A ministra das Finanças chefiou uma delegação angolana que participou, desde segunda-feira passada até domingo, em Washington, nas reuniões de Primeira do Banco Mundial e Fundo Monetário Internacional (FMI). Em entrevista à Rádio Nacional e ao Jornal de Angola, Vera Daves de Sousa fez um balanço positivo das reuniões – oitenta, no total –, sendo que, numa delas, desafiou a Cooperação Financeira Internacional (IFC) a ser mais agressiva e ousada na sua actuação no mercado angolano. O vice-presidente da IFC respondeu prontamente ao desafio, dizendo que até está a contar ter um representante somente focado em Angola e não mais a partilhar atenção com outros países vizinhos na condução local do escritório do IFC. Siga a entrevista.
Kaissara é um poço de revelações quase inesgotável, como a seguir verão ao longo desta conversa, em que aponta os caminhos para um futuro mais consequente da modalidade; avalia o presente das políticas adoptadas sobre a massificação e formação. Mostra-se convicto de que o país pode, sim, continuar a ser a maior potência africana do Hóquei em Patins
Joaquim José Luís Grilo “Kalonjololo”, 77 anos, figura bastante conhecida em Benguela, é um pesquisador apaixonado pela História, tendo aliás, escrito vários livros, a aguardar apoios para publicar, sobre a história da cidade de Benguela. Colaborou com o Centro de Produção de Benguela da Televisão Pública de Angola, a TV Zimbo e com as emissoras provincial de Benguela e regional do Lobito, do Grupo RNA. Actualmente é membro do Conselho Provincial de Auscultação da Comunidade e colaborador da Revista Sul, Restos & Negócios, Publicidade e Marketing. Bastante assertivo, Joaquim Grilo, a propósito dos 406 anos de Benguela comemorados a 17 de Maio, fala sobre o estado actual da cidade, que considera o seu “paraíso terrestre”, sem esquecer o passado e perspectivar o futuro
É
mesmo natural de
Benguela?
Não,
não. Nasci em 1946 em Malanje. Considero-me um homem com dupla naturalidade.
Não obstante dizer sempre que se não tivesse nascido na linda cidade de
Malanje, gostaria de lá ter nascido. O meu avô tinha uma fazenda em Cacuso,
Malanje e foi lá onde eu nasci, mais duas irmãs.
Os
seus pais são todos
angolanos?
A
minha mãe era natural do município de Quilengues, província da Huíla. O meu pai
de Malanje. O meu pai era filho de um português e uma angolana. Foi muito novo
para Portugal para estudar. Teve a malapata com o pai, regressou a Angola e
apareceu nesta região Sul, onde conheceu a minha mãe em Quilengues. Passando
alguns anos, o meu avô fez as pazes com o meu pai e foram para Malanje.
Em 1952 o pai morreu. Com a morte do meu pai, na altura eu tinha 6 anos, a mãe, como era de Quilengues, preferiu regressar às origens. Fomos parar a Quilengues. Nesta época, eu estava às portas para começar a estudar.
No meu tempo, entrava-se para a escola com 7 anos. Os abastados é que iam à escola ou jardins colégios com 6 anos. Nós que não usávamos os direitos de ir para esses sítios onde tinha que se pagar uma propina, então, só aos 7 anos é que começamos a estudar. Infelizmente, a mãe, por ser de Mussange, uma região do interior de Quilengues, era incapaz de me inserir no sistema de ensino, porque lá não havia escolas.
A
minha mãe tinha duas cidades por optar. A antiga Sá da Bandeira, hoje Lubango,
ou Benguela. Como tinha uma irmã em Benguela, optou por esta cidade e estou cá
até hoje. Não obstante ter saído para cumprir o serviço militar obrigatório
fora. Já estive na Europa, mas o meu quartel general é Benguela. Estou cá há 71
anos.
Para
quem vive em Benguela há 71 anos, conhece outras cidades?
