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Presidente Vladimir Putin recusa impor novas sanções à Geórgia

O Presidente da Rússia, Vladimir Putin, rejeitou ontem impor novas sanções à Geórgia, após os parlamentares russos terem sugerido essa possibilidade na sequência de novas tensões entre os dois países.

10/07/2019  Última atualização 09H20
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“Em relação a todo o género de sanções à Geórgia, não o faria, sobretudo por respeito ao povo georgiano”, afirmou o líder russo durante uma sessão em Ekaterimburgo, a capital dos Urais.
A Rússia suspendeu quase totalmente as ligações aéreas com o país do Cáucaso, após protestos contra a visita de um deputado russo que provocaram mais de 240 feridos. O sector turístico georgiano estima que esta medida vá provocar perdas até 715 mi-lhões de dólares à indústria até ao final do ano, devido aos cancelamentos de reservas de turistas. A Geórgia recebe anualmente cerca de 1,4 mi-lhões de turistas russos.
Os deputados russos pediram ao Governo para avaliar a aplicação de sanções económicas à Geórgia, em resposta às suas “provocações anti-russas”, incluindo as manifestações em Tbilissi e os insultos de um jornalista do país dirigidos a Putin. “Para restaurar plenamente as nossas relações, não farei nada que o possa impedir”, assinalou o líder russo, que também retirou importância aos insultos que lhe dirigiu o apresentador georgiano da cadeia privada Rustavi 2.
“Antes ninguém o conhecia e agora todos falam dele. Nesse sentido, conseguiu o que queria”, considerou o Chefe de Estado russo.
Os deputados da Duma russa condenaram ontem os recentes acontecimentos na Geórgia e assinalaram que as acções “das forças radicais” georgianas poderiam conduzir o país a uma degradação mais profunda das relações com Moscovo. A Duma recordou que o Governo russo “tem o direito a impor restrições económicas na Geórgia”.
A proposta, que implicaria a proibição da importação de vinho e água mineral georgiana e as transferências bancárias entre os dois países, obteve o apoio de todos os partidos. De acordo com o presidente da Duma (câmara baixa do Parlamento), Viacheslav Volodin, em 2018 as transferências bancárias da Rússia para o país do Cáucaso do Sul atingiram 640 milhões de dólares, um número que coincide com os dados do Banco Central da Rússia.
Em Junho, milhares de pessoas convergiram para o Parlamento da Geórgia em protesto pelas “posições pró-russas” do Governo de Tbilissi. A Polícia utilizou balas de borracha e gás lacrimogéneo para dispersar os manifestantes que tentaram invadir o Parlamento, e os confrontos provocaram 240 feridos.
Os protestos reflectem os sentimentos anti-russos na Geórgia, que durante a presidência de Mikheil Saakashvili efectuou uma tentativa militar para retomar o controlo da província separatista da Ossétia do Sul, e que im-plicou uma guerra com a Rússia em 2008.