas praticadas pela instituição como sendo acessíveis para o bolso de qualquer pessoa, sem, contudo, ter revelado o valor.

Beneficiária de uma bolsa interna do Instituto Nacional de Gestão de Bolsas de Estudo (INAGBE), Irene Tchitue Cassinda aconselhou os outros jovens a apostarem na formação académica e profissional, para que possam dar um contributo valioso nas tarefas que visam o desenvolvimento sustentável do país.

Estudante e bibliotecária

Helena José Custódio, 32 anos, é outra jovem que, em 2021, encontrou no INSPUNYL a oportunidade de ingressar no ensino superior, depois de várias tentativas, sem sucesso, noutras universidades da capital do país, Luanda. A frequentar o 3º ano do curso de Gestão Financeira e Contabilidade, a estudante elogiou a competência demonstrada pelos professores, facto que, como referiu, tem reflexo na qualidade de ensino. Por conta disso, prosseguiu, a instituição tem sido, positivamente, referenciada por parte da comunidade académica local.

"Está a ser muito bom estudar no INSPUNYL. Estou a frequentar o 3º ano do curso de Gestão Financeira e Contabilidade, tendo já adquirido, ao longo deste período, uma certa bagagem, em termos de conhecimentos, graças ao facto de termos professores competentes que têm ajudado bastante os estudantes a encontrarem os melhores métodos de aprendizagem ”, realçou.

Além de estudante, a jovem trabalha, também, como bibliotecária do mesmo Instituto, tendo, em função disso, manifestado um sentimento de "dupla satisfação”, pelo facto de beneficiar de duas oportunidades valiosas: estudo e trabalho. Informou que a biblioteca conta com 837 livros, na sua maioria ligados aos cursos ministrados no Instituto.

A instituição conta também com Internet em banda larga, com acesso livre para professores e estudantes.

Quem, igualmente, falou à nossa reportagem é a estudante do 2º ano do curso de Gestão Comercial e Marketig Joana Simba, de 25 anos de idade. Joana Simba revelou que o Instituto Superior Nimi Ya Lukeni tem atraído pessoas dos cinco municípios da província e não só, ávidas de prosseguir os seus estudos, fruto das excelentes condições materiais à disposição dos discentes e docentes.

"Nos primeiros tempos, as pessoas, aqui no Soyo, tiveram dúvidas quanto à seriedade do Instituto. Pensavam que fosse mais uma daquelas Universidades que existem por aí, cobrando propinas pesadas, mas sem qualidade nenhuma”, lembrou.

 Instituição focada na formação de quadros competentes

O coordenador do curso de Gestão Comercial e Marketing, Filipe Cunha, em declarações ao Jornal de Angola, referiu que a instituição está focada na formação de profissionais capazes de dar resposta aos vários desafios que se colocam, hoje, para o desenvolvimento sustentável do país.

"Dentro da nossa cultura pedagógica e dos nossos conteúdos programáticos, dotamos os estudantes de capacidades, habilidades e potencialidades que amanhã poderão lhes ajudar a firmar-se no mercado de trabalho, que, cada vez mais, se afigura competitivo”, disse.

Acrescentou que os estudantes são, também, incentivados a terem iniciativas de empreendedorismo, ideia que, como frisou, procura dar "corpo” à estratégia do Executivo, que tem a ver com o fomento do auto-emprego.

"Criar auto-emprego acaba por ajudar na diminuição de alguns problemas sociais que temos no país, porque as pessoas passam a ter, não somente fontes de renda, como, também, criam oportunidades de emprego para as outras”, considerou.

Segundo o também professor da disciplina de Fundamentos de Marketing, os cursos leccionados no Instituto estão adequados à realidade do município, caracterizada pela presença de um número considerável de empresas dos sectores Petrolífero, Comercial e Instituições Financeiras.

"O Soyo é um mercado que oferece várias oportunidades, com a presença de empresas dos sectores acima referidas. Por isso, o INSPUNYL traz cursos adequados a esta realidade, sobretudo o curso de Gestão Comercial e Marketing. Uma organização sem o departamento de Marketing, quase que não consegue ver o futuro. Hoje, as acções das empresas estão mais viradas na antecipação da satisfação do cliente”, argumentou.

O docente notou, por outro lado, que o facto de ser a única instituição privada a oferecer cursos específicos e bastante concorridos na região, representa uma grande janela aberta para que ela possa crescer e continuar a servir melhor a comunidade académica local.

"O Instituto oferece condições materiais e humanas para colocar no mercado de trabalho quadros tecnicamente competentes. Por exemplo, para os cursos de Informática e Multimédia, temos laboratórios para as práticas pedagógicas dos estudantes. Para a Agronomia, temos campos onde os estudantes recebem, igualmente, aulas práticas”, esclareceu, acrescentando que a direcção do Instituto, com o auxílio das coordenações das disciplinas, está a estabelecer convénios com algumas empresas locais dos vários sectores de actividade económica, para assegurar os estágios profissionais dos estudantes.

Fraca adesão  ao curso de Engenharia Agronómica

A presidente do Instituto Superior Universitário Nimi Ya Lukeni, Maria de Lurdes Brito, informou, à margem da cerimónia de abertura do ano académico 2023/2024, realizada recentemente, que os cinco cursos leccionados totalizam 1090 estudantes, entre antigos e novos, distribuídos nos turnos da manhã, tarde e noite.

As aulas são asseguradas por 53 professores, entre os quais um expatriado, de nacionalidade cubana. Maria de Lurdes Brito lembrou que alguns destes professores foram recrutados num concurso nacional, promovido, este ano, com o propósito de permitir o ingresso de mais quadros com mestrado e doutoramento, já que, segundo ela, a segunda fase do projecto vai permitir a inclusão no programa curricular de mais cursos, como os de Direito e Medicina. Entre as várias áreas de serviço, o estabelecimento de ensino possui 14 salas de aula, número que deverá aumentar quando for materializada a segunda fase.

A responsável lamentou a fraca adesão dos estudantes ao curso de Engenharia Agronómica, tendo em conta a necessidade que o país tem de quadros formados nesta área para galvanizar o sector Agrícola, no âmbito da estratégia de diversificação económica.