Cultura

Crítica literária defende mais produção feminina

A crítica literária Tânia Macedo afirmou, quinta-feira, na primeira conferência do ciclo do mês de Março da série Conversas da Academia à Quinta-feira, por ocasião do Dia Internacional da Mulher, que a produção literária “feminina é pequena, sobretudo quando temos em conta o importante papel jogado pelas mulheres na luta de libertação”.

09/03/2024  Última atualização 12H15
Escritora afirma que a escrita feminina é mais detalhada © Fotografia por: DR

Tânia Macedo, que dissertou sobre "Mulheres de Angola: a literatura angolana de autoria feminina”, na conferência organizada pela Academia Angolana de Letras, esclareceu que a literatura não poderia estar à margem da realidade social e sociológica angolana, pois temos dos mais elevados índices de desigualdade de género.

Sob moderação do escritor e jornalista António Fonseca e na presença de investigadores de Angola, Brasil, Moçambique e Portugal, a conferencista começou por declarar que as mulheres sempre estiveram presentes na literatura angolana.

A crítica literária adiantou dados já deste século, segundo os quais, enquanto 81% dos homens sabem ler e escrever, essa percentagem no seio das mulheres desce para 52%. "Aliás, é sintomático o facto de a proclamação da União dos Escritores Angolanos ter sido subscrita por 33 escritores, dos quais, somente uma mulher - Maria Eugénia Neto”.

Tânia Macedo acrescentou que a escrita feminina é mais dada a detalhes e tem, maioritariamente, no centro, a mulher.

No que respeita a escritoras de Angola, no domínio da poesia, a Professora Titular jubilada da Universidade de São Paulo começou por mencionar Lília da Fonseca (autora de Panguila), Alda Lara ("Livre e esguia... mãe forte da floresta e do deserto”) e Deolinda Rodrigues ("Mamã África, que dás força ao irmão bastardo”), para se seguirem Ana Paula Tavares (uma das grandes vozes da poesia de hoje, cujos versos ultrapassam fronteiras), Amélia da Lomba, Isabel Ferreira, Kanguimbo Ananaz, Maria Alexandre Dáskalos, Anny Pereira, Yara Nakahanda Monteiro e Cíntia Gonçalves (a última, da mais nova geração). Em relação à literatura infanto-juvenil, Tânia Macedo deu conta que as autoras utilizam o imaginário dos contos tradicionais e inventam novas estórias, tendo mencionado, em destaque, Maria Eugénia Neto, Maria Celestina Fernandes, Gabriela Antunes, Maria João, Cremilda de Lima, Yola Castro, Paula Russa e Chô do Guri.

Tânia Macedo terminou propondo a criação de um portal da literatura angolana.

A próxima Conversas da Academia à Quinta-feira está agendada para o dia 14 de Março, a partir das 19h00. Sob moderação do escritor António Fonseca, o crítico literário Mário César Lugarinho falará sobre "Alguns perfis femininos da literatura angolana”.

Nota de Condolências

O Conselho de Administração da Academia Angolana de Letras comunica, em nota de condolências, o falecimento do economista, sociólogo, poeta e nacionalista angolano, Adelino Augusto Torres Guimarães, ocorrido no dia 5 de Março, em Lisboa, vítima de doença, aos 84 anos de idade.

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