Economia

País quer ir além do torrar mandioca

Angola pretende atingir, daqui a cinco anos, uma produção anual de mandioca de 25 milhões de toneladas.

22/03/2021  Última atualização 09H05
Com uma produção anual de 10 milhões de toneladas, Angola é o terceiro produtor de mandioca em África © Fotografia por: Mavitide João Mulaza | Edições Novembro
Para concretizar esta meta, está em vista o aumento do rendimento por cada hectare, passando dos actuais 11 para 20 toneladas.
Segundo a estratégia avançada pelo Instituto de Desenvolvimento Agrário (IDA), a diminuição das incidências das pragas, actualmente em níveis de 15 a 24 por cento, a reconversão das variedades e a disseminação das espécies bio fortificadas são desafios fundamentais dentre as medidas a adoptar de combate à reduzida produtividade por cada hectare.

Até ao momento, a área cultivada da cultura da mandioca no país é de 1,1 milhão de hectare, da qual 928,5 mil hectares representam o espaço da colheita e uma eficiência produtiva anual de 92 por cento.
Estes indicadores permitem que se chegue a uma taxa de crescimento médio de 2,4 por cento ao ano e a produtividade máxima de 11,9 toneladas por hectare.
Nisso, a Região Norte com 66,2 por cento, o Centro com 29,1 e o Sul com 4,7 por cento repartem as quotas nacionais da produção da mandioca.

Já na divisão por província, o Uíge oferece 2,22 milhões de toneladas (20,2 por cento), Malanje segue com 1,62 milhão (13,6 por cento), Cuanza-Sul tem 1,01 milhão (9,1 por cento), o Moxico 972,5 mil (8,7) e a Lunda-Sul aparece, entre as cinco maiores, com 753,4 mil (6,8). As restantes 13 províncias do país, repartem entre si 4,5 milhões de toneladas (40,6 por cento), para totalizar a produção bruta anual de 11,1 milhões de toneladas de mandioca, segundo os dados do Instituto de Desenvolvimento Agrário (IDA).

Recentemente, durante a primeira Conferência Internacional, com o tema "Oportunidades e desafios na cadeia de valor da mandioca em Angola", organizada pelo Ministério da Indústria e Comércio, o ministro Victor Fernandes disse que Angola é o terceiro maior produtor de mandioca em África, depois da Nigéria e o Ghana, e consta do top 15 mundial, ao que vê nessa condição uma excelente oportunidade para tirar as devidas vantagens.
O país tem uma produção anual estimada em mais de 10 milhões de toneladas de mandioca, o Executivo angolano está apostado em desenvolver programas de aproveitamento e agregação de valor a essa produção.

Para tal, o Ministério da Indústria e Comércio, disse o ministro, tem já definido alguns programas específicos de aproveitamento da mandioca, através da promoção da produção bem como na criação de incentivos à compra, transformação e consumo dos vários subprodutos e derivados.

Segundo Victor Fernandes, as bases orientadoras do referido programa assentam na necessidade de incentivar uma maior atracção do investimento privado qualificado, nacional e estrangeiro, visando o incremento da produção nacional voltada para os produtos com maior possibilidade de transformação e de alto valor agrega-do, seleccionando-se os sectores prioritários. Esse processo deverá decorrer segundo os critérios da criação do emprego, da maior e melhor satisfação das necessidades básicas da população, o maior valor acrescentado nacional e a contribuição relativa para a diversificação da economia. A tudo isso, acrescentou, agrega-se o forte pendor na substituição selectiva das importações e na promoção das exportações de sectores com vantagens comparativas de custos nos mercados internacionais.

"Com este programa, almejamos o incentivo ao surgimento da pequena e média indústria transformadora no meio rural e não só, com vista a criar condições que garantam um maior e melhor aproveitamento da mandioca, aumentando a sua produção e alavancar a sua exportação e dos seus derivados em grande escala", declarou.


  Negócio movimenta 4 biliões de dólares ao ano

Os números da agricultura estimam em quatro biliões de dólares o capital movimentado, anualmente, pelo negócio da mandioca no mundo.
Pelo volume financeiro, a conferência "Oportunidades e desafios na cadeia de valor da mandioca" mostrou um produto importante na dieta angolana, que consta da agenda estratégica do Ministério da Indústria e Comércio, razão pela qual mobilizou, recentemente, um fórum virtual com prelectores nacionais e internacionais, nomeadamente do Brasil e Argentina.

Na abertura do encontro, o ministro da Indústria e Comércio, Victor Fernandes, lembrou que há cerca de um ano, em entrevista ao canal estatal de televisão, dentre muitas coisas, teve a oportunidade de estimular a reflexão sobre a problemática da mandioca como sendo um importante alimento cujo alcance deve ser para além da sua transformação em apenas dois produtos de consumo comum na dieta das famílias angolanas.

"Hoje, num contexto mais elaborado, temos a oportunidade de lançar mãos ao trabalho para se estabelecer um plano nacional de aproveitamento da cadeia de valor da mandioca num acto formal como este 1º webinar internacional em que contamos com a parceria de instituições especializadas sobre a matéria tal como a FAO, a Comissão da União Africana para a Agricultura e Desenvolvimento Rural, a Embrapa e a Academia, segmento importante de pesquisa e investigação científica sobre o tema que nos propusemos discutir e trocar ideias", afirmou.

Naquela ocasião, o secretário de Estado da Agricultura, João Bartolomeu da Cunha, disse que a indústria da mandioca, ao nível do mundo, movimenta, anualmente, mais de quatro biliões de dólares, sendo que, em Angola, os factores produtivos podem ser aproveitados na produção de farinha da mandioca, derivados para a indústria cervejeira, saúde (xaropes), bem como a grande utilidade na indústria alimentar, entre outros interesses.


 Malanje lidera projecto
 de transformação ano

O Parque Industrial de Cacuso, em Malanje, vai servir de experiência piloto no fomento e transformação da mandioca em Angola, conforme fez saber o ministro da Indústria e Comércio, Victor Fernandes, numa iniciativa resultante de estudos conjunto com do Instituto de Desenvolvimento Industrial de Angola (IDIA) e da Direcção Nacional da Indústria. Ambas atribuem enorme potencialidade e condições favoráveis à região para o arranque do projecto, que vai ter apoio do Fundo das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO).

No webinar internacional sobre "Oportunidades e Desafios na Cadeia de Valores da Mandioca em Angola" a escolha da localidade de Cacuso, em Malanje, foi justificada pela posição geográfica e condições de infra-estruturação existentes.
Actualmente, o consumo da mandioca em Angola resume-se apenas na transformação em farinha de bombó e de musseque (farinha torrada).

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