A ministra das Finanças chefiou uma delegação angolana que participou, desde segunda-feira passada até domingo, em Washington, nas reuniões de Primeira do Banco Mundial e Fundo Monetário Internacional (FMI). Em entrevista à Rádio Nacional e ao Jornal de Angola, Vera Daves de Sousa fez um balanço positivo das reuniões – oitenta, no total –, sendo que, numa delas, desafiou a Cooperação Financeira Internacional (IFC) a ser mais agressiva e ousada na sua actuação no mercado angolano. O vice-presidente da IFC respondeu prontamente ao desafio, dizendo que até está a contar ter um representante somente focado em Angola e não mais a partilhar atenção com outros países vizinhos na condução local do escritório do IFC. Siga a entrevista.
Kaissara é um poço de revelações quase inesgotável, como a seguir verão ao longo desta conversa, em que aponta os caminhos para um futuro mais consequente da modalidade; avalia o presente das políticas adoptadas sobre a massificação e formação. Mostra-se convicto de que o país pode, sim, continuar a ser a maior potência africana do Hóquei em Patins
Para os especialistas, cuidar da saúde mental é tão importante quanto manter a saúde física. Em Angola, um total de 359.579 pessoas com problemas mentais encontra-se em tratamento.
Como define a saúde mental?
É um
aspecto da saúde caracterizado pelo equilíbrio das emoções, sentimentos e
expectativas em torno de si, dos outros e da vida. A Organização Mundial da
Saúde (OMS) define a saúde mental como um estado de bem-estar, no qual o
indivíduo percebe as próprias habilidades, lida com o stress do quotidiano,
pode trabalhar produtivamente e é capaz de contribuir para a comunidade.
Como caracteriza, hoje, o estado da saúde mental em Angola?
Estamos
diante de uma pandemia silenciosa. A realidade é visível nas unidades
sanitárias, onde a rede integrada de saúde mental, espalhada pelas 18
províncias, tem estado a atender um elevado número de pessoas. Também temos
ouvido muitas informações sobre o assunto pelos media, bem como na interacção
diária com a sociedade. É preciso termos mais atenção, pois os problemas
mentais têm um impacto profundo, capaz de afectar até as crianças em idade
escolar, ou os jovens com capacidade para produzir.
Como avalia os constantes casos de stress registados na sociedade?
Há
uma preocupação gritante em relação ao stress, que, apesar de ser uma patologia
psiquiátrica, pode promover o surgimento de doenças, como o cancro,
hipertensão, diabetes, doenças de pele, doenças gástricas e várias outras
patologias, cuja base é o desequilíbrio da saúde mental.
Há motivos para alerta?
Temos,
hoje, mais razões para ficarmos preocupados com o estado da saúde mental dos
angolanos, devido ao número de casos que vêem aumentando, fundamentalmente,
porque existem muitos factores para o surgimento de tais doenças, envolvendo
assuntos sociais, como o aumento da pobreza, do desemprego, as perdas
constantes, o luto, as separações, os actos de violência doméstica ou sexual.
Os cuidados devem ser estendidos aos menores?
Devido
aos transtornos de aprendizagem não diagnosticados é preciso prestar muita
atenção aos menores. Actualmente, existem muitos casos de bullying nas escolas,
que de alguma forma, têm um peso gritante no surgimento das doenças mentais,
associado ao estigma, à discriminação e ao preconceito entre os adolescentes.
Às vezes, devido ao receio de ser visto como alguém com problemas, muitos não
recebem a ajuda atempadamente, ao ponto de as doenças mentais não ficarem
apenas no estado inicial e agravarem de forma alarmante.
Como criar um quadro de condições capaz de fortalecer a saúde mental?
É
preciso olharmos para as questões que determinam o surgimento de doenças
mentais na população mais jovem. Uma população activa, que enfrenta
constantemente situações de stress, devido aos níveis de desemprego e conflitos
familiares, têm maior possibilidade de ter problemas de saúde mental, devido às
altas expectativas, associada à incapacidade de gestão emocional. Temos de ter
um maior cuidado, também, com a falta de qualidade de vida, o envolvimento
precoce com drogas e álcool, assim como a pressão a que muitos são submetidos
para serem integrados em grupos sociais, actos que, às vezes, geram conflitos
internos.
Como evitar tais situações, principalmente entre os jovens?
Devemos
olhar para as condições que possam fortalecer a saúde mental e, ao mesmo tempo,
ficar distanciados das doenças mentais. É preciso ainda acabar com o estigma em
torno das doenças mentais e garantir que a população conheça e tenha acesso a
estes cuidados de saúde. A saúde é o complemento do bem-estar, entre o físico,
a mente social e espiritual. Para termos esta harmonia, temos que dar a devida
atenção a cada um destes pilares da vida e a família joga um papel importante.
O apoio familiar é fundamental?