Conheço
quase todas as cidades de Angola e algumas além-fronteiras. Mas, todas eu
admiro-as, porém, o meu paraíso terrestre, tal como já disse, é Benguela. Eu
sem Benguela é como quem fica sem olhos para ver. Eu não consigo ficar sem
Benguela. Aliás, por isso é que tenho dito e já pedi aos meus familiares: eu
quero ser enterrado em Benguela. Não quero ser enterrado noutra parte do Mundo.
Tem que ser em Benguela.
Para
quem tem esse histórico de Malanje e Huíla, porquê esta preferência tão forte
por Benguela?
Gosto
de Benguela. Não me pergunte porquê. Não sei se é por ter bebido água do rio
Cavaco, mas gosto muito de Benguela. Aliás, a cidade mais linda para mim, que
está mesmo no meu coração, é Benguela. Não obstante eu ter dito várias vezes
que se não tivesse nascido em Malanje, gostaria de lá ter nascido, por
conseguinte gosto de Malanje. Por isso, tenho dito que tenho dupla
naturalidade. Sou um cidadão com dupla naturalidade. Sou malanjino e
benguelense.
Onde é que fez o
ensino primário?
Fiz
o ensino primário na escola da Missão da Nossa Senhora da Nazaré, em Benguela,
e o secundário no Liceu Nacional de Benguela e na então cidade de Nova Lisboa
(Huambo), enquanto cumpria o serviço militar obrigatório no Exército Português.
A
escola primária ainda
existe?
Infelizmente,
esbulharam o campo e outros terrenos adjacentes. Mas a igreja que eu ajudei a
construir e algumas salas de aulas ainda existem. Fiz o ensino primário naquela
escola, tive vários colegas, entre os quais o general Zé Maria, o José
Abrantes, o Manuel Lisboa, que está formado em germânicas e vive na Alemanha há
mais de 50 anos e tantos outros, que agora a memória não me faz com que diga os
nomes dos mesmos. Mas, foram muitos colegas do meu tempo.
Cumpri o serviço militar obrigatório do exército português. Daí não regressei aos estudos. Nunca vivi em Portugal. Fiz apenas a tropa do antigo exército português na então cidade de Nova Lisboa, hoje Huambo. Estive no Moxico, na Lunda e em Luanda.
"A história de ser historiador”
Onde
começa a história de ser historiador?
Eu
sou muito curioso. Mesmo enquanto estudante chocava com os professores, no bom
sentido. Gostava muito de pesquisar. No meu tempo, a história de Portugal
incluía as colónias de Moçambique, São Tomé, Angola, Guiné, Cabo Verde e
falava-se um pouco do Brasil, porque também foi colonizado pelos portugueses,
Macau e Timor. Então, nós éramos obrigados a aprender um bocado de cada
parcela. Aprendi muita coisa e conheço muita coisa de Moçambique, de São Tomé,
da Guiné Bissau. De Portugal conheço as linhas férreas, praias e muito mais.
Prendi-me pela história e fui desenvolvendo. Fiz e continuo a fazer muita coisa
relacionada com a história, no cômputo geral, universal e em especial de
Benguela.
Estamos
no Maio-Benguela, uma combinação positiva, porque é neste mês que esta cidade
completa 406 anos. Afinal de contas, qual é a história real de Benguela?
A
história de Benguela é inacabável. Todos os historiadores tentaram começar, mas
nunca acabaram. Ela é longa. É uma das cidades cosmopolitas de Angola. Talvez
seja uma das cidades mais antigas a Sul do Equador. Benguela tem muita coisa
que se lhe diga.
Só para dar um exemplo, Benguela completou 406 anos a 17 de Maio, e só no segundo quinquénio do século XX é que se instalou aqui o primeiro liceu, quando nas cidades modernas como o Huambo e Lubango, os portugueses criaram liceus lá muito antes de criarem o de Benguela.
