Em pista, passaram os Blocos da Juventude e Desportistas, o grupo da classe infantil União Geração Sagrada, Admiradores do Kazukuta do Hoje -ya-Henda, Nzinga Mbandi e Twabixila.

Ao ritmo do semba, kazukuta e cabecinha, os grupos carnavalescos da classe de adultos, com destaque para o Nzinga Mbandi, Juventude do Kapalanga, Unidos do Zango, mostraram aos munícipes parte do enredo que foi apresentado no acto central de segunda-feira.

Na ocasião, o vice-governador para área Política Social, Manuel Gonçalves, defendeu uma maior participação dos munícipes na maior manifestação cultural do país. "Hoje (ontem), as atenções estiveram viradas para o Carnaval de Rua, que aconteceu no Cazenga, Sambizanga e Viana”.

Manuel Gonçalves avaliou de forma positiva a realização do Carnaval de Luanda e que "os grupos fizeram um grande esforço e exibições agradáveis, por isso, sentimos que foi um grande ganho, tanto para a organização como para os grupos que participaram”.

O vice-governador disse que para este ano, pretendeu-se realizar de forma regular o Carnaval fora de época a nível dos municípios e uma maior mobilização nas escolas e nas comunidades, para continuar a preservar a identidade do povo angolano. "Continuamos a trabalhar de forma árdua para recuperar alguns estilos de dança que vão perdendo alguma expressão no contexto da preservação, divulgação e valorização”.

Para o chefe da secção  dos Tempos Livres, da Administração de Viana, Edson Muloje, o Carnaval de Rua já é uma marca e que se pretende dar continuidade da verdadeira festa de Carnaval a nível dos municípios. O coordenador do Bloco Desportivo, Charle Quimuanga, disse que o grupo tem recebido todos os anos, o convite da Administração Municipal de Viana para participar na festa do povo.

Sambizanga mantém a tradição com desfile na rua 12 de Julho

Munícipes do distrito urbano do Sambizanga, fantasiados de máscaras e trajados à moda antiga, saíram, ontem, às ruas para festejar o Carnaval de Rua. O cenário escolhido foi a rua 12 de Julho, para celebrar e manter acesa a chama do Carnaval do antigamente.

Embora com o passar dos anos a cultura dos desfiles de rua tenha diminuído consideravelmente, ainda há zonas na cidade de Luanda que vão preservando essa prática.

Nesta época, o espírito carnavalesco atiça a criatividade dos foliões que não mediram esforços para produzir a melhor fantasia. Uns mascarados com carvão, homens "transformavam-se” em mulheres e vice-versa. O bebé adulto com fraldas descartáveis, crianças, adolescentes, jovens e adultos trajados à bessangana faziam toda a diferença nas ruas do Sambizanga.

O funcionário público, Manuel Mateus, que vive no Sambizanga há mais de 40 anos, explicou à reportagem do Jornal de Angola que actualmente o Carnaval de Rua mantém a mesma alegria e fantasia. O que falta, sugeriu, são os incentivos.

Apesar da actual situação económica que o país atravessa, o distrito urbano, reforçou, tem procurado manter viva a tradição dos bailes de Carnaval. "É necessário que a luz e a essência do Carnaval de Rua se mantenham porque é também uma forma de manifestação cultural e preservação da cultura angolana.”

Manuel Mateus alertou que "não devemos só prestar atenção ao Carnaval, mas a importância da valorização de outras disciplinas artísticas que têm contribuído de forma significativa na moralização da sociedade. É necessário que todos voltem às suas raízes e o Carnaval tem esse poder congregador, nos ajuda a fazer uma reflexão do passado da nossa história e a rever os costumes perdidos”, disse.

Já Fernando Lucas, que celebra o Carnaval há 8 anos, explicou que o Entrudo de Rua não é o mesmo do antigamente porque actualmente as pessoas já não vão as ruas para celebrar a maior festa cultural angolana.

