A ministra das Finanças chefiou uma delegação angolana que participou, desde segunda-feira passada até domingo, em Washington, nas reuniões de Primeira do Banco Mundial e Fundo Monetário Internacional (FMI). Em entrevista à Rádio Nacional e ao Jornal de Angola, Vera Daves de Sousa fez um balanço positivo das reuniões – oitenta, no total –, sendo que, numa delas, desafiou a Cooperação Financeira Internacional (IFC) a ser mais agressiva e ousada na sua actuação no mercado angolano. O vice-presidente da IFC respondeu prontamente ao desafio, dizendo que até está a contar ter um representante somente focado em Angola e não mais a partilhar atenção com outros países vizinhos na condução local do escritório do IFC. Siga a entrevista.
Kaissara é um poço de revelações quase inesgotável, como a seguir verão ao longo desta conversa, em que aponta os caminhos para um futuro mais consequente da modalidade; avalia o presente das políticas adoptadas sobre a massificação e formação. Mostra-se convicto de que o país pode, sim, continuar a ser a maior potência africana do Hóquei em Patins
No balanço ao Jornal de Angola sobre o impacto e resultados imediatos e futuros da visita efectuada pelo Presidente da República à província de Malanje, o ministro da Indústria e Comércio, Rui Miguêns, reiterou a aposta na diversificação.
Qual é o balanço que faz da jornada de campo do Senhor Presidente da República a Malanje em relação à radiografia à indústria local?
O
balanço que fazemos é positivo, pois para além do simbolismo que esta visita do
Presidente da República carrega, foi uma oportunidade para o Executivo
interagir com o Governo da Província, os empresários e a população de Malanje
em geral. Dessa interacção resultaram importantes decisões que já foram
apresentadas pelo PR na sua entrevista aos órgãos de comunicação social e das
quais quero destacar a decisão de transformar a Fazenda Lutete, gerida pela
Gesterra, em instituto superior politécnico agrário, como parte do esforço do
Governo no sentido de criar as competências necessárias para alcançarmos a
auto-suficiência e segurança alimentar.
Malanje pode ser o celeiro da indústria nacional?
Malanje
mostrou que tem as condições naturais para ser um dos celeiros do nosso país,
mas também, a sua classe empresarial, tem dado mostras de grande iniciativa
quer na produção agrícola quer também na indústria para a sua transformação.
O senhor ministro falou da possibilidade de replicar-se pelo país o modelo da Biocom. O que está a sugerir de concreto?
O
que estamos a sugerir é que a BIOCOM é um bom modelo de integração da nossa
produção agrícola com a sua transformação industrial, diversificando os
produtos obtidos a partir de uma cultura e criando muitas oportunidades de
produção e comercialização a jusante e, adicionalmente, produzindo energia a
partir do que seria, noutras condições, desperdício. Portanto, o que queremos é
replicar este modelo de integração de produção agrícola, transformação
industrial e, onde possível, produção autónoma de energia eléctrica para
necessidades próprias e fornecimento à rede.
Mas, também disse que o empreendimento pode fazer mais do que já oferece. Não está satisfeito com o actual desempenho?
Não
é segredo que a BIOCOM não está a operar no limite da sua capacidade quer
agrícola quer industrial, de tal modo que ao invés da cobertura de cerca de 40
por cento das nossas necessidades actuais de açúcar, poderia estar a cobrir
cerca de 60 por cento. A sua administração já deu indicações de que é possível
e está interessada em alcançar este objectivo.
O processo de privatização da participação pública no complexo Biocom não atrapalha os planos do sector da Indústria?
A
BIOCOM é uma empresa privada com capitais públicos. Portanto, a privatização da
participação directa do Estado detida pelo IGAPE deverá viabilizar uma
recomposição da estrutura accionista que atraia investimento privado. Logo,
deverá ter um impacto positivo no fortalecimento do balanço da empresa.
Há empresários a sugerirem que o Governo olhe para a Biocom como uma solução de curto prazo para a redução significativa das importações. Também pensa assim?