Benguela era uma cidade, como se diz na gíria, antes quebrar que torcer. Eram contestatários. A seita dos maçónicos é unida. Os primeiros maçónicos que chegaram a Benguela, que eram chamados Curibecas, fizeram desta terra uma cidade cosmopolita, como disse atrás.
Vou lhe contar uma história muito caricata. Benguela chegou a ter o maior restaurante de Angola (Maior Bar). Chegavam a atender mais de 2 mil pessoas por dia. Era um bar muito conhecido até além-fronteiras e vi lá coisas imaginárias. Cheguei a ver ali pessoas ricas sentadas numa mesa a comer uma sardinha, bife ou bacalhau e ao lado de um casal de autóctone, por mais caricato que parecia, a mulher de panos e descalça, também a comer sardinha ou prego no pão ou outras iguarias e a beber os seus canhangulos.
Aqui não havia racismo como acontecia, por exemplo, com Moçâmedes, que foi uma das cidades mais racistas. Fui à antiga Nova Lisboa em 1967 e vi lá racismo. Os autóctones não iam aos bares. Tinham complexo. Nós chegamos lá e revolucionamos aquilo. Benguela não é melhor, nem pior que as outras cidades, mas era diferente em todos os seus itens. Por isso é que eu disse, todo historiador pode começar mas nunca chega ao fim da história de Benguela. Aqui há muita coisa que se diga.
O
que é de bom, de marcas históricas que ficaram por Benguela, que até hoje
existem?
Benguela
já chegou a ter a Praia mais linda de Angola, que é a Praia Morena, e graças a
Deus, hoje, o senhor governador Luís Nunes está a recuperar o que se tinha
perdido e está a voltar a ser Praia Morena, de facto. Ainda falta, mas já
respira como Praia Morena.
Quais
foram os outros ganhos, comparativamente a outras cidades?
Benguela
foi a primeira cidade de Angola a ter iluminação pública, água canalizada e
telefones. Os primeiros telefones que apareceram em Luanda saíram de Benguela
já em segunda mão, depois de renovarem a rede telefónica desta cidade. Os que
cá estavam (telefones obsoletos) foram para Luanda.
Deixa-me dizer que Benguela foi a primeira cidade em Angola a ter asfalto. Benguela tem um monte de itens, se formos a enumerar, volto a repetir, vamos demorar anos. É essa Benguela que completou 406 anos.
Para uma cidade com 406 anos, é muito tempo. Concorda comigo?
Sim, 406 anos é muita coisa. Se formos a multiplicar, não sei quantos segundos são. Se formos a fazer a redução de anos para meses e de meses para dias, horas, minutos e se chegarmos a segundos, não conseguiremos apanhar os zeros da quantidade de segundos que Benguela tem.
O actual governador provincial de Benguela já veio de uma cidade (Lubango), sua terra natal, eu passei por lá antes de ele ser governador e depois. A caminho de Moçâmedes, onde fui visitar um irmão, coloquei as mãos à cabeça. A cidade do Lubango estava danificada. Depois de ter sido nomeado governador da Huíla, anos depois voltei a passar por lá e fiquei admirado. Ainda estive no Lubango há coisa de 8 meses, aquilo está uma maravilha.
É o que vai fazer em Benguela. Acredito. Esta cidade precisa. Aliás, já começou. O senhor governador Luís Nunes quando começa não pára. Ele gosta muito de chegar à meta. Então, eu acho que ele vai conseguir levar a cidade de Benguela a bom porto.
Cidade em reabilitação
Falou
de uma cidade de Benguela que andou muito danificada. Acho que a sua
recuperação, também, exige esforço e a participação de todos os filhos de
Benguela. É isso que nota?
Em
parte, sim. Porque um Governo só se pode considerar Estado se trabalhar com
todos. Estado somos todos. Se eu for a uma aldeia, assim que puser os meus pés
nessa aldeia, tenho que contactar os mais velhos da aldeia. Eles é que vão me
dizer o caminho propício para ir ao rio tomar banho, por exemplo.
