Sociedade

Negligência dos automobilistas apontada como causa dos incêndios em viaturas

Engrácia Francisco

Jornalista

O caso mais recente ocorreu no início deste mês de Fevereiro, quando uma viatura de marca MG, de cor branca, ficou carbonizada, na zona da Estalagem, município de Viana, em Luanda.

20/02/2024  Última atualização 09H56
Viatura de serviço de táxi personalizado pega fogo, na zona da Estalagem, Viana, em Luanda © Fotografia por: DR

O motorista do veículo, Domingos Francisco, que saiu ileso do incidente, afirmou que a situação poderia estar relacionada com o mau estado técnico da viatura. "O carro começou a apresentar problemas técnicos depois de ter chegado à Estalagem", conta. O automobilista explicou que conduzia normalmente e ainda tinha usado o mesmo meio um dia antes e não apresentava nenhuma anomalia.

Porém, continuou, repentinamente, começou a notar que o carro perdeu a rotação do motor e imediatamente ouviu um barulho estranho. "Parei o veículo para identificar o problema e vi que havia fogo no motor”, recorda.

No momento do incidente, o motorista não se fazia acompanhar de um extintor.

Nos dias anteriores, ocorreram muitos outros casos semelhantes, de acordo com a porta-voz do Serviço de Protecção Civil e Bombeiros de Luanda, Maina Panzo. Avançou que nos últimos dois meses, o SPCB em Luanda registou 14 casos de incêndios de veículos ligeiros e pesados. "Tivemos cinco autocarros que incendiaram na via pública, dois camiões, um deles, inclusive, transportava botijas de gás butano e viaturas ligeiras", detalhou.

Maina Panzo ressaltou que o número de viaturas ligeiras, que incendeiam na via pública, tende a aumentar. "Temos de fazer tudo para que esta situação reduza, seguindo as orientações que visam garantir a segurança, tanto do veículo, como do automobilista", recomendou.

 
Inspecções periódicas

A Direcção de Trânsito e Segurança Rodoviária (DTSER), através do Centro de Inspecção, tudo tem feito para minimizar os efeitos negativos, referentes ao índice elevado de veículos que pegam fogo em plena via pública, por meio das inspecções periódicas obrigatórias, que vão aferir o estado técnico do veículo, garantiu o chefe de Secção de Registo, Cadastro e Licenciamento de veículos.

Carlos Massoxi avançou que os incêndios em veículos automóveis resultam, na maioria das vezes, de problemas apresentados pelo sistema eléctrico e do mau estado de conservação. "Embora as inspecções sejam meramente técnicas, para aferir o sistema de suspensão, travagem e de direcção, também, é verificado o sistema eléctrico, através das luzes, e caso a instalação eléctrica do veículo apresentar alguma situação fora do normal, alerta-se o condutor a procurar um especialista em electromecânica para posterior solução", disse.

 
O uso de extintor

O Estado, acrescentou, criou por meio do Decreto 145/17 de 26 de Junho, que aprova o Regulamento de Acessórios de Segurança, Avisadores Especiais, o uso de extintores de incêndio, Equipamento de primeiros socorros e Sinalização Luminosa. O   número 1 do  artigo 15.º deste Regulamento diz que todos os veículos automóveis, utilizados para o transporte público  de passageiros, devem possuir um aparelho extintor de incêndio em condições de imediato funcionamento, colocado em locais visíveis e de fácil alcance e com uma capacidade não inferior a dois quilogramas.

Os veículos automóveis pesados de passageiros com lotação de até 20 lugares, acrescentou, devem possuir um aparelho extintor com a capacidade não inferior a quatro quilogramas. Se a lotação for superior a 20 lugares,  a viatura deve possuir um aparelho de extintor com a capacidade não inferior a nove quilogramas.

O mesmo diploma determina que todo o veículo automóvel, em função da tara, peso bruto ou a categoria, deve ter um extintor de incêndio. O incumprimento faz incorrer o infractor em multa, que vai de  60 a 120 UCF(Um (1) UCF equivale a 88 kwanzas). Neste caso, 60 UCF corresponde a 5.808 e 120 UCF a  11.616 kwanzas.

 
Falta de manutenção

O maior problema dos condutores, que leva muitos veículos a incendiar , prosseguiu, é a falta de manutenção dos mesmos". Ressaltou que a Lei, que aprova o Código de Estrada, obriga que todos os veículos novos e também antigos sejam submetidos à inspecção periódica de um em um ano. " O sistema de segurança do veículo é muito importante. Se estiver com algum problema, é reprovado e é dado um prazo de dez dias ao proprietário para consultar um mecânico”, disse.

 
A sensibilidade do veículo

O electricista de automóveis, David João, disse que existem vários factores que podem provocar o incêndio do veículo, porém, grande parte está ligado ao sistema eléctrico.

O especialista explicou que o sistema eléctrico é quase as "veias do carro", porque peças cruciais para o funcionamento do veículo dependem da electricidade.

O sistema eléctrico do veículo, acrescentou, começa a funcionar desde o momento em que o motorista gira a chave de partida. "Nesse momento, a bateria é accionada, enviando electricidade para todos os componentes do carro, por isso, se houver alguma anomalia, o próprio meio apresenta vários sinais, que devem ser levados em conta", disse, acrescentando que uma falha eléctrica pode deixar o carro inoperante e, se acontecer durante o movimento, pode causar acidentes fatais, como é o caso de incêndios.

"Existem aqueles casos em que há vazamento de combustível e cai no escape, por ser uma zona quente, aquele cenário acaba por ser um problema e, por outro lado, pode-se dar o caso de um curto circuito", disse, acrescentando que pode ser que os cabos de vela tenham perdas de corrente ou fuga de gasolina, todos estes factores concorrem para o incêndio do veículo”, esclareceu.

O electricista auto explicou que os carros a gasóleo têm maior probabilidade de ter um curto circuito, enquanto os a gasolina é diferente.

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