*
-
Os mercados do Km-30, no município de Viana, e do Sabadão, em Cacuaco, são os principais pontos de entrada de camiões e carrinhas provenientes do interior do país, trazendo produtos do campo, entre os quais frutas.
No local, é visível a quantidade e diversidade de frutas que o país está a produzir, com realce para a melancia, ananás, pitaya, laranja, banana, manga, maçã, pêra, entre outras frutas que anteriormente não era comuns nos mercados.
Uma das frutas raras que anteriormente não se produzia no país e hoje já se encontra nos mercados, é a melancia.
Beatriz Chaximuma é vendedora de melancia, no mercado do Km-30, há 30 anos, e diz que compra as frutas na província de Benguela.
Segundo a comerciante, os produtores nacionais estão em alta, porque cada ano que passa as frutas são de melhor qualidade, além do aumento da quantidade.
Como especialista na venda de melancia, Beatriz Chaximuma disse que, em relação aos anos anteriores, a fruta está a chegar mais doce e suculenta e com boa aparência, de modo que, quando os clientes chegam, compram sem hesitar.
Uma das razões para o aumento da produção de frutas, disse, são as fortes chuvas que caíram em Dezembro e continuarem no mês de Janeiro. "Quanto mais chuva cair, mais frutas são produzidas pelos produtores", esclareceu Beatriz Chaximuna.
Apesar de ter a preferência pela melancia, a comerciante do mercado do Km-30 diz que, de quando em vez, aposta também em frutas como maracujá, ananás carambola e outras de época.
A título de exemplo, a última carga que recebeu de Benguela vendeu-a a um único cliente.
Preços
Quanto ao preço, disse que vende, por unidade, entre 500 kwanzas e 2.000 kwanzas, dependendo do tamanho da melancia.
"Faço este preço para recuperar o que tenho aplicado no frete, que actualmente ronda os 150 mil a 200 mil kwanzas e com a viagem os custos podem chegar a 300 mil ou 350 mil kwanzas", frisou Beatriz Chaximuma
A comerciante referiu que quando há muita produção, os camionistas cobram, por cada fruta, 100 a 150 kwanzas, e quando há escassez custa mais caro ainda, podendo a caixa chegar até 8 mil kwanzas.
Na época da escassez do produto, acrescentou, uma carrinha de marca Mitsubish Canter com melancia pode se pagar um frete que ronda entre 500 mil e 600 mil kwanzas, dependendo da distância.
A vendedora de ananás Branca Domingos disse que compra o produto nas províncias de Benguela(Monte Belo), Huambo e Zaire(municípios de Tomboco e Nzeto).
Desde 2008 a vender frutas, Branca Domingos reconhece que este ano há mais produtos, devido às fortes chuvas que caíram.
Ana Tiago vende abacate, pitaya e outras variedades, há dois anos, no mercado do Km-30. Actualmente a vender a pitaya, disse que compra a caixa a 7.500 kwanzas e revende em montes aos preços de 500 a 1000 kwanzas.
No caso do abacate,a caixa varia entre 6 mil e 8 mil kwanzas.
Segundo a vendedora, nesta época, as frutas mais produzidas e com saída no mercado são o abacate, pitaya, gajaja, melancia, ananás e maracujá. Fora de época, a comerciante opta por vender manga e goiaba, mas mantém sempre o abacate, que não tem tempo específico.
Maracujá proveniente do Cuanza-Sul
A maracujá é também uma das frutas que é produzida apenas por época. Esta é a especialidade da vendedora Antónia Xavier, que se dedica apenas a vender essa fruta.
Comerciante há mais de 10 anos, Antónia Xavier disse que em relação ao passado, o mercado do Km-30 é hoje abastecido com mais frutas, tubérculos e hortícolas.
Segundo a vendedora, frutas como o maracujá, laranja e o ananás não eram produzidas em grande escala, mas, hoje, há sinais visíveis de que os produtores estão a trabalhar.
A maracujá comercializada por Antónia Xavier é proveniente da província do Cuanza-Sul.
Antónia Xavier disse que compra a caixa ao preço de 4 mil kwanzas e revende a 5 mil ou 6 mil kwanzas. A retalho, vende o monte ao preço de 300 kwanzas.
