Um total de 500.000 árvores de frutas diversas e espécies selvagens foram plantadas, de Setembro de 2020 a Fevereiro deste ano, nas sedes e zonas mais recônditas dos 14 municípios da província da Huíla, no quadro da materialização de um programa de rearborização das áreas desmatadas.
Designado "Plante Uma Árvore e Mitigue a Fome”, o programa envolve várias instituições públicas, nomeadamente Saúde, Educação, Cultura e Desportos, assim como igrejas e Organizações Não-Governamentais, onde se integra um número considerável de filiados em associações económicas e sociais.
O coordenador do projecto, Zacarias Manuel, considerou positivo o trabalho realizado até ao momento, indicando já haver espaços com nova vegetação e que as autoridades tradicionais e habitantes das aldeias continuam empenhadas em cuidar das árvores até atingirem a fase adulta.
Zacarias Manuel enalteceu, por outro lado, o envolvimento dos professores, principalmente do ensino primário e médio, por levarem, nos tempos livres, os alunos aos vários espaços desmatados para a plantação de árvores e cuidarem da rega, com realce para aqueles períodos de estiagem e na época do Cacimbo.
Ao se referir também sobre o programa de arborização, o responsável da Acção de Desenvolvimento Rural e Ambiente (ADRA), Cecílio Elindo, assinalou que "só com as campanhas de plantação de árvores se pode inverter a expansão do deserto do Namibe para outros pontos da região Sul do país”.
Segundo Cecílio Elindo, vários pontos dos municípios da Chibia e dos Gambos têm sido contemplados com projectos que têm como propósito impedir o alastramento do deserto do Namibe. "Dezenas de árvores de várias espécies são abatidas com alguma regularidade para a venda de lenha e produção de carvão”, denunciou.
O responsável do Instituto de Desenvolvimento Florestal na Huíla (IDF), Henriques Suquina, descreveu mais adiante que a instituição leva a cabo, com regularidade, acções de fiscalização das áreas mais cobiçadas pelos produtores de carvão, onde também são sensibilizadas as famílias nativas sobre os cuidados a ter para a conservação e os riscos do abate anárquico de árvores.
"Temos estado a acompanhar com regularidade a evolução das plantas, acção que possibilita levar mudas daquelas plantas que se adaptam ao solo e ao clima”, disse, para alertar ainda para as variações climáticas, humidade e outros factores que têm muita influência no desenvolvimento de qualquer planta.
A instituição, disse, possui um viveiro com uma produção de 50.000 mudas e está também empenhada na formação e capacitação de antigos e novos fiscais para o reforço do pessoal que tem a missão de velar pelas reservas florestais e haja mais rapidez na autuação e detenção dos infractores, maior perspicácia e manter o controlo efectivo das florestas da região Sul do país.
Arborização
O administrador municipal dos Gambos, Francisco Barros, apelidado "Homem das árvores”, fez saber que há três anos que está a priorizar a realização permanente de campanhas de plantação massiva de árvores, tendo optado para as plantas que mais resistem às estiagens e dispensam cuidados especiais para desenvolver.
Francisco Barros informou que os primeiros resultados estão à vista, com um verde a conferir nova imagem à vila. "Realizamos, em parceria com várias associações, campanhas de mobilização e sensibilização para dotar as famílias, com realce para os jovens, de conhecimentos sobre a preservação da flora e da fauna”, ressaltou.
O verde de novas e antigas árvores em vários pontos dos Gambos cativou o Arcebispo Metropolita do Lubango, Dom Gabriel Mbilingi, tendo enaltecido os feitos das autoridades locais, com destaque para a arborização. "A escolha de plantas que resistem por algum tempo às estiagens foi uma medida inteligente e de se continuar”, elogiou o prelado.
Dom Gabriel Mbilingi apelou aos movimentos juvenis a serem os primeiros a promover actos que visam a protecção das antigas e novas árvores, na sede do município, e noutras paragens. "Todos devem se empenhar na preservação dos bens públicos e da vegetação”, defendeu o arcebispo do Lubango.
Humpata
No monte das terras altas da Chela, 22 quilómetros a Oeste da cidade do Lubango, está situado o município da Humpata, que há décadas impede a progressão do deserto do Namibe, com a plantação e renovação permanente de milhares de árvores de frutas, com realce para laranjeiras, pereiras, macieiras e outras espécies.
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