Vendo bem as coisas, o senhor governador já começou a fazer um trabalho de louvar, mas eu gostaria que ele não se esquecesse dos mais velhos da cidade de Benguela.
Por
que faz esta afirmação?
Por
exemplo, assisti à reconstrução do jardim em frente ao mercado municipal, que
infelizmente, tem um nome triste, "Milionário”, porque quem recebeu a verba
para reparar o jardim, supostamente, a desviou. O jardim estava orçado em 1
milhão e 600 mil dólares, quando não terá, supostamente, custado mais de 80 mil
dólares. Isto na primeira reparação que aconteceu entre 10 a 15 anos. Agora,
voltaram a reparar o jardim. Mas, na minha opinião, o jardim foi reparado à
revelia de quem de direito. Houve um patrocinador. Eu fui lá, aconselhei o
técnico que estava a reparar o jardim, que não ouviu os conselhos.
Para
além da recuperação dessas obras, há outras de
referência?
Notamos
e com muita alegria e satisfação, a reabilitação do Museu Nacional de
Arqueologia, que praticamente recuperou a sua imagem. É bom que se diga que
aquilo foi construído com outro propósito. Só passou a Museu depois da
Independência. Foi uma obra construída em 1880, pelos comerciantes, as tais
curibecas, os homens da maçonaria é que construíram aquilo. Aquilo é uma obra
secular. Ainda assim, acho que modernizaram muito o interior. Foi muito
modernizado, o que tira um pouco a história que o imóvel ostenta. Eu já visitei
o Museu como turista. Está bonito. É uma maravilha. Mas, aqueles computadores
deviam estar em mesas mais simples para não fugirmos muito da história. A sala
é bem-vinda. É nobre. Podem reunir lá muita gente. Podia-se colocar lá material
de madeira, mesas bonitas. Temos madeiras bonitas que todos cobiçam. Tirando
isso, está uma maravilha.
Há
quem diz que Benguela hoje é uma das cidades mais caras para se viver em
Angola. Concorda?
Não
concordo.
Em 1963, o então presidente da República Portuguesa, Américo de Deus Rodrigues Tomás, veio de propósito visitar a fábrica de conservas Atlântico, inaugurou as pontes cais no Casseque Marítimo e o Aeroporto, hoje chamado 17 de Setembro. Benguela foi considerada a cidade jardim, tal como já disse. Foi uma das cidades mais arborizadas de África. Hoje está carente.
O
que já fez para mudar o actual quadro?
Ofereci-me,
na era do governador Dumilde Rangel, para arborizar a cidade a custo zero. Ele
aceitou a proposta porque eu era amigo dele. Somos do mesmo bairro e ficou
admirado quando lhe fizeram um orçamento insignificante. Eu queria apenas, não
vou aqui dizer o segredo porque alguém pode copiar e fazer plágio, mas
apresentei-lhe coisas insignificantes para arborizar a cidade. Infelizmente,
ele foi exonerado e tentei com os outros governadores da era pós Dumilde Rangel,
todos aceitaram, mas, ninguém colocou na prática e Benguela continua sem
árvores.
O
que falta?
Precisamos
de mais acácias rubras. Infelizmente, Benguela tem menos acácias rubras em
relação à cidade do Luena, província do Moxico. Isso tudo tínhamos que rever.
Não de um dia para o outro, mas, nós, nascidos ou não, somos todos
benguelenses, mesmo o senhor jornalista também já é benguelense. Temos todos
que arregaçar as mangas e ajudar o senhor governador. Há coisinhas que ele não
domina. Se ele não contactar a velha
guarda, ele vai acabar um dia por ir embora e não vai descobrir coisas simples
que podem dignificar a cidade. Estamos dispostos para isso. Benguela precisa de
todos.
