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Europa quer estratégia igual à que tem no Sahel

A União Europeia vai tentar enviar para Moçambique uma missão de apoio à formação militar semelhante àquela que tem no Sahel, afirmou, ontem, em Bruxelas, o chefe da diplomacia europeia, assumindo crescente preocupação com a situação em Cabo Delgado.

09/05/2021  Última atualização 08H00
Josep Borrell (à direita) concerta o apoio com representantes dos demais membros da UE © Fotografia por: DR
Segundo a Lusa, em declarações à entrada para um Conselho de Negócios Estrangeiros na vertente da Defesa, o Alto Representante da UE para a Política Externa e de Segurança, Josep Borrell, ao antecipar os assuntos em discussão entre os ministros da Defesa dos 27, apontou que será dada particular atenção "ao que se passa na fronteira entre a Ucrânia e a Rússia”, à "situação no Sahel, que não está a melhorar”, e também "outra questão, cada vez mais preocupantes, que é a situação em Moçambique”.

"O Governo moçambicano tem pedido auxílio. Tentaremos enviar uma missão de formação, como aquela que temos no Sahel, de modo a conter a situação de segurança em Moçambique”, declarou Borrell.
"O Sahel é um caso, agora estamos a estudar a possibilidade de alargar a Moçambique”, disse, acrescentando que a Bússola Estratégica é a forma como os 27 procuram "reunir um entendimento comum dos desafios que os europeus estão a enfrentar.

Os grupos armados aterrorizam Cabo Delgado desde 2017, sendo alguns ataques reclamados pelo Estado Islâmico, numa onda de violência que já provocou mais de 2.500 mortes, segundo o projecto de registo de conflitos ACLED, e 714 mil deslocados, de acordo com o Governo moçambicano.
O mais recente ataque ocorreu a 24 de Março contra a vila de Palma, provocando dezenas de mortos e feridos, num balanço ainda em curso. As autoridades moçambicanas recuperaram o controlo da vila, mas o ataque levou a petrolífera Total a abandonar por tempo indeterminado o recinto do projecto de gás com início de produção previsto para 2024.

 As  Nações Unidas referem que Moçambique enfrenta uma crise alimentar "profundamente preocupante”, com uma estimativa de que o número de pessoas em fases de crise ou emergência alimentar chegue a três milhões durante este ano. O documento da ONU indica que entre Outubro e Dezembro de 2020,  já se contavam cerca de 2,4 milhões de pessoas em crise alimentar e 310 mil  pessoas em emergência alimentar em Moçambique.

A emergência alimentar ou fase 4 na classificação universal da insegurança alimentar aguda é a segunda mais elevada da escala, sendo que a fase 5 representa situações de catástrofe.  Segundo o estudo, durante 2020, a insegurança alimentar aguda foi pior nos distritos do Leste da província de Cabo Delgado, Gaza e Inhambane, Sul da província de Tete e um distrito na região de Maputo, todos classificados em situação de crise, ou fase 3 da escala universal de classificação da insegurança alimentar.

As autoridades de Cabo Delgado prevêem a chegada, nos próximos dias,  de mais deslocados à capital provincial (Pemba),  na sequência do  ataque armado à vila de Palma, já que muitas pessoas continuam a residir em locais improvisados.


  Banco Mundial apoia o desenvolvimento

O Banco Mundial anunciou, na semana passada, um total de 20 milhões de dólares destinados ao financiamento de pequenas, médias e micro-empresas afectadas pelos ciclones Idai e Kenneth em Moçambique.
      O financiamento destina-se às empresas que foram afectadas, em 2019, pelos dois ciclones, mas o destaque vai para a cidade da Beira, uma das mais devastadas, segundo a directora do Banco Mundial em Moçambique, Idah Pswarayl Riddihough, que falava à imprensa depois de um encontro com o sector privado na cidade da Beira, província de Sofala, Centro de Moçambique. Trata-se de duas janelas de financiamento: uma de 15 milhões de dólares para médias empresas e outra de cinco milhões para microempresas.

  O Banco Mundial apoiou Moçambique com cerca de 200 milhões de dólares, investidos em projectos ligados ao abastecimento de água, reconstrução de infra-estruturas públicas, bem como à prevenção de doenças, a segurança alimentar, a protecção social e sistemas de aviso prévio nas comunidades
      O ciclone Idai atingiu o Centro de Moçambique em Março de 2019, provocou 604 mortos e 1,8 milhões de pessoas afectadas. Pouco tempo depois, em Abril, o Norte foi afectado pelo ciclone Kenneth, que matou 45 pessoas e atingiu outras 250 mil.

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