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Restaurantes, bares e barracas da vila de Cacuaco estão às moscas

Os restaurantes localizados na orla marítima da vila de Cacuaco estão sem clientes, desde o surgimento da pandemia da Covid-19, em Março de 2020, uma situação que deixa os proprietários sem rendimentos.

21/02/2021  Última atualização 11H44
Restaurantes localizados na orla marítima © Fotografia por: DR
O ambiente no local, nos dias que correm, é bastante monótono, pelo facto de não ser permitido que os banhistas façam uso da praia, como medida de prevenção contra a propagação da Covid-19, facto que tem contribuído bastante na diminuição da venda de bebidas e alimentos, em prejuízo dos comerciantes.

Por essa razão, estes manifestam-se desanimados com a falta de clientes nos seus espaços, em função do horário estabelecido para o funcionamento. O novo Decreto Presidencial sobre a Situação de Calamidade, em vigor desde 10 de Fevereiro até 11 de Março de 2021, estabelece que os restaurantes e similares devem funcionar entre as 6h00 e as 21h00, para atendimento local, e entre as 6h00 e as 22h00 para os serviços de take-away e entrega ao domicílio.

Márcia António, gerente de um restaurante, referiu que os lucros baixaram significativamente desde que foi decretado o primeiro Estado de Emergência, devido à Covid-19. Em função disso, acrescentou, foi obrigada a dispensar alguns funcionários, na medida em que a falta de rendimento condicionava o pagamento de salários.

"Não adiantava manter os funcionários aqui no restaurante sem clientes, para depois, no final do mês, ficarmos de mãos atadas sem solução para pagar os salários a tempo e hora”, disse, acrescentando que anteriormente a casa vendia 30 grades de cerveja diversa, mas agora só é possível vender cinco grades, isto nos dias tidos como favoráveis. 

"O ambiente já não é o mesmo desde que a pandemia do novo coronavírus surgiu no mundo e no nosso país”, lamentou.
O lamento de Márcia António é corroborado por Vasco da Gama, funcionário de outro empreendimento, que também se queixa do horário estipulado para o funcionamento dos restaurantes e similares, uma vez que existem clientes que preferem frequentar os restaurantes no período nocturno.

"Muitos clientes preferem sair cedo dos restaurantes com medo da Polícia, porque sabem que, quando tocar 22 horas, as autoridades vão mandar fechar os restaurantes e os clientes já não podem continuar o convívio até à madrugada como faziam antigamente”, disse.
Lembra que, no passado, o restaurante onde trabalha já foi muito frequentado pelos banhistas que acorriam à praia da vila de Cacuaco, quer nos dias de semana quer aos fins-de-semana.


Donos ponderam fechar as portas

Com o funcionamento a "meio-gás”, há restaurantes cujos proprietários já pensam em fechar as portas, devido à fraca adesão de clientes, no sentido de evitarem prejuízos financeiros.  Com o semblante triste, Silva José, igualmente funcionário de um restaurante da orla marítima de Cacuaco, conta ter sido informado pela gerente do estabelecimento de que, caso o ritmo de vendas continuar baixo como está, cinco funcionários vão ser demitidos, por falta de capacidade financeira para pagar os salários. "Sou casado e tenho cinco filhos, a minha esposa é desempregada. Todos em casa dependem totalmente de mim. Do jeito que a situação está, não tenho dúvidas que serei desempregado. Todos os dias só penso como será a vida da minha família assim que eu ficar sem trabalho”, lamentou.

Quem também se mostrou entristecida com a situação é Teodora Araújo, pelo facto de estar a registar muitas perdas no seu estabelecimento, onde o mufete era o prato mais solicitado pela clientela. Recordou que no tempo das boas vendas chegava a comprar cinco malas de peixe para confeccionar o mufete, porque tinha muita saída, e, às vezes, nem conseguia atender a demanda, mas infelizmente nessa fase a realidade mudou para pior. 

"Antigamente contavamos com dez funcionários, mas do jeito que as coisas estão, tivemos que ficar com apenas cinco, para vermos como é que a situação vai evoluir. Caso volte à normalidade, voltamos a chamar os dispensados. Se piorar, a tendência vai ser diminuir ou mesmo fechar a casa”, concluiu.

Maiomona Artur | Cacuaco

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