Sei que sou membro do conselho de auscultação às comunidades do Governo Provincial de Benguela, porém, neste órgão não posso apresentar tudo que me vem à alma. Há coisas confidenciais. Não posso estar aí a me armar em carapau de corrida. Ali é sítio para atacar as coisas omissas, mas de forma organizada e com regras. Fora, talvez, já posso falar mais à vontade com quem de direito.
Livros prontos a publicar: faltam os apoios
Sei
que já escreveu um livro. O que conta no livro?
Tenho
duas obras escritas, por publicar, de carácter científico, histórico-didáctico,
intituladas "Memórias da Província de Benguela e da sua Gente” e "Lobito a
Cidade dos Flamingos”. Outra, ainda na forja, é intitulada "1920-2020
Centenário do Sport Clube Portugal de Benguela (actual Clube Nacional de
Benguela)”.
O
que falta para publicar?
O
que falta para publicar as obras literárias: apoio.
Quem
queira ajudar, como pode proceder?
Agradecia
bastante. Ter uma obra literária no mercado é um sonho desde pequeno. Para quem
puder ajudar, por favor, pode usar o seguinte número de telemóvel, que é mesmo
meu: 933099048. O meu último livro, com o título "Memórias da Província de
Benguela e da sua Gente” tem 950 páginas no formato A4. O livro fala de
Benguela, que é a capital da província. Fala também de 32 bairros antigos de
Benguela, entre os quais os da Facada e o Operário, embora hoje tenham já
outros nomes. Não vou adiantar porque ainda é segredo que está no livro. Além
da capital, fala de outros municípios.
Falo, por exemplo, da posição geográfica, dos primeiros habitantes, tem a lista dos governadores que já passaram pela província.
O
livro contém outros elementos de relevo?
Muitos.
Os elementos do relevo, clima, classificação climática, precipitação, mamíferos
por municípios, recursos hídricos, agropecuária, riquezas do mar, pescas,
indústrias correctivas, energia eléctrica, notas sobre a imprensa escrita,
transportes e comunicações, cultura, locais turísticos, parque industrial e
comercial... Falo, também, do município de Benguela, que é a cidade das Acácias
Rubras, com elementos da sua caracterização física, o resumo histórico da
conhecida Cidade Mãe de Cidades.
Quais
são os outros aspectos que são abordados no livro?
Falo
de famílias, de individualidades, desporto, clubes, dirigentes, técnicos,
atletas, escutismo, colectividades sociais e de
caridade, educação, sindicatos, grémios de indústrias e pescas, cultura,
monumentos e sítios, expressão e expansão da rádio particular, turismo,
arquitectura, indústria e comércio. Da mesma forma, vou falando dos bairros.
Comecei pelo bairro Santo António, resumo histórico, sua localização
geográfica, os primeiros habitantes, famílias, individualidades, desporto,
cultura e comércio. Seguidamente, abordo o bairro Benfica. O livro aborda,
também, os municípios. O primeiro é o da Baía Farta. O livro aborda todos os
municípios.
Actualmente
Benguela tem quantos bairros?
São
muitos e surgiram de forma anarquizada. Hoje, aparecem bairros como cogumelos.
Até, inclusive, eu como historiador tenho pena, porque os sobas estão a
adulterar os bairros de Benguela, estão a alterar. Pegam num bairro e dividem
por três parcelas e dão a quem eles entenderem. Isto é mau. É negativo. Estão a
querer apagar a história.
O
que é preciso fazer para alterar o quadro?
É
preciso pôr ordem no circo.
Benguela
tinha quantos bairros, no passado?
No
meu livro falo apenas de 32 bairros, mas hoje tem mais de 200. Há bairros que
aparecem como cogumelos. Já está tudo desestruturado. Uma cidade é um espaço
com ruas, travessas, avenidas, jardins, edifícios públicos, residências e
comércio. Ela cresce pelas quatro vertentes: Norte, Sul, Leste e Oeste. Vai
crescendo. Porém, não pode crescer como Benguela está a crescer.