Infelizmente,
muitas famílias não estão sensibilizadas sobre a importância de prevenir e
tratar situações como ansiedade e depressão. O stress causado pelo custo de
vida, nos últimos dias, agrava estes casos, primeiro prejudicando a saúde
mental e segundo tornando cada vez mais difícil o acesso das pessoas aos
profissionais. A eliminação do estigma das doenças mentais e o aumento do
conhecimento da população sobre o assunto é fundamental, para que as pessoas
busquem os serviços profissionais ainda no estágio inicial da doença, evitando
a evolução efectiva. Temos de ter a cultura de fazer "chek up” da saúde mental.
Que assuntos podem ser analisados pelos profissionais de Saúde Mental?
Quando
estamos diante de um profissional da Saúde Mental há vários aspectos a se ter
em conta. Portanto, aconselho os pacientes a questionarem sobre tudo, desde
como fazer a prevenção das doenças mentais, ou promover a saúde mental,
incluindo os cuidados de saúde institucionalizada, ou como funciona o processo
de reabilitação e reintegração dos doentes.
A doença pode surgir por algum motivo genético?
Sim.
Muitas crianças nascem dentro de um ambiente, onde há uma pré-disposição para o
desenvolvimento de certas patologias, como os transtornos de hiperactividade e
o de neuro-desenvolvimento, nos quais existe o alto défice de atenção e
desenvolvimento. Estas doenças que realmente carecem de preocupação surgem nos
primeiros anos de vida.
Já há investimentos suficientes no sector?
O
investimento ainda é reduzido. Além disso, há o défice de hospitais
especializados e de profissionais da Saúde Mental. Mas, é preciso olhar também
para todo o investimento feito e perceber que já foram dados largos passos. Por
exemplo, em 2013, tínhamos em todo o país, dez unidades com serviços de saúde
mental, com psiquiatras e psicólogos. Em 2022, tivemos um aumento para 184 unidades
e representação em 67 municípios das 18 províncias. Este ano, estamos com 202
unidades sanitárias, nas quais a população pode encontrar maioritariamente a
presença de psicólogos.
Quer dizer que há condições para atender a todos?
Apesar
deste aumento no número de unidades sanitárias com serviços de saúde mental,
não estamos bem servidos, porque ainda há muito a ser feito para atender toda a
população. O país tem 33 milhões de habitantes, por isso estamos muito
distantes das reais necessidades da população.
O investimento na saúde mental apenas deve ser feito com a construção de unidades de referência?
O
investimento a nível de saúde mental vai desde o aumento das infra-estruturas
sanitárias, ao aumento de recursos humanos especializados para atenderem os
utentes. Também é preciso investir mais na questão da humanização da saúde, em
particular a mental.
Como deve ser o investimento a nível das infra-estruturas sanitárias?
É
preciso que seja feito a partir dos centros comunitários de saúde mental,
porque é neles onde ocorre uma maior procura da população.
"As
doenças mentais podem ser causadas por vários factores”
Quando
estamos perante uma doença mental?
As
doenças mentais são transtornos que afectam o pensamento, o humor e o comporta-
mento de uma pessoa. Elas podem ser causadas por vários factores, incluindo as
experiências da vida. Alguns exemplos de
doenças mentais são as depressões, ansiedades, os transtornos bipolares, as
esquizofrenias e os transtornos alimentares. Nestes casos, é importante as
pessoas procurarem a ajuda de um profissional de saúde.
Há um tratamento adequado para lidar com as doenças mentais?
Existem
vários tratamentos que são eficazes e estão disponíveis para ajudar as pessoas
a lidarem com esses problemas e terem uma vida saudável e feliz. Mas, as
pessoas devem estar atentas aos sinais e buscar ajuda profissional bem no
início da situação.
A Covid-19 agravou os casos de doença mental no país?
Sim,
as doenças mentais aumentaram muito com o surgimento da Covid-19. Muitas
pessoas já padeciam de algum tipo de transtorno antes da pandemia e outras
acabaram sendo afectadas pelo isolamento da Covid-19. Muitos até hoje não
conseguiram recompor-se.
Quantas pessoas vivem afectadas por doenças mentais no país?
Nos
últimos três anos, tivemos cerca de 359.579 pessoas sob tratamento a nível das
unidades sanitárias do país. Nestes números estão incluídas pacientes de todas
as faixas etárias, inclusive crianças, a partir dos quatro anos, jovens até 25
anos e idosos. Logo, há toda uma necessidade de se apostar mais na saúde
mental.
Há quatro anos, o Ministério da Saúde, com o apoio da OMS, aprovou a Estratégia de Saúde Mental. Actualmente, já se pode falar de uma política pública virada à saúde mental?
Sim,
de facto. Em 2019, foi aprovada a Estratégia de Saúde Mental.
Mas, por conta da Covid-19, não foi possível dar prosseguimento e fomos
obrigados a fazer uma actualização da estratégia, tendo em conta o período em
que durou a pandemia. Em breve, vamos apresentar o resultado desta
actualização.
"A
principal responsabilidade deve ser da família”
Até
que ponto a componente cultural e a falta de preparação das famílias dificultam
as melhores abordagens em relação à saúde mental?