Como
disse anteriormente, mesmo operando ao máximo da sua capacidade nominal
combinada, a BIOCOM não será capaz de satisfazer toda a procura nacional, pelo
que estamos a tomar medidas que não só protejam esta indústria nacional, mas
que também incentivem a que outras indústrias do açúcar e sucedâneos sejam
também implantadas por investidores e empresários privados.
O senhor ministro está também a radiografar um sector que recebeu recentemente, mas cheio de desafios. O que priorizou?
A
nossa prioridade decorre da prioridade estabelecida pelo Governo:
auto-suficiência e segurança alimentar. Temos que ser capazes de produzir e
fornecer de forma estável, a preço justo e com qualidade, os alimentos que
precisamos à nossa mesa e, eventualmente, exportar o excedente. Obviamente que
todas as outras indústrias estabelecidas no nosso país ou com potencial para
serem instaladas são também objecto da nossa preocupação e compromisso. A
diversificação económica é um imperativo nacional.
Como e quando vai executar os planos do sector?
Os
planos do sector estão a ser executados: alguns estão a ser objecto de
correcção em função das prioridades mencionadas e são objecto de avaliação
interna pelo Governo, mas também pelos demais stakeholders e de um modo geral,
em última instância, pela população do nosso país e o seu calendário está
alinhado com o mandato que este Governo recebeu. Para esse efeito, estamos a
combinar uma política de incentivo à produção nacional, suportada por uma
política comercial que desincentive a importação de bens passíveis de produção
local, integração dos pequenos produtores e comerciantes, na cadeia nacional de
produção e distribuição e que diversifique as nossas exportações.
E, em relação ao Plano de Industrialização de Angola o que pretende fazer?
O Plano de Industrialização de Angola está, como disse no ponto anterior, a ser objecto de reestruturação dentro das prioridades de curto, médio e longo prazos do Governo, expressas nos Planos de Desenvolvimento Nacional.
O senhor é também bastante elogiado em vários círculos por saber trocar pneus num carro em andamento. É a referência que fazem em relação aos bancos comerciais por onde passou nos quais deixou marcas e marcos...
A
experiência que trazemos do sector bancário é útil mas devo ressaltar que os
resultados obtidos foram conseguidos com a participação de todo o sector e o
mesmo temos a certeza será possível conseguir nos sectores que hoje me cabem a
honra e responsabilidade de liderar com o suporte dos restantes membros do
Governo e a orientação e liderança do Titular do Poder Executivo.
A indústria angolana pode ser geradora de milhares de milhões de empregos. O que deve ser parte do Estado e o que ficaria aos privados nessa estratégia?
Acredito
que a indústria nacional poderá gerar milhares ou até mesmo milhões de
empregos, mas este será um processo que levará alguns anos antes de ser
completamente materializado; mas esta não deve ser razão para desespero: à
medida que formos gerando empregos, a tendência será para que o seu incremento
progrida de modo geométrico pois cada indústria instalada tem o condão de gerar
novas oportunidades de investimento e produção para além de que o
fortalecimento da confiança e das infra-estruturas, acabarão por atrair mais
investimento e assim gerar um círculo virtuoso de crescimento. Tenho plena
confiança de que iremos, ser capazes de vencer este desafio enquanto Nação.
Luanda, por exemplo, pode voltar a recuperar o Cazenga como pólo industrial e reforçar o peso de Viana, onde já estão a ZEE e o PIV?
Certamente que iremos recuperar as indústrias ali onde ainda se justificar, mas é preciso lembrar que o nosso país mudou muito desde 1973 e, portanto, temos que ser capazes de implementar a indústria angolana para o século XXI mesmo que compreendamos a necessidade de olhar para as referências do passado. Neste sentido, a ZEE, o PIV, como outros pólos industriais e zonas económicas especiais, que estamos a implementar, são parte importante deste processo de industrializar e dinamizar a nossa economia, para fazer face aos desafios presentes e futuros.
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