Em entrevista ao Jornal de Angola, a Subcomissária Teresa Márcia, 2ª Comandante Provincial de Luanda do Serviço de Protecção Civil e Bombeiros (SPCB), que atende a área Operativa, falou sobre a operacionalidade e a actuação deste órgão do Ministério do Interior responsável pela salvaguarda da vida dos cidadãos e seus bens patrimoniais.E como não podia deixar de ser, falou do seu sonho antigo e concretizado de ser bombeira e dos desafios que as mulheres enfrentam nessa nobre profissão
A ministra das Finanças chefiou uma delegação angolana que participou, desde segunda-feira passada até domingo, em Washington, nas reuniões de Primeira do Banco Mundial e Fundo Monetário Internacional (FMI). Em entrevista à Rádio Nacional e ao Jornal de Angola, Vera Daves de Sousa fez um balanço positivo das reuniões – oitenta, no total –, sendo que, numa delas, desafiou a Cooperação Financeira Internacional (IFC) a ser mais agressiva e ousada na sua actuação no mercado angolano. O vice-presidente da IFC respondeu prontamente ao desafio, dizendo que até está a contar ter um representante somente focado em Angola e não mais a partilhar atenção com outros países vizinhos na condução local do escritório do IFC. Siga a entrevista.
O Ensino Superior em Angola precisa de reformas profundas para se ter uma educação a sete cores, segundo Marcelino Pintinho, jovem angolano de 37 anos que acaba de obter o segundo doutoramento, desta vez em Sociologia, na Universidade de Évora, em Portugal, depois do primeiro, em Ciências da Educação, no Paraguai.
Por que razão lhe foi atribuída a mais alta distinção em doutoramento a nível da União Europeia?
Obtive
a maior distinção de títulos europeus aprovada por unanimidade pelo corpo de
jurado. Foi-me ainda atribuída uma
distinção de louvor que se deve ao
mérito, sacrifício e espírito de entrega e, sobretudo, sentido de pertença em
matéria de formação. Isso também se deveu ao facto de ter sido dos poucos
africanos e o primeiro angolano, numa cerimónia de 78 professores Doutores.
Certamente que isso constitui para si e para sua família um motivo de orgulho?
Na
nossa realidade angolana, essa distinção
equipara-se à nota de 20 valores, ou seja, a classificação mais alta de
títulos de doutoramento a nível do continente europeu, aprovado com louvor,
unanimidade e distinção. Essa classificação deve servir de orgulho e referência
para a comunidade angolana . Com mais esse título, passo a ter dois
doutoramentos, sendo que o primeiro o fiz no Paraguai e agora o segundo, aqui
em Portugal. Portanto, sou Ph.D. duas vezes, ou seja, duplo Doutor.
Como é obter dois doutoramentos com a sua idade, tendo em conta a realidade angolana?
Olha,
foi um sonho, tudo por conta de um cidadão guineense chamado António Nhaga, que
foi meu professor na extinta Faculdade de Letras e Ciências Sociais da
Universidade Agostinho Neto. Quando o conheci, era duplo Doutor, ou seja,
possuía dois doutoramentos, um em Sociologia e outro em Direito. Senti orgulho
dele e acreditei que algum dia também chegaria lá. Acreditei em mim mesmo e
investi. Hoje, felizmente, sou dos poucos jovens angolanos com dois
doutoramentos feitos em dois continentes, ou seja, na América e na Europa. Foi
uma tarefa muito complicada, pois estudar fora de Angola e sem apoio ou bolsa
de estudo suportado pelo Estado é muito difícil.
Qual foi o tema estudado para a elaboração da defesa de tese na Universidade de Évora?
A
defesa de doutoramento teve como título "O analfabetismo e o desemprego como
factores de exclusão social: o caso do município do Cazenga, em Luanda”, sob a
orientação da professora doutora Maria Baltazar. Mas, a cerimónia de imposição
das insígnias doutorais decorreu na Sala de Actos da referida Universidade e
foi presidida pela Magnífica Reitora da Universidade de Évora, Professora
Doutora Hermínia Vasconcelos Vilar. A cerimónia foi prestigiada pelo arcebispo
de Évora D. Francisco Coelho, membros do aparelho do Estado, directores
nacionais, professores e comunidade académica. O acto ocorreu no âmbito das
celebrações do dia da Universidade de Évora que se assinalou no dia 1 de
Novembro, sendo que a instituição celebra 459 anos. É considerada a segunda
universidade mais antiga de Portugal e uma das nove mais prestigiadas da Europa.
Quantos cursos tem disponíveis esta universidade?
A
Universidade de Évora possui uma oferta formativa de 35 cursos de doutoramento,
41 de mestrados e 78 licenciaturas. Esta cerimónia de entrega de diplomas durou
quatro horas. Sinto-me orgulhoso em ser
o único africano e Angola distinguido num universo de 78 professores doutores.
