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Vice-director da secreta demitido por interferir nas investigações

O Presidente do Brasil, Lula da Silva, demitiu na terça-feira o vice-director dos serviços de informações, acusado de interferir nas investigações policiais sobre alegada espionagem ilegal durante o Governo de Jair Bolsonaro, autorizada pelo Supremo Tribunal Federal através da Operação Vigilância Aproximada.

01/02/2024  Última atualização 12H15
Presidente Lula da Silva disse que Moretti não tem condições para continuar na Abin © Fotografia por: DR

A decisão de afastar Alessandro Moretti foi publicada no Diário Oficial da União, horas depois de Luiz Inácio Lula da Silva ter manifestado dúvidas sobre o dirigente, numa entrevista a uma rádio.

O Presidente declarou que Moretti tinha "um relacionamento" com Alexandre Ramagem, ex-director da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), sob investigação pela Polícia Federal (PF) por supostamente vigiar rivais de Bolsonaro. "Se isso for verdade, e estiver comprovado, não há clima para que esse cidadão continue na Polícia", disse Lula.

A PF garantiu que, durante as investigações sobre o alegado uso da Abin para fins políticos, Moretti disse aos investigados que a operação tinha "antecedentes políticos" e que "iria passar", de acordo com despacho assinado pelo magistrado do Supremo Tribunal de Justiça Alexandre de Moraes. Além disso, os agentes afirmaram que esta não era a "postura esperada" de um comissário de polícia e as declarações influenciaram a "percepção de gravidade" dos alegados atos.

Na segunda-feira, a polícia brasileira realizou buscas numa casa da família de Bolsonaro na cidade de Angra dos Reis. Carlos Bolsonaro, vereador da cidade do Rio de Janeiro e um dos filhos do ex-Presidente, foi um dos alvos da operação. Em comunicado, a PF disse que a nova etapa da operação "Vigilância Aproximada" visou "avançar no núcleo político, identificando os principais destinatários e beneficiários das informações produzidas ilegalmente no âmbito da Abin, por meio de acções clandestinas”.

"Nessas acções eram utilizadas técnicas de investigação próprias das polícias judiciárias, sem, contudo, qualquer controlo judicial ou do Ministério Público", acrescentou. Depois das buscas, Bolsonaro disse numa entrevista à CNN Brasil que era perseguido pelo Governo de Lula da Silva.

"Eles querem me associar a essa 'Abin paralela'. Mas não vão encontrar nada. É uma pesca em piscina. Não vão tirar um peixe. Estou sendo perseguido pelo Governo do Lula", afirmou Bolsonaro à CNN. Lula da Silva negou na terça-feira que as investigações resultem de perseguição política. "O que eu espero é que as pessoas que estão sendo investigadas ,  tenham direito à presunção  de  inocência, que eu não tive", acrescentou.

O perigo das fake news e da extrema direita

O Presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, alertou ontem sobre o impacto das 'fake news' e o crescimento da extrema-direita no mundo, incluindo em Portugal, falando numa Conferência Nacional de Educação. "Vivemos a história das 'fake news'. Sabemos inclusive o que ela está a criar de violência na cabeça dos nossos adolescentes, o que é o 'bullying' feito, todo o santo dia, pelas redes sociais. Nós estamos a perder a nossa condição de seres humanistas, fraternos, solidários e estamos a ficar reféns dos algoritmos", afirmou Lula da Silva, citado pela Lusa.

"Essa é uma geração que nasce numa experiência que eu não vivi. Por isso, a democracia corre mais riscos, por isso vemos a extrema-direita crescer em vários lugares do mundo, não apenas na América Latina, na Argentina, no Brasil, vemos crescer na Holanda, na Espanha, em Portugal, nos Estados Unidos, na Hungria, na França e em vários outros países,” acrescentou.

O Chefe de Esatdo brasileiro e fundador do Partido dos Trabalhadores (PT), de esquerda e que se contrapõe à extrema-direita brasileira liderada pelo ex-Presidente Jair Bolsonaro, avaliou que há o crescimento de uma extrema-direita irresponsável "que mente cada dia sobre tudo e que utiliza a boa-fé religiosa do povo, a espiritualidade do povo para fazer política”

No evento, que reuniu pessoas ligadas ao segmento da educação e teve como tema central a elaboração de um novo plano nacional para a educação no país sul-americano, Lula da Silva disse que o uso de recursos públicos neste sector não é gasto, mas sim investimento. "Gastar vai ser quando eu não investir nessas crianças, e tiver que tirá-las depois das drogas, do narcotráfico, do crime organizado. Enquanto eu estiver a construir salas de aula, enquanto eu estiver a pagar um estímulo para aquele jovem estudar, eu tenho a certeza que tudo isso é investimento", sublinhou.  O Presidente brasileiro também criticou as políticas implantadas pelo Governo Bolsonaro na área da educação, afirmando que o ex-presidente não gostava da educação pública já que o seu objectivo era militarizar as escolas.

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