Opinião

Tratados e pactos

Manuel Rui

Escritor

Tratados e pactos são, genericamente, acordos ou convénios entre países. Podem ser entre dois (bilaterais) ou entre vários (plurilaterais).

22/04/2021  Última atualização 06H15
© Fotografia por: DR
Há pactos de vária ordem, desde os económicos, de várias matérias, mas os que marcam a História foram e são os militares. Estamos a falar, principalmente, dos que resultaram do fim da Segunda Guerra Mundial. Interessante é que tendo estado a América e a Europa na mesma posição contra a Alemanha nazi e o imperialismo japonês. Enquanto que a resistência se fez na Inglaterra para depois as tropas aliadas desembarcarem nas praias do  Norte de França, do Oriente, a União Soviética invadida com grandes batalhas como a S. Petersburgo que passou a Leninegrado e depois da Perestroika voltou a chamar-se S. Petersburgo, os russos empurravam os alemães até à Polónia.

O Ocidente vencedor mas com a Europa em ruínas, organizou-se militarmente na OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte), que unia as democracias da Europa Ocidental e os Estados Unidos que, entretanto, com o Plano Marshal financiavam a reconstrução económica da Europa. Em suma, a OTAN acautelava a defesa dos países membros contra eventuais ataques do Leste europeu. Como resposta, a União Soviética e países onde a União Soviética instalara ou apoiara Governos socialistas, organizaram o Pacto de Varsóvia, que incluía a União Soviética, a Polónia, República Democrática Alemã, Checoslováquia, Hungria, Roménia, Bulgária e Albânia (que abandonaria em 1968). A Jugoslávia, chefiada pelo Marechal Tito com a ideologia da auto gestão, recusou aderir. Uma das particularidades do Pacto era a prevenção contra revoltas internas. Assim, em 1956 tropas soviéticas reprimiram manifestações populares na Hungria e Polónia, e em 1968, quando a Checoslováquia intentava a descentralização parcial da economia e a democratização, tempo de Dubchec e "as mil palavras”, foi severamente invadida pelos blindados soviéticos.Os vencedores das guerras repartem os  sobrados. Assim, nas Nações Unidas que substituíra a Sociedade das Nações Unidas, os vencedores da 2ª Guerra Mundial ficaram com o direito de veto, impedindo que qualquer resolução tomada pela Assembleia Geral morresse no Conselho de Segurança…assim, o ditador Salazar "comprou” vetos que eram contra resoluções que exigiam o fim do colonialismo português. Também os vencedores dividiram a Alemanha em duas, a Alemanha Ocidental e a Alemanha Oriental,  com o célebre e vergonhoso muro de Berlim.OTAN e VARSÓVIA PACT passaram a definir dois mundos e uma guerra surda pela hegemonia mundial. De um lado os Estados Unidos da América e do outro a União Soviética. É o tempo da guerra fria, da corrida armamentista, das armas nucleares e da luta pelo espaço com Gagarin, soviético, a ser o primeiro a ir ao espaço e o americano Armstrong o primeiro a pisar a lua com transmissão directa nas televisões. Chamava-se "cortina de ferro” e a demarcação era o muro de Berlim. Tempo em que Khrushchov para impor a ordem na ONU tirou o sapato e bateu com ele na banqueta.

Com Gorbachov, a União Soviética caiu como um castelo de cartas de um baralho viciado. E com ele outros castelos de países da esfera soviética que enveredaram por um capitalismo peco, o mais das vezes com os restos letais dos campos de concentração agora sublimados em  populismos. No que se refere ao nosso país e com o distanciamento temporal que nos permite uma melhor reflexão, os beligerantes da guerra fria transferiram-na para cá mas como "guerra quente”, a maior guerra de blindados depois da 2ª Guerra Mundial. Com uma descolonização em que o ex-colonizador ainda não arrumara sua casa e seu destino depois da Revolução dos C, em vez de conversarmos cada um correu às armas, a guerra prolongada, slogans infelizes como "sob o olhar silencioso de Lénine.” Julgamento dos mercenários fomos presa fácil para uma guerra que prolongava o conflito Oeste Leste sobrado da 2ª Guerra Mundial de forma a que, mesmo depois do desaparecimento físico de um chefe carismático e o fim da guerra, a obtenção da paz passou também por longas negociações.Caiu o Movimento dos Não Alinhados, que era uma espécie de não compromisso com nenhum dos blocos. 

Hoje, com o Tratado de Lisboa, mesmo de forma atamancada, surgiu a União Europeia, uma força política e de unidade económica e democrática que, recentemente, sofreu o revés da saída do Reino Unido com o chamado Brexit, que ainda está por concluir com areia nos sapatos da Escócia e das Irlandas. As tensões internacionais viraram-se para a proibição do nuclear para efeitos bélicos, caso da Coreia do Norte e Irão, bem como as constantes escaramuças verbais entre a Europa  e América contra a expansão da Federação Russa  e intromissão destas nas eleições americanas.

No nosso continente existem várias organizações, uma de âmbito continental que é UA ( União Africana) e outras de âmbito regional como a  SADC que reúne países de África Austral e que tem reunido para dar respostas ao "terrorismo” ou a insurgência sui generis que se verifica em Moçambique.E porque o espaço não dá para mais, para quem não sabe, fica a saber. No tempo em que a terra era considerada plana e não redonda, Portugal e Espanha agarraram no mapa, sem autorização de mais ninguém, tão pouco do Rei do Bailundo, fizeram uma linha vertical e dividiram o mundo ao meio, metade para mim e metade para ti… foi o tratado de Tordesilhas!

Comentários

Seja o primeiro a comentar esta notícia!

Comente

Faça login para introduzir o seu comentário.

Login

Opinião