Fale-nos um pouco do seu percurso académico, até chegar a Professor Doutor.
Sou
licenciado em Sociologia pela Universidade Agostinho Neto, mestre em Ciências
da Educação, pós-graduado em Inteligence e Estudos de Segurança. Sou Doutor em
Ciências da Educação pela Universidade Metropolitana de Assunção, no Paraguai,
e, agora, Doutor em Sociologia pela Universidade de Évora, em Portugal.
Sabemos que cresceu no Cazenga, onde começou os seus estudos. Conte-nos um pouco da sua vivência naquele município.
O
meu percurso académico parece ser uma heresia, mas não. Sou um jovem
proveniente de uma família humilde, sem qualquer referência na sociedade
angolana. Vivi no município do Cazenga, por sinal um município conotado com a
marginalidade e cresci num ambiente de bastante hostilidade, criminalidade e o
meu percurso parecia ser uma ventura equiparada a "Alice no país das
maravilhas”. Com 22 anos, já era licenciado, com 25, fiz o mestrado e com 30
aos, cheguei a Ph.D. Sou, modéstia a parte, uma excepção para muitos jovens
angolanos.
Pode-se dizer que acreditou nos caminhos da vida e venceu com honestidade e muito sacrifício?
Sou,
como disse, um jovem angolano, natural de Luanda, município de Cazenga. A minha
família é do bairro, pelo que tive de fazer muito sacrifício. Fiz tudo de forma
sincera e honesta para ganhar a vida. Por acreditar nos desafios da vida,
consegui resistir às desigualdades do Cazenga e estudar no Futungo, na extinta
Faculdade de Letras da Universidade Agostinho Neto. Sou um jovem sem qualquer
ligação partidária, mas que acredita numa Angola melhor, com o contributo de
todos.
O que representa para si essa distinção na sua carreira enquanto cidadão e académico?
Essa distinção representa um orgulho para África e uma conquista para Angola. Devíamos nos orgulhar, pois num universo de 78 Doutores de várias nacionalidades, Angola foi a única representação africana. Isso representa tudo para uma nação e sobretudo para um povo especial que somos os angolanos. Só não reconhece quem não é patriota.
Temos conhecimento que leciona várias disciplinas ligadas à Sociologia. Pode enumerá-las?
Sou
docente há mais de 14 anos. Leciono em várias universidades, com destaque para
os Mestrados nas Universidades Jean Piaget (Unipiaget) e Privada de Angola
(UPRA). Nas licenciaturas, dou aulas na Unipiaget, nos cursos de Psicologia,
Introdução à Sociologia, e nos cursos de Sociologia, Sondagens de Mercado e
Gestão de Recursos Humanos. No Instituto Superior Politécnico Internacional de
Angola (ISIA) trabalho com as cadeiras de Introdução à Pesquisa Científica e
Seminário de Trabalho de Fim de Curso.
Que incentivo deixa aos jovens na sua idade para que possam também alcançar tal proeza?
O
primeiro incentivo é acreditar nos objectivos que traçamos e que a idade não
constitui uma barreira para alcançar desafios. Precisamos investir em nós
mesmos e não esperar que outras pessoas façam por nós. A idade não pode ser um
factor de exclusão, mas um incentivo para obter conquistas e realizações.
É oficial comissário do Serviço de Proteção Civil e Bombeiros. Até que ponto a escola de Bombeiros pode contar com o seu saber na transmissão de conhecimentos visando ao desenvolvimento da corporação e do país no geral?
Desde
que me tornei Ph.D, houve um investimento por parte do Ministério do Interior e
do Serviço de Protecção Civil e Bombeiros, onde granjeei, com mérito, a patente
de oficial comissário, por sinal o mais jovem do país. Tenho feito com ajuda
dos meus superiores, o meu melhor para contribuir no sistema de formação dos
efectivos na Escola, como a reestruturação do perfil de entrada e saída do
agente de Bombeiros e de Protecção Civil. Foi-me dada uma oportunidade de
trabalhar nas áreas de formação onde, com os dois doutoramentos, acredito estar
a contribuir para o desenvolvimento do Ministério do Interior, em particular do
Serviço de Protecção Civil, onde sou efectivo há mais de 17 anos.
Como olha para o ensino superior feito em Angola? Está bem ou carece de melhorias em termos de qualidade?
O
ensino superior em Angola é caracterizado como bom, mas precisa melhorar em
muitos aspectos, desde a criação de um fundo para a investigação científica
sério, e não o de faz de conta. A valorização da pesquisa, sobretudo nas áreas
técnicas a remuneração compatível com a função para os docentes, para evitar
que Professores Doutores troquem o ensino e a investigação por outras
profissões como de técnico da AGT ou Sonangol e magistrado do Ministério
Público ou Judicial.