"Quanto mais chuvas tivermos, mais mercadorias teremos nos mercados. No caso da melancia e laranja, dependem muito da água", frisou Antónia Xavier.
Lembia André tem também como preferência a venda da maracujá, que adquire a partir da província do Bengo(Pango Aluquém).
Quanto ao preço das frutas, Lembia André disse que vende a caixa ao preço de 7 mil ou 8 mil kwanzas.
"Vendo há 15 anos e reconheço que o preço das frutas baixou significativamente, por haver muita produção", frisou, realçando que, nesta época, o mercado é "invadido” com ananás, maracujá e abacate.
Venda de mangas no Sabadão
Josefa Manuel, vendedora do Mercado do Sabadão, em Cacuaco, tem como negócio a venda de mangas, que adquire numa das fazendas da Funda Kilunda.
Embora seja a sua opção, a vendedora disse que a época da manga está quase no fim. Esta fruta regista o seu auge nos meses de Outubro, Novembro e Dezembro.
"A época da manga vai apenas até Março e depois começa a desaparecer. Quando isso acontece, a fruta fica mais cara”, frisou Josefa Manuel, revelando que quando a manga desaparecer no mercado na totalidade, vai vender goiaba e mamão.
Adelina Augusto prefere vender laranja, que vem do Lubango, província da Huíla. Novata na área, com apenas dois meses, Adelina Augusto disse que, desde o dia que começou, tem visto muita fruta a entrar e também a sair do mercado.
Frutas com mais saída no mercado
Diferente das outras vendedoras, Alice Augusto vende mais de cinco variedades de frutas, desde ananás, laranja, maçã do Lubango, abacate, manga, melancia e pitaya.
Com 18 anos de actividade, Alice Augusto vende fruta no Mercado do Sabadão há cinco anos. Revela que os produtos com mais saída no mercado, nesta época, são a manga, ananás, abacate e melancia.
Quanto à origem dos produtos, disse que abacate vem das província do Huambo e Cuanza-Sul, a maçã, do Lubango, e o ananás do Huambo e Zaire.
Já a melancia, reforçou, é proveniente do muni-cípio do Porto Aboim, no Cuanza-Sul, e da província do Huambo.
"As frutas que mais têm saída são a manga, abacate e banana", frisou Alice Augusto.
Ana Tiago uma das mais jovens vendedoras de fruta no Mercado do Km-30. Tem na bancada frutas como pitaya, abacate e laranja, reconhecendo que, nesta época, as frutas têm muita saída, por isso apostou na variedade para lucrar mais.
Com apenas dois anos de experiência de venda, disse que compra a caixa de pitaya a 7.500 kwanzas e revende o monte entre 500 e 1.000 kwanzas, enquanto que o abacate varia entre 6 mil e 8 mil kwanzas.
Maria Alice é produtora e vendedora
Maria Alice é camponesa e ao mesmo tempo vendedora do Mercado do Km-30, onde leva tudo que produz, desde frutícolas, tubérculos e hortaliças.
É proprietária de uma quinta de grande dimensão município do Nambuangongo, província do Bengo, onde acabou de colher mais de 300 cachos de banana pão. Os preços de venda da banana vão de 1.000 a 3.000 mil kwanzas por cada cacho.
Para o produto chegar ao mercado, Maria Alice teve de gastar, só em frete, mais de 200 mil kwanzas, incluindo o pagamento dos trabalhadores e a alimentação.
Maria Alice revelou que, tão logo terminar as vendas, vai regressar a Nambuangongo para colher a mandioca, que também produziu em grande quantidade.
Além destes produtos, destacou, produz também o inhame, batata, banana, bombó, ginguba, milho e verduras.
A principal dificuldade apontada por Maria Alice é o transporte. "A minha quinta está localizada numa zona em que a estrada ainda é degradada", lamentou, realçando que, por causa disso, perdeu muita banana. A situação piora quando chove, porque os carros alugados não aceitam chegar até à lavra.
Muitas frutas deixaram de ser importadas
No que toca à produção, as vendedoras disseram que actualmente existem frutas que no passado o país não produzia e dependia apenas da importação.
