Política

Governo quer Mbanza Kongo como pólo global de atracção turística

Paulo Caculo

Jornalista

O município de MBanza Kongo, na província do Zaire, vai ser transformado num pólo de investigação e atracção turística de referência nacional, regional e internacional, tendo em conta a dimensão do valor universal excepcional do seu património, reconhecido pela UNESCO.

08/03/2024  Última atualização 10H55
Filipe Zau fez saber que todo o trabalho em curso visa salvaguardar o antigo Reino do Kongo © Fotografia por: JOÃO GOMES | EDIÇÕES NOVEMBRO

A informação foi avançada, ontem, em Luanda, pelo ministro da Cultura e Turismo, Filipe Zau, no desfecho da reunião da 2ª Sessão Ordinária da Comissão Nacional Multissectorial para a Salvaguarda do Património Cultural Mundial (CNMSPCM), orientada pela Vice-Presidente da República e Coordenadora da Comissão, Esperança da Costa.

Para que o país atinja tal propósito está em curso um plano que prevê a organização de encontros científicos com investigadores de diversas partes do mundo, para a promoção do intercâmbio de conhecimento, definição de estratégias de divulgação da História do Reino do Kongo e da sua diáspora.

"MBanza Kongo é património cultural e imaterial da humanidade, por conseguinte temos algumas recomendações a cumprir, no âmbito da UNESCO, para que mantenhamos este património como cultural e material da humanidade”, disse o ministro, na condição de porta-voz da reunião, que visou apreciar o Plano de Gestão de MBanza Kongo, referente ao período 2024-2028.

"O local não é apenas importante do ponto de vista identitário e cultural, mas também turístico, porque reúne, sobretudo, não só uma parte considerada de Angola, mas também dos dois Congos”, acrescentou Filipe Zau.

De acordo com o comunicado final da 2ª Sessão Ordinária da Comissão Nacional Multissectorial, o objectivo é, também, incentivar os jovens na aprendizagem de técnicas ancestrais no domínio das artes e da gastronomia, para o benefício das comunidades locais, no âmbito do processo de conservação e valorização do património material e imaterial do país.

O projecto abarca, ainda, o Plano Estratégico de Gestão do Turismo de Mbanza Kongo, que visa, entre outros objectivos, diversificar a oferta da animação turística, desenvolver o território de Mbanza Kongo, divulgar o património cultural do município, orientar as visitas às áreas  com atractivos turísticos da localidade, aumentar em mais de 15% a oferta das infra-estruturas de alojamento, expandir em 20% a rede de restauração e, até 15 por cento, os serviços complementares, assim como formar e qualificar os profissionais do sector do Turismo.

Cooperação entre Angola e a Ilha de Santa Helena

Durante a reunião, a Comissão abordou sobre o Projecto de Cooperação entre Angola e a Ilha Britânica de Santa Helena, destinada a facilitar o intercâmbio de peritos e de boas práticas, incentivando a troca de experiências no que concerne ao turismo cultural, preservação do património histórico-cultural, promoção do intercâmbio entre os operadores turísticos e de viagens entre Angola e Santa Helena.

Entre as vantagens que podem resultar desta cooperação, destacam-se a promoção do turismo de investigação, troca de experiências em matéria de valorização e preservação do património histórico-cultural, turismo cultural, promoção do intercâmbio entre os operadores turísticos e de viagens, realização de cruzeiros, crescimento do intercâmbio de visitas, utilizando a província do Namibe como plataforma giratória, a organização e promoção de eventos conjuntos, bem como de actividades internacionais no âmbito da Organização Mundial do Turismo (OMT).

O ministro Filipe Zau fez saber, ainda, que todo o trabalho que se está a desenvolver visa a "salvaguarda do património do antigo Reino do Kongo” que fica dentro do país, mas que junta, sobretudo, as populações do Norte de Angola, nomeadamente ligadas ao grupo etnolinguístico Bakongo, de língua kikongo.

Para a efectivação de todo o projecto para a transformação de Mbanza Kongo em pólo de atracção turística de referência global, o titular da pasta da Cultura e Turismo informou que está aprovado, por Despacho Presidencial, uma despesa de 95 mil milhões de kwanzas.

"Este montante tem por alvo a reconstrução do antigo Reino do Kongo, mas também as fontes de água e todos os aspectos simbólicos do Reino, para além de todo o trabalho de arqueologia, que vai passar a ser feito tão logo o novo aeroporto passe a funcionar”, esclareceu.

O trabalho, continuou o ministro, vai implicar, também, acções de formação, sublinhando haver um Instituto Superior, em MBanza Kongo, que lecciona cursos em Arqueologia, tendo considerado "bastante importante” para desenvolver todas as actividades do programa de acção.

"Tivemos a possibilidade de fazer o balanço das deliberações da Primeira Sessão Ordinária da Comissão Nacional Multissectorial e apreciar a apresentação do Plano de Gestão de MBanza Kongo”, enfatizou o ministro, para quem as informações relacionadas com a preparação do Festikongo, agendado para este ano, será importante para os desafios que se pretendem alcançar.

"Recentemente, conseguimos o registo na UNESCO dos Sona como património cultural e imaterial. São escritos na área do Leste e, agora, estamos atrás do segundo objectivo, que é do Semba”, elucidou.

Os principais encontros dentro desta gestão, segundo ainda Filipe Zau, é a recuperação das escavações, para se conhecer o que é desconhecido, destacando a necessidade da promoção turística e da sinalética turística.

"Infelizmente, a população continua a vandalizar o trabalho já feito. Estamos a ver a questão turística e o desenvolvimento de hotéis, porque em Mbanza Kongo não temos uma cadeia de hotéis suficientemente ampla, e, quando pensamos em Festikongo, temos de pensar neste trabalho. A questão do Festikongo, propriamente dita, e toda a divulgação do ponto de vista cultural, musical e no âmbito das artes plásticas, cinematográficas e também as tradições”, referiu.

Filipe Zau acrescentou, a finalizar, a importância a recuperação o antropossociológica do local, revelando que a filosofia Bantu da região e os provérbios fazem parte do trabalho desenvolvido pelo comité que se encontra em Mbanza Kongo.

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