Opinião

Lembrança e legado do “Processo dos 50”

Num dia como hoje, do longínquo ano de 1959, a famigerada Polícia Internacional e de Defesa do Estado – Direcção Geral de Segurança (PIDE-DGS) desencadeou, em Luanda, uma séria de detenções de nacionalistas angolanos, que foram submetidos a julgamentos.

29/03/2024  Última atualização 14H15

Assim começava o chamado "Processo dos 50”, uma designação que lembra exactamente o número de pessoas detidas e julgadas simplesmente por promoverem, já naquela altura, o ideário e necessidade de Independência Nacional através de intensa actividade clandestina, dentro e fora do país.

Segundo relatos históricos, que devem ser devidamente preservados para bem da memória colectiva do povo angolano, o ano de 1959 foi bastante agitado na medida em que os vários grupos que desencadeavam acções clandestinas, traduzidas em distribuição de panfletos, envio de correspondência para o exterior, as viagens dentro e para fora de Angola e a mobilização da população, ameaçavam o poder colonial.

Para contrariar a vasta e eficiente rede de informadores que a PIDE-DGS possuía em todo o país, as perseguições em todos os locais, as detenções arbitrárias, a tortura e os assassinatos perpetrados pela nojenta máquina colonial, a clandestinidade passou a ser a melhor estratégia de luta. E os seus efeitos foram eficazes na medida em que o monstro acabou derrubado com todas as  acções corajosas de nacionalistas como Sebastião Gaspar Domingos, Fernando Pascoal da Costa e António Pedro Benge, Agostinho Mendes de Carvalho, João Fialho da Costa, Maria do Carmo Medina, apenas para citar estes.

O ideal de Independência começou cedo e com o papel e acções de milhares de angolanos, entre conhecidos e anónimos, sobre os quais devemos render permanentemente a nossa singela homenagem. Afinal, foi graças às várias gerações de nacionalistas, entre elas a do Processo dos 50, das quais algumas individualidades não sobreviveram para usufruir dos ganhos da Independência Nacional.

Dirigindo-se aos nacionalistas do Processo dos 50, anos depois da Independência Nacional, o primeiro Presidente de Angola, Dr. António Agostinho Neto, tinha caracterizado, nas palavras que se seguem, o papel protagonizado pela referida geração, dizendo: "vocês foram os que agarraram a besta pelos cornos, a minha geração limitou-se a dar-lhe um pontapé do rabo”.

Hoje, 65 anos depois, as gerações mais novas precisam de aprender o quanto custou a liberdade, precisam de se inspirar em acções e motivações geradas pela referida geração para a construção de uma Angola desenvolvida e moderna.

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