Política

Empresas chinesas manifestam interesse em investir em Angola

Geraldo Quiala | Pequim

Jornalista

Um total de 14 grandes grupos empresariais de diversos sectores manifestaram, ontem, em Pequim, o interesse de investir cada vez mais em Angola, depois de receberem garantias do Chefe de Estado, João Lourenço, durante as audiências separadas com os seus responsáveis.

17/03/2024  Última atualização 08H52
João Lourenço manteve, ontem, em Pequim, encontro com os responsáveis de empresas chinesas interessadas em apostar no mercado angolano © Fotografia por: Santos Pedro |Edições Novembro/Pequim

Nesta sequência, o Presidente da República recebeu, primeiro, informações sobre a visão da Power China International Group, empresa mãe do Grupo SynoHydro, e do plano de desenvolvimento para Angola.

À saída da audiência, o presidente do Conselho de Administração (PCA) do grupo, Chen Guanfu, destacou o bom ambiente de negócios no país, considerando vitoriosa a visita do Chefe de Estado à China, por ter conseguido "mostrar” um país diferente e com metas para um futuro melhor.

Há 20 anos no mercado angolano, acrescentou Chen Guanfu, a Power China vai apoiar o Governo no projecto de combate à seca e também na reabilitação do Hospital Américo Boavida, sem adiantar pormenores da empreitada.

Também ontem, João Lourenço recebeu, em Pequim, o vice-presidente sênior e presidente do Departamento de Relações Públicas e Comunicações da Huawei, Jeff Wang, com quem abordou a contínua contribuição para o desenvolvimento socioeconómico de Angola da Huawei Group, assim como ouviu do responsável chinês as realizações da empresa no país. Jeff Wang sublinhou a necessidade de apostar cada vez mais na transformação digital em Angola, além da extensão da conectividade da população residente em zonas recônditas, prometendo a ligação do país mediante à implementação e instalação de fibra óptica.

É objectivo da firma, nos próximos cinco anos, a formação de mais de 10 mil jovens talentos em Tecnologias de Informação e Comunicação, numa altura em que já beneficiou mais de 2.600 formandos.

"Vamos ligar o país com serviços de qualidade e alta tecnologia, incluindo em hospitais, clínicas e escolas, situadas em zonas de difícil acesso”, frisou.

Sem prestar declarações à imprensa, depois da audiência, a CITIC - China International Trust Investment Corporation apresentou, no encontro com o Chefe de Estado, o plano de investimentos para o mercado angolano, por via do seu PCA, Xi Guohua. Já a TBEA – Construção de Infra-estruturas Eléctricas, levou as perspectivas de investimento no sector eléctrico.

Zhang Xin, presidente do Conselho Empresarial e vice-presidente da Federação da Indústria e do Comércio da China, disse aos jornalistas que acredita no sucesso das iniciativas governamentais.

"Queremos mais oportunidades para trabalhar com o Governo. Estamos em Angola desde 2012 e pretendemos explorar algumas linhas eléctricas, em parceria com o Ministério da Energia e Águas”, realçou Zhang Xin.

Em busca de mais informações detalhadas sobre os projectos em curso, principalmente nos investimentos cujas oportunidades foram apresentadas aos homens de negócios, Lei Webing, PCA da RCR20, foi ao encontro do Presidente João Lourenço para mostrar o que a China Railway 20 Group International Angola pode oferecer ao mercado angolano.

Lei Webing, embora tenha saído sorridente da audiência com o Chefe de Estado, não revelou mais dados à imprensa, enquanto a Norinco – China North Industry Corporation, virada para a Indústria e Defesa Aeroespacial, entrou em cena para apresentar informações actualizadas sobre o processo de estabelecimento da empresa no mercado angolano.

Mais projectos

Antes do fecho da primeira ronda de recepções de ontem no período matinal, Li Wenjing, vice-presidente do Grupo Norinco, mostrou-se satisfeito, através de sinais gestuais, já que evitou os jornalistas na zona de entrevistas rápidas.

Pelo Consórcio Kapital Gest H&S Group East Hope, Zheng Gang, presidente do Conselho de Administração, apresentou um projecto de investimento no Pólo Industrial da Barra do Dande (Porto e Fábrica de Alumínio).

"Estamos bastante satisfeitos com o que ouvimos do Presidente João Lourenço, ao mostrar grande interesse em ver uma Angola melhor para a população”, reforçou Zheng Gang. Liu Jingzhen, PCA da Sinofarm, foi recebido pelo Chefe de Estado e apresentou, também, as perspectivas da empresa no mercado angolano, além de ter recordado os momentos mais marcantes da actuação, na fase latente da pandemia da Covid-19, quando ajudou o país com vacinas e material de biossegurança e protecção individual.

Este responsável disse ter manifestado o interesse ao Presidente João Lourenço de transferir a indústria farmacêutica ao país, desde que sejam criadas as condições necessárias para a instalação da Sinofarm em Angola.

Na ocasião, a ministra da Saúde, Sílvia Lutucuta, reforçou a ideia e afirmou que o Estado vai analisar e apoiar a iniciativa, por ser positiva a intenção e possibilitar a transferência da produção de medicamentos no país.

As audiências prosseguiram no período da tarde, com o Presidente da República, João Lourenço, a receber Chun Yun Cheung, director-geral da Chow Tai Fook Jewellery LTD, empresa do sector de joalheria, que aproveitou a oportunidade para apresentar as actividades desenvolvidas em Angola no quadro da parceria com a Endiama.


Instalação de fábrica de veículos no país

O presidente do Conselho de Administração da Sharpland Group, François Shih, levou ao conhecimento do Chefe de Estado as perspectivas de investimento no sector Agrícola, enquanto Wang Wentao, PCA da Yutong International Holding LTD, exibiu as propostas para a instalação de uma fábrica de veículos por um montante de 100 milhões de dólares norte-americanos.

A China National Aero-Technology Import & Export Corporation (CATIC), por intermédio do presidente do Conselho de Administração, Liu Yu, apresentou os projectos em carteira, mas não revelou números e projectos de investimento.

Wang Bo, PCA da China Machinery Engineering Corporation (CMEC), cumpriu o ritual dos responsáveis empresariais anteriores, com um caderno das ideias sobre o investimento, tendo o Presidente João Lourenço, nesta intensa agenda, encerrado os trabalhos com uma audiência a Wang Wentao, vice-director-geral dos Negócios Internacionais da Yongda Group China.

A empresa apresentou ao Chefe de Estado um projecto para investir na construção de um parque industrial em Catete, na província de Luanda, sem, no entanto, falar à comunicação social, na zona rápida de entrevistas, montada para o efeito.

Depois desta audiência, o Presidente João Lourenço, que momentos antes participou na cerimónia de abertura do Fórum de Negócios China-Angola, em Pequim, onde convidou o empresariado local a investir no país, seguiu para a província de Xandong, última etapa da visita oficial de três dias ao gigante asiático.

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