Antigamente,  recorda, as comodidades davam algum valor monetário, mas com a actual situação económica as coisas mudaram, e os grupos carnavalescos merecem um pouco mais. "Eles têm-nos feito voltar à verdadeira excelência do Carnaval”, ressaltou.

O representante do grupo União Kabocomeu, Joaquim Filho, disse que actualmente o Carnaval de Rua perdeu significativamente a alegria por questões de segurança, aumento da criminalidade, falta de iluminação pública e a dificuldade de acesso às zonas periféricas. "Anteriormente as pessoas arrecadavam um valor para entregar aos grupos. Hoje já não se faz sentir. Fomos fazer o Carnaval das cinzas, infelizmente não conseguimos nada”, lamentou.

O comandante do União Kazucuta do Sambizanga, Fernando Ngola, disse que o Carnaval de Rua representa as raízes da cultura angolana. Para a grande festa de rua, o comandante reforçou a importância de uma maior mobilização dos populares e o envolvimento das instituições públicas e privadas.

Distrito Urbano de Cacuaco vence despique local

O grupo carnavalesco do Distrito Urbano de Cacuaco venceu, pela segunda vez consecutiva, com 134 pontos, o desfile do Carnaval de Rua do município, edição 2024, que teve como cenário o largo da Igreja Católica São João Baptista, na rua principal da vila sede.

O segundo e terceiro lugares foram ocupados pelos grupos carnavalescos da comuna da Funda com 121 pontos e do distrito urbano do Kikolo com 106 pontos, respectivamente.

O vencedor vai beneficiar de um prémio no valor de dois milhões e quinhentos mil kwanzas, o segundo um milhão e quinhentos e o terceiro um milhão de kwanzas.

O desfile contou com os grupos de animação Kuximona e o bloco da Administração Municipal de Cacuaco. Participaram no desfile os grupos da comuna da Funda, dos distritos do Kicolo, do Mulenvo de Baixo e Sequele.

O administrador adjunto para Área Técnica de Cacuaco, Elias Kulipanga, afirmou ser importante que as manifestações culturais não se restrinjam apenas no desfile central provincial. Por sua vez, o director municipal de Cacuaco da Cultura e Turismo, Henriques Neves, frisou que é importante recuperar a mística de brincar o Carnaval nos municípios.

O soba grande do município de Cacuaco, Manuel Falcão, afirmou que o Carnaval é a maior manifestação cultural que representa a matriz cultural dos angolanos, solidariedade e união entre os povos.

Vencedores do Entrudo de Luanda são conhecidos hoje

Os vencedores das três classes do Carnaval de Luanda são conhecidos, hoje, às 10h00, de acordo com a Comissão Preparatória do Carnaval que espera um processo de apuramento dos resultados com a maior transparência, pelo que apelou aos grupos carnavalescos o respeito pela decisão do júri.

O processo de contagem dos votos acontece nas instalações da Liga Angolana de Amizade e Solidariedade para com os Povos (LAASP).

O presidente da Associação Provincial do Carnaval de Luanda (APROCAL), Tany Narciso, fez um balanço positivo da realização dos desfiles da edição 2024 do Carnaval.

Em declarações à imprensa, Tany Narciso ressaltou as mensagens positivas e encorajadoras recebida pela produção do Carnaval. Referiu que esta edição foi uma experiência produtiva para a preparação  da edição do Carnaval de 50 anos de Luanda, a ser celebrado em 2025.

Os Serviços de Protecção Civil e Bombeiros registaram, segundo a porta-voz, inspectora-chefe Maina Denise Panzo, 76 ocorrências entre as quais desidratação, desmaios, alergias, dor de estômago e desfalecimentos.

Maina Denise Panzo  referiu que destes casos, cinco foram pessoas graves que acabaram por ser evacuadas para o hospital Josina Machel  e à clínica da ENDIAMA. Agora, alertou, as atenções estarão viradas para hoje, dia dedicado à divulgação dos vencedores das três classes A, B e infantil.

 Armindo Canda  Maria Hengo| Manuel Barros | Cacuaco