Opinião

Valorizar o que é nosso

Luciano Rocha

Jornalista

O incremento à produção nacional passa, e muito, pelo consumidor, sem o qual, quaisquer iniciativas desmoronam-se, abortam à partida, de-moram a impor-se, por ser ele, em última instância, quem decide, muitas vezes em consonância com preço.

18/01/2021  Última atualização 08H59
Os produtores angolanos, principalmente os pequenos camponeses, podem beneficiar de incentivos, directos ou indirectos - subsídios, sementes, adubos, enxadas, tractores, estradas e pontes bem feitas, seguras, sem desvios de verbas, para permitirem escoamentos - que de pouco servem se o consumidor comum continuar obrigado a comprar o que é estrangeiro.

Mesmo os apelos à preferência do consumo do que é nacional podem ter o mesmo resultado. Uma das razões do consumidor optar por determinado produto é o preço. Ora, se ao entrar num espaço comercial e vir dois artigos destinados ao mesmo fim, compra o mais barato, sem olhar para a proveniência. Pode, ainda, suceder, que o artigo nacional esteja "encoberto” por outro feito lá fora. Com a pressa dos dias que correm, não perde tempo, leva o que está à vista, não procura, nem faz comparações.

Os dois casos citados  podem ser meras contingências, mas, também, "estratégia comercial”!  É  que a maioria dos angolanos não esquece que, em tempos recentes, as "importações” eram canais privilegiados para a saída fraudulenta de divisas. Como "gato escaldado de água fria tem medo”,  "vale mais prevenir do que remediar”, não vá o diabo tecê-las e o  consumidor - o que ainda vai podendo comprar -  em época de pandemia ser levado a concluir que, afinal "o nacional é caro”... e não se vê.  

Mais do que discursos empolgados, frases soltas, mesmo eventuais campanhas bem intencionadas, sobre a importância de preferirmos o que é nosso, é a fiscalização de espaços comerciais, para evitar o recrudescer de ardis atentatórios aos interesses do consumidor e à ainda frágil economia nacional. 

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