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Cidadãos na província do Cuanza-Norte estão preocupados com o elevado índice de subaproveitamento das áreas consideradas favoráveis para a prática do turismo.
Segundo alguns munícipes, quase todos estes lugares são pouco frequentados porque carecem de um investimento à altura, promoção e divulgação de modo a contribuir para a arrecadação de receitas para o Estado.
Na opinião do estudante Gilberto da Costa e do funcionário público Francisco Macedo, lugares como o Centro Horto Botânico do Quilombo, a pequena praia do rio Lússue e o Miradouro da Lua (arredores da cidade), tidas como das melhores opções de lazer para as pessoas que vivem em Ndalatando, deviam ser melhor aproveitados. Apelaram às entidades afins para revitalizarem os referidos pontos turísticos e devolver a dignidade perdida há vários anos.
Contudo, o estudante de História Maurício Alexandre reconhece que os jovens dão mais atenção às matérias ligadas à formação académica, para além de questões da actualidade e pouco interesse no valor histórico que aqueles locais oferecem.
No seu entender, para melhor conhecimento dos locais turísticos e históricos da província, o Governo deve conceber um programa para levar os jovens e não só a conhecerem a verdadeira história dos sítios e monumentos.
"Para tal, em cada local deveria haver um guia para dar as informações aos visitantes. Deste modo, proporciona um maior interesse por parte de todos que por aí passam”, sugeriu.
Monumentos sinalizados com placas de identificação
O chefe de Departamento do Turismo do Gabinete Provincial da Cultura, Turismo e Desportos do Cuanza-Norte, José André Manuel, diz haver uma presença tímida de turistas estrangeiros, sendo mais notório o turismo interno para serviço, lazer e negócios, feito maioritariamente por pessoas residentes na região.
O responsável lembrou que os locais paisagísticos, bem como os monumentos e sítios do Cuanza-Norte são reconhecidos pelo Ministério da Cultura, fruto de um levantamento feito há alguns anos. "A maioria deles se encontram na comuna de Massangano (Cambambe), sinalizados com as respectivas placas de identificação, faltando apenas os existentes nos municípios a Norte da província”, informou.
Acrescentou que a direcção local da Cultura está a trabalhar em todos os municípios da província, para limpar os monumentos e sítios que se estão cobertos de capim, pintá-los e embelezar as áreas onde se encontram, para que possam ser visitados por todos interessados.
A limpeza destes locais, referiu, deve ser permanente para permitir que sejam conhecidos, não só pelos nativos, mas também pelos passageiros e turistas que por aí passam.
Acrescentou que essa tarefa não é apenas das autoridades, mas de toda a população, que deve assumir a responsabilidade da valorização do mosaico cultural do país e da província em particular.
Fortaleza de Massangano e Praça dos Escravos
José André Manuel informou que, além do Cazengo, estão identificados outros pontos turísticos em Cambambe, como a Fortaleza de Massangano, a Praça dos Escravos, Marginal do Dondo, Boca do rio Mucoso, Ilha do Ndala-Ngombe e a zona do Corredor do rio Kwanza. Em Samba Cajú, encontram-se as Cachoeiras do Rio Kiongua, Furnas do Tuto e o Centro Turístico de Mandambela.
Em Ambaca existem as Lagoas do Luingo, o Santuário de Camabatela, as quedas do rio Canhango, na comuna do Bindo e as cachoeiras do rio Ussua, na comuna do Tango. No município da Banga, o destaque vai para a Lagoa e a Cascata do rio Tumbo, ambas na sede municipal. No Bolongongo encontram-se as Furnas das Pedras de Kiquemba, as quedas dos rios Muengo e Ndudulo. Já no Quiculungo existem as furnas do Manguembo e as cachoeiras dos rios Cuale e Lufua.
O município do Lucala tem as Furnas de Kakolombolo, as quedas do Quilessa e a zona de diversão turística de Caxixote. A zona turística e de consagração de Mazalala, as quedas dos rios Cuango e Zenza, a zona turística do Quimaquente e as ruínas do Santo Hilário são os postais turísticos do município do Golungo-Alto.
De acordo com José André Manuel, os municípios da província do Cuanza-Norte possuem, igualmente, dezenas de outros pontos turísticos pouco frequentados devido ao mau estado das vias de acesso.
Unidades hoteleiras
Ndalatando, capital do Cuanza-Norte, dispõe actualmente de quatro unidades hoteleiras que funcionam com normalidade, nomeadamente, o Términus, com 50 quartos, Miradouro, com 37, Rosa de Porcelana, 16 e Camuaxi, 36. O IU Hotel com 120, encontra-se encerrado, devido ao processo judicial que envolve o seu proprietário. Nesta circunscrição é igualmente possível encontrar a dispor dos visitantes dezenas de hospedarias ou similares.
Em Cambambe encontra-se o hotel Zéus, com 60 quartos, para além do hotel Cambondo, no Golungo-Alto e o Piff-Paff, em Camabatela, ambos com mais de 40 quartos.
Já no município do Quiculungo, a 140 quilómetros a Norte de Ndalatando, encontra-se em fase de acabamento a obra de construção de uma unidade hoteleira com cerca de 27 quartos, num edifício com cinco pisos.
Dondo é a cidade mais visitada
O responsável da Cultura na província informou que a cidade do Dondo, no município de Cambambe, é o local mais visitado por turistas nacionais e estrangeiros, devido aos vários locais históricos que possui. O rio Kwanza também é um dos atractivos, com a praça da alimentação, que permite aos visitantes degustar os diferentes tipos de peixes que o rio oferece, com realce para o cacusso, mussolo e a taínha.
Segundo José André Manuel, outros atractivos em Cambambe são a barragem de Cambambe e a vila de Massangano, que começa a ganhar corpo depois de visitas efectuadas, há poucos anos, por turistas americanos, brasileiros, britânicos e sul-africanos, para além de pesquisadores da National Geographic.
"Os cidadãos nacionais que visitam o Dondo são os que estão em trânsito para o Huambo, Lubango, Malanje e Cuanza-Sul, mas que têm este ponto como local de paragem obrigatória”, sublinhou.
Protecção e conservação dos locais turísticos
Vários estudantes universitários abordados a propósito disseram que, apesar de a província ser rica em monumentos e sítios, que podem servir para o turismo, faltam políticas orientadoras para que os mesmos sejam mais conhecidos.
Miguel do Nascimento entende que falta fiscalização efectiva e solicita políticas concretas de protecção e conservação dos locais turísticos.
Angelina Tadeu apela a todos os angolanos e, em particular, aos cuanzanortenhos, a participar activamente na defesa, preservação, valorização e divulgação do património histórico-cultural e turístico da província.
Para o professor de História Benjamim Enoque José, o turismo promove também a inclusão social, com o fomento do emprego, aumento das receitas fiscais e a melhoria do nível de vida das populações.
Acrescentou que a actual situação do turismo no Cuanza-Norte tem de ser um pressuposto para o investimento no sector. Apelou aos homens de negócios a investirem no turismo, de forma a diversificar as fontes de receitas estatais.
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