As
famílias são a rede principal de apoio para qualquer tratamento. Os médicos, os
psicólogos e os enfermeiros fazem o seu trabalho, mas dentro de um limite. A
principal responsabilidade deve ser da família, porque o amor cura e salva.
Infelizmente, muitos familiares furtam-se por causa do estigma e do
preconceito. Devido a esse afastamento, os doentes preferem ignorar o problema.
Não acha que deve existir um mecanismo de responsabilização aos familiares que se furtam em auxiliar os parentes adoentados?
A
maior parte dos casos de tratamento e acompanhamento de doentes mentais têm
recuperação. As doenças mentais estão entre as crónicas não transmissíveis,
como as diabetes, hipertensão e o cancro, algumas com tratamento, ao ponto do
indivíduo voltar a ter uma qualidade de vida normal, como qualquer outra
pessoa, sem ter de ir com frequência aos hospitais. Porém, é preciso que
qualquer pessoa com um quadro de doença mental, seja leve, moderado ou grave,
tenha uma atenção redobrada com a sua saúde mental, de modo a não ter recaídas.
Na sua opinião, a saúde mental é um campo exclusivo da Medicina Convencional ou deve haver espaço para os terapeutas tradicionais?
Para
mim, a saúde mental não é um campo de intervenção exclusiva da Medicina
Convencional. Deve haver espaço para que todos, desde que devidamente
capacitados, possam exercitar a humanização de práticas integrativas. Isso hoje
é uma visão mundial. A medicina chinesa traz várias práticas que buscam o
conceito da Medicina Tradicional na aplicação dos cuidados de saúde do homem
com resultados fantásticos. É a mudança de hábitos alimentares, por exemplo,
pois pela alimentação conseguimos curar muitas doenças, até as mentais.
Nos últimos anos, os casos de violência, homicídios e suicídio têm crescido de modo assustador. Há alguma relação com a eventual degradação da saúde mental no geral?
O
aumento destes casos tem aumentado de modo assustador. Naturalmente, quando
olhamos para estes comportamentos, estamos diante de várias doenças mentais
como as neuróticas e as psicóticas. As pessoas não conhecem sequer o
diagnóstico que têm e, não têm preocupação com aquilo que é o comportamento
desajustado. Logo, estas pessoas tendem a enveredar por práticas que ponham em
perigo todas as pessoas à sua volta. Daí
termos na sociedade os psicopatas e sociopatas. Não tem como não olharmos para
esse grupo de patologias e vemos isso reflectido na sociedade. Infelizmente,
estamos diante de uma realidade que precisa urgentemente de ser mudada. Por
isso, queremos promover mais a saúde mental.
A saúde mental dos angolanos pode degradar-se mais em função da crise por que passam muitas famílias?
Se
não existir um olhar atento, tanto interior como exterior, pode sim. É um acto
que envolve toda uma responsabilização em cascata sobre o que são os direitos e
deveres de cada um, enquanto actores sociais e políticos. Temos que investir
mais em resiliência humana, cuidar mais do eu, melhorar a auto-estima, olhar
para o equilíbrio das relações. Muitas
vezes, acabamos fazendo dos outros o nosso saco de pancada, porque estamos numa
condição de superioridade e não damos conta que acabamos por influenciar
negativamente no adoecimento e sofrimento dos outros.
Que conselho daria aos angolanos para melhor preservarem a saúde mental?
A saúde mental está em risco. A maioria das pessoas, em particular os jovens, está muito conectada às redes sociais, logo sujeita a pressões sociais intensas, com prazos cada vez mais curtos, assim como ao excesso de competições. Por isso, precisamos encontrar o ponto de equilíbrio emocional e físico diante dessa realidade. Investir em saúde mental não é mais do que uma escolha acertada, mas sim uma necessidade, porque envolve a adopção de um estilo de vida saudável. Por isso, devemos reservar tempo para o auto-cuidado, praticar exercícios e outras actividades capazes de promover o bem-estar, como ler um bom livro, ou visitar lugares que nos aproximam mais da natureza.
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LoginEm entrevista exclusiva ao Jornal de Angola, a ministra da Saúde, Sílvia Lutucuta, fez a radiografia do sector, dando ênfase aos avanços registados em 22 anos de paz. Neste período, houve aumento do número de camas hospitalares, de 13 mil para 41.807, e da rede de serviços de saúde, que tem, actualmente, 3.342 unidades sanitárias, das quais, 19 hospitais centrais e 34 de especialidade. Sobre a realização de transplantes de células, tecidos e órgãos humanos, a ministra disse que, com a inauguração de novas infra-estruturas sanitárias e a formação de equipas multidisciplinares, o país está mais próximo de começar a realizar esses procedimentos
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No discurso directo é fácil de ser compreendida. Sem rodeios, chama as coisas pelos nomes e cheia de lições para partilhar com as diferentes áreas e classes profissionais. Filomena Oliveira fala na entrevista que concedeu ao Jornal de Angola em Malanje sobre a Feira Agro-industrial, mas muito mais da necessidade de os organismos compreenderem que só interdependentes se chegará muito mais rápido aos objectivos.
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