Equipamento utiliza o electrolisador (HHO), que corresponde a duas moléculas de hidrogénio e uma de oxigénio, uma vez que a máquina produz os dois componentes ao mesmo tempo
Os irmãos Alberto Atende Kassoma, de 23 anos, que fez a formação no curso de Ensino Primário, no Magistério da Caála, e Mário Sapato Kassoma, de 19 anos, estudante da 12ª classe, no curso de Ciências Físicas e Biológicas, no Liceu Francisco Fato, na Centralidade Fernando Muteka, residem no bairro CRC Terceiro, no município da Caála. Ambos inventaram uma máquina de soldadura que funciona à base de água alcalina.
O Jornal de Angola confirmou no local e viu o funcionamento em pleno da máquina, que também actua sobre o bronze, ferro, cobre e alumínio, sem sobressaltos.
Segundo os irmãos Kassoma, a máquina foi montada com material vulgar, que não quiseram revelar. O projecto começou a ser levado a sério em 2018, com os primeiros resultados da experimentação.
Método
de isolar o hidrogénio
"Em primeiro lugar, tínhamos a curiosidade de descobrir o verdadeiro valor do hidrogénio, uma vez que na escola aprendemos que é o elemento que não se encontra isolado na natureza e existem métodos apropriados para poder separá-lo”, conta Alberto Kassoma.
Este primeiro elemento químico da tabela periódica, o hidrogénio, prosseguiu, apresenta-se em três formas na natureza: como brótio, déltrio e o trítio. No caso concreto, os irmãos estão a trabalhar com o déltrio, que mais parece na natureza e em estado gasoso.
Os inventores explicaram que o hidrogénio é utilizado para o fabrico de fertilizantes, na indústria petrolífera e tantas outras funções. "Descobrimos, por intermédio da pesquisa e experimentação, que ele atinge grandes temperaturas e o nosso pensamento foi encontrar em que trabalho devíamos aplicar a nova descoberta”, disse o mais velho dos irmãos.
Primeiros
resultados
Depois de várias tentativas fracassadas para encontrar os resultados, Alberto Atende Kassoma e Mário Sapato Kassoma mantiveram a persistência.
Os primeiros resultados foram insuficientes para idealizar a máquina, o que levou a aprofundar as investigações, ao ponto de desenvolverem um modelo próprio, que depois de aplicado, começou a dar resultados.
As pesquisas começaram quando o mais velho dos irmãos estava a receber as primeiras lições de Química, no ensino de base, na altura com 16 anos de idade, em 2018, época que a máquina de soldadura começou a ser projectada.
Até o ano 2023, a máquina já estava a funcionar e só estavam a criar as condições para a divulgação dos resultados das investigações.
Aula
prática de Química
A equipa de reportagem do Jornal de Angola que foi ao local deparou-se com uma caixa metálica azul. Depois que foi aberta, não deu para entender mais nada, porque o acto transformou-se numa aula prática de Química.
Do pouco que foi revelado ficou a ideia de que a máquina não funciona com o eléctrodo, usado no sistema de soldadura de oxiacetileno, onde se emprega a vareta soldadura de gás e o fluxo.
Os irmãos Kassoma utilizam o electrolisador (HHO), que corresponde a duas moléculas de Hidrogénio mais uma de Oxigénio, uma vez que a máquina produz Hidrogénio e Oxigénio ao mesmo tempo.
A máquina tem como matéria-prima a água e uma base alcalina. Existem outros procedimentos que a dupla optou por não revelar. Na ausência de alcalina, a soda caústica ou hidróxido de sódio e o bicarbonato, podem servir.
Além desta combinação, o aparelho é alimentado por um sistema eléctrico e não consome muita luz, um quadro pré-pago doméstico pode suportá-lo, normalmente, sem muitos gastos.
O aparelho é chamado por Electrolisador, por causa do processo que usa, que é de electrólise, método de separação de substâncias por meio da corrente eléctrica.
Depois de realizar a soldadura, a máquina não emite dióxido de carbono, mas deita novamente o vapor de água, pois, o hidrogénio, em contacto com o oxigénio, na atmosfera, volta a formar água e o calor é que é usado para a soldadura. A reacção tem, como resultado, água mais calor, por isso o aparelho é cem por cento ecológico, sem nenhum prejuízo ao ambiente.
Esta reacção atinge grande temperatura, suficiente para soldar e realizar cortes de ferro de grande espessura.
Os entrevistados disseram ter revelado apenas 30 por cento do mecanismo de funcionamento da máquina. A parte interna, disseram, tem mais elementos que vão ser mostrados só depois do patenteamento.
O aparelho tem um manómetro, capaz de medir a pressão do gás, um sensor de temperatura que dispara automaticamente quando estiver muito alta e volta a ligar-se assim que baixar. Tem, também, um dispositivo que indica a quantidade de energia que estiver a consumir.
Em caso de patenteamento, a máquina vai ter a marca ALMARK, fusão dos nomes dos irmãos Alberto e Mário Kassoma.
Aprofundar as pesquisas
Os irmãos Kassoma prometem aprofundar as pesquisas, procurar formas de ampliar a produção. A prioridade, contudo, é patentear o protótipo da sua criação.
Com o registo, disseram, haverá mais liberdade de produzir outras máquinas capazes de trabalhar e dar resposta às necessidades do mercado, com uma máquina totalmente ecológica.
Apesar de estar a funcionar, não deixam de considerá-la modelo, porquanto, querem melhorar outros aspectos, para que as próximas a serem fabricadas, estejam mais acabadas.
O sonho dos dois irmãos é aprofundar os conhecimentos, ingressando num dos institutos tecnológicos do país ou do estrangeiro, para garantir a formação na área da Engenharia.
Alberto Atende Kassoma, o mais velho, quer fazer um curso de Química, a partir do próximo ano, para se especializar em Engenharia Electroquímica, um dos ramos da Química. Desde que terminou o ensino médio, há quatro anos, não consegue dar continuidade aos estudos, porque a província não tem o curso dos sonhos. Por isso pede o apoio do Ministério do Ensino Superior, reitorias das Universidades José Eduardo dos Santos e Agostinho Neto, bem como o Instituto Nacional de Gestão de Bolsas de Estudo(INAGBE), no sentido de lhe ser concedida uma bolsa de estudo para a formação nesta área.
Descobertos pela mídia local
A ideia dos irmãos Kassoma era criar e patentear a máquina, para divulgar mais tarde. Mas, devido às dificuldades financeiras, escolheram procurar os órgãos de comunicação social da província, para a divulgação da sua criação e encontrar ajuda para registar o projecto.
"Queremos apoios do Governo provincial e das instituições afins, para nos ajudarem neste processo”, apelaram.
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