Economia

Angola pretende ajustar modelo de produção do café

Edvaldo Lemos | Caxito

Jornalista

O ministro da Agricultura e Florestas anunciou, ontem, em Caxito (Bengo), que o país vai desenvolver novos métodos com vista a modificar o modelo de produção do café, além de reorganizar todo o sistema produtivo, priorizando procedimentos economicamente mais viáveis.

08/03/2024  Última atualização 12H10
Ministro da Agricultura e Florestas, António Assis, discursou no acto de abertura do encontro © Fotografia por: Maria João | EDIÇÕES NOVEMBRO

António Francisco de Assis, que falava na abertura da 1ª Conferência Provincial do Café, no Auditório General Foguetão, na Açucareira, começou por  lembrar que "a cultura do café na província do Bengo estava baseada numa estrutura colonial. Hoje, o cenário em Angola é completamente diferente, por isso, importa ajustar o modelo de produção de acordo com a realidade”.

Para reverter este quadro, o ministro sublinhou  que o ponto inicial é a organização completa do sistema de produção, incluindo os recursos, os métodos, o escoamento, e toda a cadeia de produção deve estar baseada num  modelo único, economicamente viável, capaz de gerar prosperidade para as famílias, cooperativas e pequenos agricultores.

"Se não fizermos isso, o nosso rendimento do ponto de vista cultural, social e económico estará sempre comprometido, porque já não é mais possível trazer  o cidadão do Sul do país para trabalhar no café no Bengo ou no Norte de Angola, mas sim todos devemos estar empenhados, e até podemos incluir a juventude na produção do café”, sustentou.

O ministro chamou a  atenção para os proprietários de grandes fazendas abandonadas no Bengo, reflectirem sobre a importância de não se concentrar apenas na produção: "É importante não contar  apenas com a  actividade agrícola realizada por terceiros. É crucial compartilhar a riqueza, considerar os agricultores como colaboradores e seguir o exemplo de países como o Ghana, entre outros da África, para reformular as grandes propriedades”, alertou, sublinhando que  "os próprios proprietários precisam compreender que essa mudança é essencial para o desenvolvimento de suas terras. Embora possa soar peculiar, a realidade é que é fundamental aumentar tanto a produção quanto a eficiência”.

Laboratório de biotecnologia

O ministro adiantou, ainda, que o país vai contar, nos próximos tempos, com um  laboratório de biotecnologia com todas as valências em recursos humanos e técnicas para ajudar a cafeicultura angolana a dar um grande passo rumo ao desenvolvimento da produção e distribuição, comparando com outros países africanos.

"Estamos a lutar para construir o nosso primeiro laboratório de biotecnologia de café, projecto que vai permitir um conjunto de transformações para melhorar e apoiar os cafeicultores”, adiantou, reforçando que  "se  está a trabalhar no projecto, para depois apresentar o programa que sustenta a cultura do café em Angola”.

Na ocasião, a governadora da província do Bengo, Maria Antónia Nelumba, instou a banca a aumentar a quantia de apoio à produção do café, cumprindo com o papel crucial que desempenha na economia de um país.

"Os produtores reclamam pelos períodos de alargamento dos créditos concedidos, principalmente as famílias produtoras e as cooperativas. Por isso, estamos expectantes de que este encontro constitua uma oportunidade para o relançar da produção do café na província do Bengo. Que o resultado desta conferência contribua ao máximo para que o nosso café alcance outros patamares”, desejou a governadora.

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