Política

Mulheres podem contribuir para a resolução pacífica de conflitos

O representante permanente de Angola junto das Nações Unidas, em Nova Iorque, Francisco José da Cruz, defendeu que a presença de mulheres em posições de liderança pode reduzir consideravelmente a probabilidade de surgimento de conflitos violentos e contribuir para as perspectivas de resolução pacífica dos conflitos existentes.

28/04/2024  Última atualização 08H14
Francisco José da Cruz destaca papel da mulher nos processos de mediação e reconciliação © Fotografia por: Paulo Mulaza | Edições Novembro

Francisco José da Cruz falava, quinta-feira, na abertura de um evento subordinado ao tema "Mulheres em Processos de Paz: Da Formação à Mediação Activa”, realizado à margem da Sessão do Conselho de Segurança da ONU sobre a situação na Região dos Grandes Lagos.

No seu entender, desde  a adopção da histórica resolução 1.325 sobre "a paz e a segurança das mulheres, em 2000, os esforços globais para promover a inclusão, a participação e o empoderamento das mulheres nos processos de paz evoluíram significativamente”.

O diplomata disse reconhecer que existe, actualmente, uma maior compreensão da importância da inclusão das mulheres em todas as fases dos processos de paz.

"A experiência em todo o continente africano tem demonstrado repetidamente que as mulheres desempenharam um papel crucial nos processos de mediação e reconciliação nacional”, sustentou.

Ao longo da sua alocução, o embaixador Francisco José da Cruz afirmou que o poder das mulheres nos países emergentes de conflitos também foi visível na liderança política e nas organizações da sociedade civil para alcançar uma paz duradoura.

O diplomata observou que a relevância do envolvimento total e da participação igualitária das mulheres nos esforços globais para a manutenção e promoção da paz e segurança é hoje inquestionável.

O representante permanente de Angola fez saber que o papel das mulheres é, sobretudo, fundamental na garantia de uma resposta humanitária eficaz em contextos pós-conflito e na promoção da construção da paz.

Entretanto, o embaixador na ONU lamentou o facto de que a presença da mulher é muitas vezes negligenciada e colocada em segundo plano em casos de prevenção e resolução de conflitos.

"Apesar do impulso global para uma maior inclusão e participação das mulheres em todas as etapas da mediação, construção e manutenção da paz, a realidade é que a participação das mulheres nos processos formais de paz e nas operações de manutenção da paz continua baixa. O número de mulheres formadas e capacitadas para lidar com situações de conflito ainda é insignificante”, frisou.

O diplomata aproveitou a ocasião para apelar ao redobrar de esforços colectivos, com vista a garantir uma maior participação das mulheres em todas as tomadas de decisão a nível nacional, regional e internacional, realçando que nenhum processo de mediação deve ser realizado sem a inclusão e participação efectiva  das mulheres.

Francisco da Cruz disse que a formação e o reforço das capacidades das mulheres continuam a ser uma ferramenta indispensável para colmatar as lacunas existentes e avançar ainda mais na inclusão, participação e empoderamento das mulheres.

Por isso, encorajou as partes negociadoras a incluir mulheres nas suas delegações quando lideram os esforços de mediação, defendendo a promoção da prática de consultas com organizações locais de mulheres em diferentes fases de negociações de paz.

O representante permanente de Angola junto das Nações Unidas reiterou que as mulheres fazem sempre a diferença nos processos de paz. A sua plena inclusão e participação são fundamentais para prevenir conflitos e mudar a dinâmica dos processos para alcançar uma paz duradoura no mundo, afirmou.

O evento contou com a participação do enviado especial do Secretário-Geral da ONU para a Região dos Grandes Lagos, Huang Xia, dentre outros embaixadores acreditados na sede das Nações Unidas.

O objectivo principal foi o de promover o diálogo entre as partes interessadas da ONU, da sociedade civil e da academia sediadas em Nova Iorque e as mulheres que praticam a mediação de conflitos na Região dos Grandes Lagos para ampliar as discussões sobre Mulher, Paz e Segurança, bem como catalisar uma acção acrescida, no sentido de ampliar os esforços de construção da paz inclusivos de género nos Grandes Lagos.

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