Mundo

Cabo Delgado enfrenta situação de emergência

A província de Cabo Delgado, no Norte de Moçambique, enfrenta uma situação de emergência face à crise humanitária provocada pela violência armada, disse o governador da região, Valige Tauabo.

15/05/2021  Última atualização 08H45
Milhares de cidadãos fugiram da província por causa dos ataques de grupos desconhecidos © Fotografia por: DR
"A nossa província está iminentemente em emergência. Não são apenas alguns distritos, é a província toda que está em emergência”, afirmou Tauabo, durante a celebração da festa de final do Ramadão em Pemba, capital provincial.

O governador celebrou a efeméride junto de deslocados do distrito de Palma, que fugiram após o ataque de grupos armados a 24 de Março e que estão abrigados no pavilhão desportivo da zona de expansão da capital - espaço que na quinta-feira acolhia 324 pessoas, metade das quais crianças.

"Não são deslocados para serem esquecidos, são deslocados até que a situação nos seus distritos esteja estabilizada. Enquanto estiverem aqui ou noutro ponto da província, estão em Moçambique, são moçambicanos”, referiu, num apelo à solidariedade para com a população atingida.

Valige Tauabo repetiu ainda um apelo feito repetidamente pelas autoridades, dirigido aos mais novos: "Vamos desencorajar os jovens desatentos que estão a ser desviados”, recrutados pelos grupos rebeldes, de origem ainda desconhecida, que têm atacado a região.


Nyusi agradece ajuda para travar terrorismo

O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, disse, ontem, que o país não vai conseguir, "sozinho, erradicar o terrorismo”, porque se trata de um fenómeno que não respeita fronteiras, agradecendo a ajuda internacional. "Nós em Moçambique reconhecemos que sozinhos não conseguiremos erradicar este flagelo, daí que acolhemos com agrado a manifestação de solidariedade e interesse em apoiar-nos nessa luta”, declarou Nyusi quando, segundo a Lusa, falava por ocasião do encontro anual com o corpo diplomático acreditado em Maputo.

"O terrorismo, mesmo que actue num determinado local, é um fenómeno global cuja propagação não respeita as fronteiras de um país, região ou continente, por isso, o seu combate, sendo responsabilidade primária de cada Estado directamente afectado, exige esforços coordenados e cooperativos de todos os países”, acrescentou.

O Presidente moçambicano considerou "injustas” afirmações de "alguns círculos” de que o país tem recusado apoio para o combate aos grupos armados que actuam na província de Cabo Delgado, sustentando que estão em curso acções de cooperação com vários países na luta contra a violência.
O Chefe de Estado destacou o imperativo da capacitação e modernização das Forças de Defesa e Segurança (FDS) para estarem à altura dos desafios à soberania nacional.

"A defesa da nossa pátria e soberania irá se tornar sustentável e duradoura, capacitando e modernizando as Forças de Defesa e Segurança, porque os apoios externos nunca serão para sempre”, declarou. Filipe Nyusi assegurou que o Estado moçambicano não vai permitir que o seu território se torne num "santuário do terrorismo”, prometendo todo o empenho necessário para o combate aos grupos armados.

O Presidente moçambicano considerou prioritária a assistência humanitária aos deslocados e vítimas da guerra em Cabo Delgado, através da prestação de apoios que permitam a sobrevivência aos afectados.
"A nossa maior lamentação, em todas as incursões terroristas, tem sido a perda de vidas humanas. Economia e negócios, sim, mas, em primeiro lugar, a vida humana”, destacou.

 Flagelo da corrupção

No discurso, Filipe Nyusi, considerou assustadores os casos de corrupção no país, assegurando um combate "firme” contra este tipo de delitos. "O aumento de casos assusta-nos”, afirmou o Presidente Nyusi.

O Chefe de Estado avançou que o número de processos-crime por corrupção aumentou de 911 em 2019 para 1.280 em 2020, uma subida de 40,5 por cento . Apesar de admitir estar preocupado com a subida, o Presidente moçambicano assinalou que há uma boa leitura que se pode fazer dos números, porque sinalizam a detecção de mais casos e o sucesso do combate à corrupção.
O aumento, prosseguiu, "não deve ser entendido apenas como crescimento de casos em Moçambique”.

Comentários

Seja o primeiro a comentar esta notícia!

Comente

Faça login para introduzir o seu comentário.

Login

Mundo