Ao todo, 438 crianças menores de cinco anos, integradas em 414 famílias vulneráveis das aldeias Cabari, Kissamba, Zunga e Calumbo, no município do Uíge, começaram, ontem, a receber apoio financeiro do Governo, no âmbito do projecto de Apoio à Protecção Social (APROSOC), do Ministério da Acção Social, Família e Promoção da Mulher (MASFAMU), para transferências sociais monetárias “Valor criança”.
Cecília Martins, de 19 anos, recebeu 30 mil kwanzas para o filho de seis meses. A jovem mãe disse que parte do dinheiro que recebeu vai servir para comprar roupa do menino e o restante será aplicado num pequeno negócio, bem como para a aquisição de sementes de jinguba para a lavra.
“Estou muito satisfeita por saber que o Governo angolano se importa com o meu filho. Tem poucas roupas e quase todas rasgadas. Vou usar parte do dinheiro para substituí-las”, disse.
Serão Gaspar, 57 anos, é pai de oito filhos. Mas não foi por eles que esteve presente no acto de entrega dos valores. Tem sob guarda um neto órfão de 3 anos, que beneficiou de 30 mil kwanzas do projecto “Valor Criança”. Com o dinheiro, o avô pretende melhorar as condições de vida do petiz, sobretudo o local onde dorme.
“Ele dorme num colchão em péssimas condições. Vou comprar-lhe outro, para poder ter noites de sonos mais confortáveis. Já lavrei mais de 400 metros de terreno para o qual vou, com parte deste dinheiro, comprar sementes de jinguba para lançá-la à terra. Tenho de me esforçar para obter lucros possíveis com este dinheiro e fazer deles a fonte de rendimentos para a família”, disse.
Joana Ricardo, de 39 anos, tem seis filhos, dos quais um menor de 4 anos, que também beneficiou de 30 mil Kwanzas. Com os valores recebidos, pretende fazer pequenos negócios para rentabilizar o dinheiro e aplicar, parte do mesmo na actividade agrícola.
“Não é muito dinheiro, mas já ajuda para suprir algumas necessidades”, reconheceu Joana, que agradeceu o Governo em apoiar as pessoas mais carenciadas, sobretudo as crianças que mais sofrem por os progenitores não serem capazes de lhes proporcionar melhores condições de vida. “Antes pouco do que nada”, referiu.
A “ponto focal” do Ministério da Acção Social Família e Promoção da Mulher para o APROSOC, Ana Teresinha, esclareceu que o projecto visa melhorar as condições de vida dos cidadãos que se encontram na pobreza extrema, contribuindo para que suportem custos com a alimentação, vestuário, saúde, agricultura, educação e cidadania, principalmente para o registo de nascimento e aquisição de Bilhete de Identidade.
“Dada a situação da pandemia da Covid-19, os montantes de três mil Kwanzas, antes atribuídos, foram aumentados para cinco mil, para permitir que as famílias respondam aos desafios que o momento impõe. É um programa do Governo que visa promover a protecção social como direito de todos os cidadãos e está alinhado com as prioridades estabelecidas no Plano de Desenvolvimento Nacional (PND) 2018-2022”, frisou.
Para os municípios do Uíge e Damba, o projecto prevê a transferência monetária a 4.584 crianças menores de cinco anos, de um total de 2.677 famílias, até Dezembro.
Concluído este ciclo, o Ministério vai apoiar, financeiramente, 18.007 crianças de 9.750 famílias de seis municípios das província do Moxico, Bié e Uíge.
O programa de apoio à protecção social, iniciado em Agosto de 2019, com o fim previsto para Dezembro deste ano, está orçado em cerca de nove milhões de euros, financiados pela União Europeia (UE), com o apoio técnico do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e o consórcio de empresas Luis Berger.
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