Entre essas frutas, que não são tradicionais para os produtores angolanos, destaca-se o Kiwi, pitaya, fruta pão, de origem caboverdiana, uva, melancia, tangerina e abacate que eram produzidas de forma tímida, o melão, a carambola, a gajaja, entre outras que chegam à mesa dos cidadãos sem químico.
Desta lista, a que mais se produz é o abacate, que, segundo a vendedora, é uma das mais preferidas pelos produtores.
Mizé Ngueve vende abacate no Mercado do Sabadão desde 2007 e conta que esta fruta raramente falta no mercado e nas fazendas dos produtores.
O abacate que vende vem das províncias do Huambo e Bié. Aos produtores, dona Mizé compra o cesto de abacate de 20 e 30 quilos ao preço de 8 mil kwanzas e revende cada unidade a 50 e 150 kwanzas.
"Compro as frutas nas províncias de Benguela e Bengo", frisou, acrescentando que no percurso tem perdido muita fruta devido ao mau estado das vias.
"Quando isso, acontece não tenho como repor o que se perdeu, porque só em frete, independentemente da distância da região, fica entre 200 a 500 mil kwanzas”, lamentou.
Banana lidera a produção
Dados do Ministério da Agricultura e Florestas indicam que a banana liderou a produção de frutas, na época agrícola 2021/2022, com 710.530 toneladas. Seguem-se os citrinos, com 458.147, a manga, com 266.890, e o abacate, com 55.119.
Quanto às regiões que registaram mais produção de frutas, o centro do país lidera com 71% da produção, seguido da região Norte, 18% e Sul, 11%.
No que se refere às províncias, o destaque vai para Benguela, com 21,3 % da produção, seguido do Cuanza-Sul, com 15,7%, Uíge, com 10%, Bengo, com 7,7% e Cabinda, com 7,5.
No mesmo período, foi semeada uma área de 275.737 hectares, dos quais 247.474 já colhidos.
Os dados referem que o sector da Agricultura registou a colheita de 6.079 toneladas de frutas, contra cinco mil das campanhas anteriores.
Seja o primeiro a comentar esta notícia!
Faça login para introduzir o seu comentário.
LoginA circulação de veículos na zona do Hogiwa, um importante nó rodoviário na EN 100, a cerca de 70 quilómetros da vila de Porto Amboim, província do Cuanza - Sul, continua a ser feita sob graves restrições, com muitas viaturas, sobretudo as pequenas, a não conseguirem a travessia.
O Governo angolano está, neste momento, a desenvolver uma iniciativa que tem por objectivo dinamizar a concessão de crédito às Micro, Pequenas e Médias Empresas nacionais, com a perspectiva de 30 por cento vir a beneficiar projectos executados por mulheres.
Em entrevista ao Jornal de Angola, a Subcomissária Teresa Márcia, 2ª Comandante Provincial de Luanda do Serviço de Protecção Civil e Bombeiros (SPCB), que atende a área Operativa, falou sobre a operacionalidade e a actuação deste órgão do Ministério do Interior responsável pela salvaguarda da vida dos cidadãos e seus bens patrimoniais.E como não podia deixar de ser, falou do seu sonho antigo e concretizado de ser bombeira e dos desafios que as mulheres enfrentam nessa nobre profissão
A Inspecção Geral do Trabalho (IGT) através da área de Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho registou 46 acidentes fatais, de 2023 ao primeiro trimestre deste ano. As vítimas mortais foram registadas nos sectores da Construção Civil, Indústria, Comércio e Prestação de Serviços.
A União Africana (UA) manifestou preocupação com "a tensão entre comunidades locais" no Norte da Etiópia e apelou ao "fim das hostilidades" que já obrigaram pelo menos 50 mil pessoas a deslocarem-se, segundo a ONU.
Investidores nacionais e internacionais foram incentivados a tirar proveito das oportunidades do sector do Turismo a fim de contribuírem com a criação de mais postos de trabalho e aumento das receitas fiscais da província do Bengo.
Neste mês dedicado à juventude, propusemo-nos trazer, à ribalta, parte da história de vida de mais um jovem angolano, que, fruto da sua determinação e resiliência, construiu um percurso empresarial digno de respeito, podendo ser, por isso, um exemplo a seguir para quem pretender trilhar os mesmos caminhos.