Em Angola, como em muitos países do mundo, o 1º de Maio é feriado nacional e costuma ser celebrado com marchas e comícios, em que se fazem discursos reivindicativos de direitos dos trabalhadores. Não é uma data qualquer.
Hoje, a nossa Nação e, particularmente, a comunidade jurídica assinala um ano da entrada em funções dos juízes de garantias, magistrado com dignidade constitucional que, entre nós, passou desde 2 de Maio de 2023 a ter a responsabilidade de salvaguardar os direitos individuais de qualquer pessoa alvo de investigação por um suposto acto criminal derivado da sua conduta.
Não ia ao Huambo desde Maio de 2012, altura em que apresentei o romance “O Último Segredo” no Jardim da Cultura, na companhia do falecido embaixador Luís Neto Kiambata e numa iniciativa da Brigada Jovem de Literatura, liderada pelo também mui jovem João Lara Hotalala, então secretário-geral. Para quem não o leu, o “Último Segredo” é um retrato da vida social angolana em três gerações, que vão passando “testemunhos” de mão em mão, até aos recém-nascidos...
E, ao desembarcar para a apresentação desse livro no Planalto Central, dei conta de que os segredos do Huambo começavam à chegada, no aeroporto. João Lara Hotalala confidenciou-me: "O primeiro livro que li na minha vida foi o seu, ‘A Voz dos Dibengos’, uma oferta do meu pai. Mas, quando lhe disse que o senhor tinha aceitado este convite, para vir até aqui, ao Huambo, apresentar o ‘Último Segredo’, ele duvidou de mim”…
Alguém escreveu que "nenhum mortal deve julgar-se inexcedível em sabedoria e inteligência”, e é verdade. Confesso que nada mais fiz do que rir e dizer: "Vamos então fazer uma foto e enviar para o teu pai…”
Doze anos depois, voltei ao Huambo com um outro livro, "Os Bantu na visão de Mafrano”, cuja apresentação estava inscrita nas festividades do 23 de Março, o Dia da Libertação da África Austral. No meu íntimo, tinha então a esperança de um reencontro com o João Lara Hotalala que infelizmente não compareceu nem justificou a ausência, apesar da curta mensagem que me enviou na véspera: "Será um prazer voltar a vê-lo”, dizia ele.
Sem saber porquê, voltei a recordar que "nenhum mortal deve julgar-se inexcedível em sabedoria e inteligência”. Na verdade, os segredos do Huambo não acabaram ali. Não esteve o Lara, mas estiveram Sua Majestade Artur Moço, o Rei do Huambo, e dois emissários do Rei Tchongolola Ekuiki VI, do Bailundo, além do Chefe do Departamento de Cultura do Governo Provincial, Pascoal Nhanga.
Tive a honra de acolher o Rei do Huambo, à chegada, e, perdoem-me a ignorância, ainda não sabia que era ele.
"Recebi um convite para a vossa cerimónia e aqui estou”, disse-me Sua Majestade com a maior modéstia quando me identificou como organizador do evento.
"Seja bem-vindo! Confesso que sou o criminoso que o convidou”, respondi-lhe textualmente, com um sorriso.
Desta vez, era eu quem estava na pele do João Lara. Os meus familiares também iriam duvidar que Sua Majestade o Rei do Huambo tinha aceitado o convite para ali estar, lado a lado, e assistir à cerimónia, com a maior modéstia.
As imagens sobre a apresentação do Volume II de "Os Bantu na visão de Mafrano” na Biblioteca Provincial do Huambo falavam por si, sem ilusões nem enganos. A equipa da TPA e os fotógrafos têm os registos. O Rei do Huambo e os emissários do Rei do Bailundo estavam ali sentados e ouviam a brilhante dissertação do professor, historiador, antropólogo e linguista Venceslau Casese sobre a vida e a obra de Mafrano, aplaudido de pé!
Mas, o Huambo tinha outro grande segredo, guardado sigilosamente a sete chaves!
Para minha maior surpresa, nesse sábado, 23 de Março, às 10h, fui alertado que a Sala Magna da Biblioteca Provincial estava ocupada por outra Organização cultural que nos disse ter confirmado a sua reserva, dois meses antes. E tudo isto aconteceu apesar de nas últimas 24 horas nos terem confirmado o uso das mesmas instalações.
"…?!”, os nossos convidados, incluindo o Rei, corriam o risco de "ficar na rua!”
Mas, no aniversário do Dia da Libertação da África Austral, o bom senso falou mais alto.
Sem dar a entender qualquer aflição, apontei para o local onde estavam alguns dos convidados, com destaque para as cortes do Rei do Huambo e do Rei do Bailundo e disse:
"Será a maior vergonha para todos nós, e também para o Huambo, se estes convidados ficarem na rua. Vamos chegar a um compromisso, por favor!”
E tudo foi simples. Fizemos a nossa sessão com ligeiro atraso, relativamente à hora marcada (algo muito normal em Angola), encurtamos a cerimónia e, depois de nós, os outros continuaram…
E, estes são de facto os Segredos do Huambo sobre a apresentação da colectânea "Os Bantu na visão de Mafrano” e a "Voz dos Dibengos”, do pequeno João Lara, doze anos depois de termos levado o "Último Segredo”.
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