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Carlos Vila Nova recorda massacre de Batepá

O Presidente de São Tomé e Príncipe revelou que “mentiras e intrigas” estiveram na base do massacre de Batepá de 1953, que matou várias pessoas de forma abrupta”, aconselhando, por isso, a que se faça uma verificação dos factos para se construir um “futuro de paz no arquipélago”.

08/02/2024  Última atualização 13H25
Presidente são-tomense pede união para honrar os heróis © Fotografia por: DR

"O dia 3 de Fevereiro de 1953 é visto como o marco da nossa liberdade. Se a conquistámos, consideramos que foi o  marco de origem para lutas que se seguissem, para que hoje pudéssemos viver em liberdade”, sublinha Carlos Vila Nova, citado pela Lusa.

O governante são-tomense falava a jornalistas no sábado após acender uma tocha e depositar uma coroa de flores no monumento em Fernão Dias, construído em memória às vítimas e sobreviventes deste acontecimento ocorrido no período colonial.

O massacre de Batepá ocorreu em 3 de Fevereiro de 1953, após a revolta dos trabalhadores locais contra as más condições do sistema colonial, adoptados nas roças de cacau e café da ilha.

Na repressão desta revolta, ordenada pelo ex-governador Carlos de Sousa Gorgulho, morreram 1.032 pessoas, na versão são-tomense, e entre uma e duas centenas, na versão portuguesa da época.

O Presidente são-tomense  sublinhou que o acontecimento "foi o culminar de um conjunto de acções que trouxeram sofrimento” às populações, e alertou que "tudo quanto começa com intrigas e mentiras, acaba mal”.

"O 3 Fevereiro desencadeou-se um bocado extemporaneamente por causa de intrigas e mentiras, porque o objectivo do governador de então não era propriamente este, tanto é que ele foi reconduzido ao seu mandato e com o abaixo-assinado de mais de duas mil assinaturas de naturais de São Tomé”, destaca o facto.

Aludindo-o como exemplo, Vila Nova refere: "Quer dizer que o seu percurso não foi exactamente isso, mas culminou tristemente”. O Chefe de Estado de São Tomé e Príncipe disse que "felizmente algumas correcções foram feitas ainda na altura”, e que "a própria PIDE”, Polícia Internacional e de Defesa do Estado, no seu primeiro relatório nos dias que se seguiram ao massacre, "concluiu que não havia nem subversão organizada, nem criação de nenhum grupo comunista” e "não havia nenhuma motivação política por parte da acção dos trabalhadores”.

Acrescentou que tudo aconteceu pura e simplesmente na base de mentiras e intrigas que motivaram o governador na sua procura de mão-de-obra a recorrer a rusgas e, através das mesmas, começou então o derramamento de sangue.

O Presidente são-tomense, Carlos Vila Nova recorreu a esta história "para que as pessoas saibam e cuidem-se”, aconselhando que quando não se tem a certeza, que se procure informar-se antes de propalar a informação, "para que tudo se faça na paz, tudo se faça na concórdia”.

O Chefe de Estado são-tomense disse esperar que "os exemplos daqueles que perderam a vida tristemente de forma abrupta e com maldade”, sirvam para a construção de "um futuro de paz, de harmonia”. Carlos Vila Nova assegurou que há "algumas diligências feitas pelo Estado, sobretudo pelo Governo”, para apoiar os poucos sobreviventes do massacre de Batepá que ainda estão vivos, mas apelou, para tal, à contribuição de todos.

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