Sociedade

Falta água para lavar as mãos

Osvaldo Gonçalves

Jornalista

A importância da lavagem das mãos é há anos ressaltada pelas Nações Unidas, que lhe reservou um Dia Mundial - 15 de Outubro, mas, no contexto actual de pandemia, esse acto simples, tornou-se uma obrigação.

22/03/2021  Última atualização 08H55
© Fotografia por: DR
A questão por muitas colocada é relativa à falta que a água faz a milhões de seres humanos, aos animais e plantas, sobretudo nas regiões do Planeta mais afectadas pela seca. Hoje, 22 de Março, celebra-se o Dia Mundial da Água, data criada em 1992 pela ONU, e que se destina à discussão sobre os mais diversos temas relacionados a este importante bem natural.

Ao debaterem a problemática da água, os especialistas assinalam que apenas cerca de 0,008 por cento do total disponível no nosso Planeta é potável, o que afecta, sobremaneira, as populações residentes em zonas áridas e semi-áridas, tanto para consumo directo, como para a agricultura e a pecuária.
É, contudo, importante salientar que grande parte das fontes de água, sejam rios lagos, lagoas, represas, sejam lençóis freáticos, está ser contaminada, poluída e degradada pela acção predatória do Homem.

Por este andar, em 2025, isto é, dentro de quatro anos, 3,5 mil milhões de pessoas na Terra serão afectadas pela falta de água. O alerta foi lançado em 2019, na Cidade da Praia (Cabo Verde), durante o primeiro Fórum Internacional sobre a Escassez de Água na Agricultura.


Poluição e falta de capacidade

Há cerca de um ano, em face dos apelos reiterados da Organização Mundial da Saúde (OMS) para que as pessoas procedessem à lavagem constante das mãos para suster a propagação do novo corovírus, alguns engraçadinhos acharam por bem pôr em dúvida a letalidade do SARS-CoV-2.
Nessa altura, chamamos a atenção de as pessoas reagirem à nova situação com alguma displicência: "cumprimentam-se com os pés, mas não lavam as mãos”, escrevemos. E chamamos a atenção para o facto de outras doenças continuarem a ceifar vidas entre nós, como a cólera e as diarreias agudas.

Quando esta pandemia for contida, com certeza se dará conta do seu impacto sobre o ambiente, em particular o depósito de máscaras faciais e de material hospitalar gastável nas fontes e cursos de água.
Por enquanto, pois a situação é de emergência, as questões colocam-se mais no acesso à água, seja para consumo humano directo, seja para a sua higiene e a produção de alimentos. A verdade é que muitas queixas continuam a ser feitas tanto no que diz respeito à quantidade, como à qualidade.

Em várias cidades, o abastecimento de água potável é afectado pelas elevadas taxas de poluição, a captação e o tratamento são feitos cada vez mais longe desses centros e são necessárias centrais maiores e mais potentes.


Água "Garimpada”

Em Angola, as autoridades estimam que 67 por cento da população seja abastecida com água potável. O valor está ainda abaixo dos 75 por cento previstos no Plano Nacional de Desenvolvimento (PND).
Contudo, as queixas nesse domínio são grandes, tanto nas cidades como nas zonas rurais. Nos grande aglomerados populacionais, as irregularidades no abastecimento de água potável fazem-se sentir, sobretudo, nas zonas periféricas.

Na capital, a água tornou-se um negócio rentável, que vai desde a captação directa dos rios a unidades de abastecimento por cisternas, a partir das centrais oficiais de tratamento. A rede de distribuição é afectada por um sem número de ligações clandestinas.
O "garimpo” da água é uma prática que, além de lesar os cofres públicos, afecta de forma directa a vida da população, mas passa nas malhas da fiscalização das autoridades, da empresa de tratamento e distribuição de água e é aceite pela população consumidora.

Sem água em casa, as pessoas chegam até a bendizer quem lhe vende a que usa  em casa. A auto-construção começa sempre pelo tanque a ser usado como reservatório de água e este é considerado como uma benfeitoria importante nos imóveis arrendados.
Angola possui 77 bacias hidrográficas, mas elas não cobrem todo o país de forma equitativa. No Centro e Sul do País vive-se estiagens regulares prolongadas, com grandes impactos económicos e sociais.

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