Economia

Fundos de Pensões estão avaliados em mais de 835 mil milhões de kwanzas

Ana Paulo

Jornalista

O valor dos Fundos de Pensões, entre 2019 e 2022, cresceu 104 por cento, tendo saído de 409,1 mil milhões de kwanzas para mais de 835 mil milhões de kwanzas (mais de mil milhões de dólares).

31/01/2024  Última atualização 12H26
Ministra Vera Daves de Sousa apresentou as perspectivas do sector segurador e fundo de pensões © Fotografia por: Cedida
O crescimento representa mais do que o dobro em relação aos anos transactos, disse, ontem, em Luanda, a ministra das Finanças.

Vera Daves de Sousa proferiu o discurso de abertura da 1ª edição do "Insurance Outlook Angola”, promovido pela Ernst & Young - EY  em parceria com a Agência Angolana de Regulação e Supervisão de Seguros (ARSEG).

Na ocasião, a ministra Vera Daves de Sousa realçou que no caso específico das contribuições para os fundos de pensões cresceram positivamente para 144 por cento no período, um facto relevante, por se tratar de um importante instrumento para a vida na reforma.

Disse que o sector dos seguros foi capaz de reinventar-se e manter uma trajectória de crescimento, apesar dos enormes desafios enfrentados.

A título de exemplo, destacou, os prémios brutos emitidos cresceram aproximadamente 72 por cento, de 2019 a 2022, com uma média anual de 22 por cento, e a taxa de sinistralidade do sector de seguros manteve a sua tendência decrescente, saindo de 42,1 por cento, em 2019, para 32,9 por cento em 2022.

Segundo Vera Daves de Sousa, apesar dos principais indicadores do sector dos seguros serem publicados anualmente pela ARSEG, através do Relatório de Mercado, a realização deste estudo, feito por uma consultora internacional independente, constitui uma iniciativa relevante, que traz para o mercado, para os especialistas e para o público em geral as tendências e as explicações para lá dos números.

Por um lado, quanto aos estudos realizados no sector, a ministra das Finanças entende que os mesmos apresentam reflexões à volta de perspectivas para o futuro em torno de temas que preocupam o mercado de seguros e fundos de pensões, com maior destaque para o seguro agrícola, em particular.

Sobre isso, lembrou que o Executivo rubricou um Acordo de Assistência Técnica com o IFC, do Banco Mundial, que está a apoiar a ARSEG e as seguradoras na implementação do seguro agrícola baseado em índices climáticos, que se possam mostrar adequados aos produtores agrícolas e desta forma proteger a produção nacional.

"Como é do vosso conhecimento, o aumento da produção nacional e a diversificação económica são dos principais objectivos do Executivo, tendo como foco especial a salvaguarda da segurança alimentar nacional, logo, acreditamos que o seguro agrícola pode dar um grande contributo na segurança do investimento, quer dos próprios agricultores, quer das instituições de financiamento”, frisou.

Vera Daves de Sousa reconheceu que nem todos os avanços estão relacionados a números, mas também a importantes reformas, sobretudo no quadro legislativo, cujas implicações imprimiram uma nova dinâmica sobre a forma de acesso e exercício da actividade seguradora.

Índice de penetração

Outro aspecto destacado pela ministra das Finanças,  Vera Daves de Sousa,  no evento, foi o índice de penetração do sector segurador na economia nacional, que em 2022 se manteve abaixo de 1,0 por cento do Produto Interno Bruto (PIB), e embora ainda não tenha disponíveis os dados de 2023, tudo aponta que o valor da taxa de penetração se mantenha abaixo da percentagem acima citada, fenómeno que deve mobilizar o mercado para aumentar o universo dos utilizadores dos produtos de seguro.

Segundo a governante, há ainda um caminho árduo a percorrer no sentido de  ser anunciada uma taxa de penetração dos seguros mais ambiciosa, o que, no entender de todos, apenas será conseguido se for apostado fortemente na literacia financeira, inovação, na oferta de produtos cada vez mais inclusivos e na fiscalização efectiva dos seguros obrigatórios.

Já o presidente da Ernst & Young, Carlos Bastos, reconheceu que os resultados obtidos  no sector de seguros são positivos e permite às organizações do Estado tomarem decisões certas para um futuro próximo. Em relação aos outros países de África, os resultados são também consideráveis, porque os indicadores têm caído nos últimos anos. Já no caso específico de Angola, o crescimento é avançado.

"Com estes resultados, podemos tomar as decisões certas  e tornar o sector de seguros muito mais forte”, frisou Carlos Bastos.

CRÉDITO BRUTO
Sector não financeiro fixado em 6,05 biliões de kwanzas

O crédito bruto ao sector não financeiro cifrou-se, em Dezembro, em 6,05 biliões de kwanzas.

Os dados apresentados pelo Banco Nacional de Angola (BNA) sinalizam o registo de um aumento de cerca de 1,4 biliões de kwanzas (31,59 por cento), face ao período homólogo.

Do valor, 88,10 por cento representava o endividamento do sector privado (empresas privadas e particulares) e 11,90 por cento do sector público (administração pública e empresas públicas).

De realçar que o stock de crédito ao sector privado, em moeda nacional, atingiu 4,13 biliões de kwanzas, tendo registado um aumento de 644, 44 mil milhões de kwanzas.

O endividamento do sector público não financeiro totalizou 719,64 mil milhões de kwanzas, dos quais 53,25 por cento referentes à administração pública e 46,75 por cento às empresas públicas. Comparativamente ao período homólogo, registou-se um crescimento de 344,21 mil milhões de kwanzas (91,69 por cento).

Por sua vez, o endividamento do sector privado (empresas privadas e particulares) registou um aumento de 1,11 biliões de kwanzas (26,25 por cento), ao passar de 4,22 biliões de kwanzas, em Dezembro de 2022, para 5,33 biliões de kwanzas, em Dezembro de 2023, sendo que o endividamento das empresas privadas não financeiras era correspondente a 4,12 biliões, com um aumento de 809,74 mil milhões de kwanzas (24,49 por cento) e o endividamento dos particulares correspondia a 1,21 biliões de kwanzas, com um aumento de 298,21 mil milhões de kwanzas (32,61 por cento).

O crédito bruto, em Dezembro de 2023, alocado ao sector real somou 1,31 biliões de kwanzas, um aumento de 166,77 mil milhões de kwanzas (14,63 por cento), comparativamente ao período homólogo, impulsionado principalmente pelo aumento de recursos canalizados para o sector de "Indústrias Extractivas” de cerca de 150,85 mil milhões de kwanzas (74,17 por cento).

Ao contrário do aumento registado, o peso do crédito bruto do sector real sobre a carteira total de crédito no circuito bancário reduziu 3,04 pontos percentuais, comparativamente ao período homólogo, cifrando-se em 21,59 por cento em Dezembro de 2023, justificado pela priorização de sectores não produtivos.

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