Opinião

Avanços e perigos das tecnologias – Parte II

Juliana Evangelista Ferraz |*

A implementação de estruturas tecnologias e inovação, tem sido cada vez mais decisivas para operacionalizar projectos de investimentos nos vários sectores da economia real e ajudam a materializar programas institucionais os serviços dos cidadãos.

26/03/2024  Última atualização 06H00

A magnitude destes investimentos trazem desenvolvimento económico, por um lado, e também constituem uma plataforma para se atingir rapidamente os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), por outro.

A questão da infra-estrutura moderna e de alta velocidade, assim como a inteligência artificial (IA) continuam a ser temas absolutamente fulcrais no desenvolvimento tecnológico. Assim, aos factores mais importantes da 4ª Revolução Industrial estão associados a tecnologia 5G, considerada a quinta geração da velocidade de comunicação, e que, a ser implementada, vai revolucionar os processos tecnológicos de tal forma que surgirão alterações muito significativas na forma como comunicamos e gerimos a informação.

O mundo registou   avanços significativos desde década de 40 em que começámos a viver a primeira geração tecnológica, desde os electrodomésticos inteligentes programados para a realização de tarefas domésticas, programação de máquinas para o sector industrial, na agricultura para irrigação de campos, em realidade virtual em  3D e na Telemedicina por via de cirurgias em  locais longínquos.

Repare que a electro poluição e a radiação 5G é outro perigo devido à alta concentração de Antenas 5G em algumas cidades industrializadas, que podem trazer impactos nefastos ao homem, pois os choques da radiação dos campos electromagnéticos são, frequentemente, apontados como factores de risco.

A questão da Inteligência Artificial é cada vez mais importante, por ser um campo da ciência da computação que se dedica ao estudo e ao desenvolvimento de máquinas e programas computacionais, trazendo maior competitividade entre os países.  Daí que dados e pesquisas internacionais indicam que o sector da agricultura será um dos sectores mais visados, em que os robôs irão substituir o homem nos trabalhos de campo, desde o tratamento da terra, acto de plantação, irrigação e colheita.  Outro sector é o da indústria, sendo que a maquinaria programada acaba por produzir mais do que qualquer operação realizada por  homens.

Não há dúvidas de que os países menos desenvolvidos estarão sempre em desvantagem relativamente aos países mais desenvolvidos, na medida que a IA pode aumentar ou agravar o grau de desigualdades entre países, sociedade e grupos, na medida em que os países mais pobres não puderem aceder aos benefícios directos das novas tecnologias, e apenas os países mais ricos terem acesso.

A Organização Mundial Trabalho constatou que, no período pós pandemia, as economias foram  impactadas por megatendências, como por exemplo, a digitalização, tendência essa que se tornou mais evidente com o aparecimento da pandemia, porque a crise trouxe coisas boas e outras menos boas, como os constrangimentos que vivenciamos porque não estávamos bem preparados em termos tecnológicos para viver aquela nova realidade, muito centrada  nas novas tecnologias e sistemas digitais. Houve melhoria e necessidade de modernizar a infra-estutrura técnica e automatização de processos internos públicos, que permitiram maior acesso a informação pública, melhoria da prestação e acessibilidade aos serviços públicos.

Um dos obstáculos ao crescimento das empresas do sector das telecomunicações prende-se com a ineficiência da infra-estrutura, porque sem a adequação da mesma torna-se difícil aumentar a produtividade e competitividade e será sempre um desafio, porque a questão da infra-estrutura técnica e moderna permitirá que as empresas se adequem às novas  fases de tecnologia  mais avançada e pressupõe um investimento forte que poderá não ser compatível com os preços praticados,  que se quer que sejam atractivos e competitivos. O que se propõe são investimentos partilhados entre as operadoras de forma a minimizar os custos e trazer alguma atractividade aos preços dos produtos e serviços.

Actualmente, continuamos a pagar uma factura elevada com os custos indirectos agregados aos investimentos em infra-estruturas que rondam os 30% da estrutura de custos. Este ónus retira-nos a capacidade de nos tornarmos mais competitivos retirando as margens de lucro.

 É um desafio grande para as empresas de telefonia operarem investimentos em novas infra-estruturas sem que a margem de lucro seja afectada.

Em África estima-se que até 2025 as redes 5G representarão cerca de 10% do total dos assinantes móveis, enquanto isso, a tecnologia 3G continuará a dominar o mercado, e como tal, as empresas africanas estão a ser cautelosas sobre qualquer investimento relacionado a tecnologia 5G, o que pode ser um factor de abrandamento do processo de implementação do 5G no continente.

Portanto, a baixa penetração da 5G em África pode ser atribuída à procura contínua por serviços da 3G e 4G, a prevalência de mais telefones comuns do que smartphones que usam a 4G ou versões mais actualizadas, por outro lado, um preço mais alto para planos 5G e baixa renda disponível espelhada num baixo PIB per capita.

*Economista            

Comentários

Seja o primeiro a comentar esta notícia!

Comente

Faça login para introduzir o seu comentário.

Login

Opinião