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Cinco títulos em tempo de paz

Melo Clemente

Cinco dos onze troféus de basquetebol sénior masculino que Angola ostenta, foram conquistados em tempo de paz. Reza a história que depois de conquistar seis títulos continentais ,em período de guerra, a Selecção Nacional manteve-se na senda das vitórias.

04/04/2024  Última atualização 10H45
Capitão Carlos Almeida recebeu o troféudas mãos do alto representante da FIBA-Afrique © Fotografia por: DR

Com o calar dos canhões, em 2002, resultante da assinatura do Memorando de Entendimento a 4 de Abril, o basquetebol masculino sob  o comando técnico  luso-guineense, Mário Palma, arrebatou o primeiro troféu continental em 2003, em Alexandria, Egipto. Os angolanos demonstraram, uma vez mais, o domínio que exerciam no continente.

Fruto do trabalho de profundidade nos escalões de formação, Angola contava com inúmeros jogadores a actuar na diáspora, com realce em Portugal. Jean Jacques da Conceição, David Dias, Nelson Sardinha "Futuro”, José Carlos Guimarães, Ângelo Victoriano, Aníbal Moreira, entre outros, constituíam a espinha dorsal do "cinco nacional”, uma Selecção poderosa e temida em África e no Mundo.

Entrada de estreantes

Ainda sob liderança de Mário Palma, o Campeonato Africano das Nações de 2005, prova disputada em Argel, testemunhou a entrada de novos jogadores na Selecção Nacional, na única renovação bem sucedida, realizada nos últimos 30 anos.

Carlos Morais, Armando Costa, Olímpio Cipriano, Eduardo Mingas e Abdel Moussa Bouckar, jovens promessas, faziam a estreia.

Apesar da entrada de cinco novatos e, sobretudo, inexperientes, Angola chegou, viu e venceu, vincando, uma vez mais, o poderio em África. Estava consumada a conquista do segundo anel continental em tempo de Paz.

Afrobasket’2007

Cinco anos depois de alcançar a Paz, Angola organizou a fase final do Afrobasket2007.

Pela primeira vez na história da competição, a prova foi disputada em cinco cidades. Luanda, Cabinda, Benguela, Huambo e Huíla foram as províncias escolhidas para albergar o evento.

Com um trio formado por Alberto de Carvalho "Ginguba”, José Carlos Guimarães e Artur Barros, treinadores angolanos que haviam feito história na Copa do Mundo do Japão, em 2006, conquistando o honroso nono lugar, os hendecacampeões africanos fizeram jus ao estatuto de anfitriões e arrebataram o anel continental, o terceiro em tempo de Paz.

Felizardo Ambrósio "Miller”, com 19 anos, fazia a estreia na Selecção Nacional.

O cinco nacional disputou a fase preliminar na província de Benguela e terminou a competição em Luanda.

Em 2008, na cidade de Beijing, China, o combinado nacional disputou, pela segunda vez consecutiva, os Jogos Olímpicos em tempos de paz, depois de Atenas’2004. Foi a última presença até ao momento.

Fim de ciclo

Em onze anos de Paz, quis o destino que o ciclo de conquistas no continente africano terminasse em 2011, em Antananarivo, Madagáscar, ao perder a final com a Tunísia. O técnico francês Michel Gomez, contratado para manter o ciclo de conquistas, foi despedido a meio do percurso e o angolano Jaime Covilhã assumiu o leme dos hendecacampeões.

Em 2013, na Côte d’Ivoire, Angola voltaria a arrebatar o troféu  sob liderança do técnico angolano Paulo Macedo. Foi a última conquista até ao momento. A seca de conquistas já perdura há onze anos.

Senhoras fazem o bicampeonato

Sob o comando técnico de Aníbal Moreira, a Selecção Nacional sénior feminina conseguiu erguer dois troféus continentais, em 2011 e 2013.

Depois de uma travessia no deserto, Angola conquistou em Bamako, Mali, o primeiro título africano. E, para não variar, as angolanas voltaram a repetir a proeza em 2013, no Campeonato Africano das Nações disputado em Maputo, Moçambique.

Tal como os masculinos, as senhoras também fazem uma travessia no deserto. A última conquista aconteceu curiosamente na cidade de Maputo.

Clubes

Todos os troféus conquistados por clubes angolanos aconteceram em tempo de Paz. O 1º de Agosto, com oito títulos da extinta Taça dos Clubes Campeões Africanos, lidera o ranking continental, contra dois do Petro de Luanda.

Os petrolíferos de Luanda vão disputar pelo quarto ano consecutivo a BAL, nova competição da FIBA-África sob chancela da NBA-África.

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