Entende ser necessário reformar o ensino superior no país?
Não
se pode permitir que o ensino superior seja uma tribuna de greves constantes
por falta de consenso, como se verificou. É preciso valorizar os investimentos
feitos nesse sector e institucionalizar uma entidade para exercer a supervisão
do mesmo. Devemos deixar de pensar que o professor tradicional detém o
monopólio das faculdades. O ensino superior em Angola precisa de reformas
profundas para se ter uma educação a sete cores. Ainda é possível lá chegar.
Portanto, não está satisfeito com os actuais moldes?
Fico
com a impressão de que não há controlo dos quadros que estão no exterior do
país. Por exemplo, sou duplo Doutor mas não sou convidado para lecionar nas
universidades públicas do país, o que configura uma desatenção de quem
superintende o Ensino Superior em Angola. Nunca fui consultado para um projecto
de investigação em Angola! Acho isso um paradoxo porque obtive a maior
distinção de títulos a nível da União Europeia.
Acha que deveria haver uma política de captação de quadros?
O
Executivo deveria traçar uma política de captação de quadros com maior
sensibilidade. Não é normal ter um jovem de 37 anos com dois doutoramentos e
não tem qualquer contacto em matéria de investigação com o Ministério de
tutela. Isso traduz que o referido Ministério possui excesso de quadros…
Qual é a sua opinião sobre o desenvolvimento do país, na actual conjuntura?
O
país é um desafio para novas e velhas gerações. Precisamos acreditar mais em
nós, trabalhar de forma conjunta com sentimento de nós, pensar em programas e
políticas públicas para mitigar as desigualdades sociais, promover o
desenvolvimento, reduzir a pobreza e começar a definir uma nova Angola. Não
vamos esperar que outras pessoas definam as metas que devemos seguir. Ao longo
do meu percurso académico nos dois continentes, pude apurar que temos tudo para
construir uma Angola melhor, porém, devemos possuir mais sensibilidade humana
para algumas realizações.
Qual é o seu maior desejo enquanto cidadão?
Ter
uma Angola sem analfabetismo, sem malária e todos os bairros ou musseques
asfaltados, sem crianças fora do sistema de ensino, sem pessoas a comer nos
contentores. Esse é o meu maior desejo e sei que é possível atingi-lo. Com
políticas públicas bem concretas, acredito que podemos chegar lá. Sei que o
Executivo está a fazer todos os esforços para que se tenha o melhor para os
angolanos.
Tem publicado três livros. O que aborda cada um deles?
O
primeiro livro é "Os efeitos da fuga à paternidade na estrutura familiar”, que
retrata das consequências que a fuga à paternidade traz na estrutura familiar.
O segundo é "Exclusão social dos idosos”, que fala sobre os filhos que não têm
paciência para com os mais velhos e acabam por os abandonar à sua sorte. O
terceiro é "Gravidez na adolescência e os desafios da maternidade”, onde
destaco o papel da jovem mãe adolescente e os dilemas da maternidade.
Qual foi o motivo para escrever cada uma das obras?
O
maior motivo são os problemas sociais sobretudo familiares que Angola enfrenta,
aliado à falta de literatura científica sobre a Sociologia, Direito da Família
e Educação.
É ou não caro produzir livros em Angola?
É muito complicado porque não há incentivo para a publicação. Algumas editoras que existem não estão preocupadas com a investigação, mas com os lucros. Sem patrocínio não se pode publicar livros. parece-me que a publicação de livros está concebida para uma elite com um certo capital social.
PERFIL
Marcelino
Pintinho
Filiação - André
Jutalo Pintinho e Esperança Cariço
Naturalidade -Luanda
Data
e Local de Nascimento:-11
de Agosto de 1986, no município do Cazenga, em Luanda
Estado Civil -Casado e pai de três filhos
Formação académica - Duplo Doutor em Sociologia e Ciências da Educação
Sou licenciado em Sociologia pela Universidade Agostinho Neto, mestre em Ciências da Educação, pós-graduado em Inteligence e Estudos de Segurança. Sou Doutor em Ciências da Educação pela Universidade Metropolitana de Assunção, no Paraguai, e, agora, Doutor em Sociologia pela Universidade de Évora, em Portugal.
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LoginKaissara é um poço de revelações quase inesgotável, como a seguir verão ao longo desta conversa, em que aponta os caminhos para um futuro mais consequente da modalidade; avalia o presente das políticas adoptadas sobre a massificação e formação. Mostra-se convicto de que o país pode, sim, continuar a ser a maior potência africana do Hóquei em Patins
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