O
foral de Benguela ainda é o mesmo do tempo colonial. Porque depois do foral, eu
não sei como vamos classificar o que apareceu. São antigos labirintos. Não têm
ruas condignas, não têm passeios de lazer. É uma ameaça à saúde pública e ao
futuro da cidade. Ela vai crescer doente. É preciso controlar esse crescimento,
apesar de ser um bocado difícil.
Antes
de surgir um bairro, tem de aparecer um estudo topográfico. A maior parte dos
bairros de Benguela surgiram sem estudo topográfico e estética.
"Bairros deviam crescer de forma igual”
A
realidade preocupa?
Sem
dúvida. Temos ruas em zigue-zague. A rua começa larga e termina afunilada. Eu
vejo aí em certos bairros, infelizmente, quando morre alguém, o carro funerário
não chega à porta do defunto. Fica a vários quilómetros. Tem que se levar o
caixão no ar. Isto é mau. Os bairros deviam crescer de uma forma igual, para um
dia a cidade tornar-se uma autêntica metrópole. Não sei o que fazer. Mas, ainda
vamos a tempo. Só que temos que partir muita casa. Agora, infelizmente, vão
partir as casas do Matadouro, graças ao senhor governador provincial de
Benguela, Luís Nunes.
Aquela
ideia é minha. Propus há vários anos aos governantes que a rua 4 de Fevereiro,
que é a marginal principal, devia ter sequência porque há um projecto colonial
que diz que esta rua, que passa em frente ao Palácio, vai em sentido Norte e
terminava no Cine Flamingo, no Lobito. Era uma marginal. A Sul ia terminar na
Baía de Santo António.
Será
que há infraestruturas que atrapalham?
Infelizmente
há uma pensão que está numa posição transversal. A rua termina e tem que fugir
do seu sentido normal. A rua fugiu do seu leito, por causa da anarquia. Como
não há estética, não há topografia, aquilo ficou e a administração aprovou. Há
vários anos, ou melhor, ainda no tempo do comissário Dino Matross, a
coordenadora do bairro daquela zona avisou que aquilo ia constituir uma pedra
no sapato no futuro e está a acontecer. Agora estão a dizer que nasceram ali e
são pescadores e não podem sair dali. Isso é um mal criado e consentido.
A
dona Matilde, que foi uma grande mulher e merecia uma rua com o nome dela,
alertou o senhor Dino Matross, nas vestes de comissário de Benguela, que ali
não se podia construir porque era uma reserva do Estado, para na sequência da
cidade, colocar uma marginal.
Porém,
dou graças a Deus e volto a falar do senhor governador Luís Nunes, que matou a
cobra e está a mostrar o pau, mas vai gastar dinheiro desnecessariamente. Vai
ter que realojar aquela gente toda. Aqueles infractores todos vão ser
beneficiados. E não se pode beneficiar um infractor. Mas criaram-se essas
condições.
Como é que gostaria de ver feitas as comemorações dos 406 anos?
Até certo ponto, gostei das celebrações, sobretudo, do acto municipal, onde houve, dentre outras coisas, o içar da bandeira. Como fazia a Associação Acácias Rubras. No passado, a Associação Acácias Rubras criava cenários bonitos. Na vigência do seu presidente Dufas Rasgado, havia outros componentes, dentre os quais, o Dinho Severino, o Hermínio Escórcio, o Inglês Pinto, entre outros. Já cheguei a ser vice-presidente da Associação Acácias Rubras. A actividade era feita com pompa e circunstância. Reunia-se com o Governo da Província e a Administração Municipal e, em conjunto, traçavam-se as linhas mestras para a actividade. Vinham benguelenses que estavam na diáspora, à custa da associação, junto do Governo Provincial. Ficavam aqui uma semana e tinham direito a transporte, hospedagem, entre outros.
Vinham
empresários?
Até o empresário Bento Kangamba deslocava-se para Benguela, com todo o aparato musical, que era um programa Walale, muito antigo. Vinham músicos conceituados de Luanda e fazia-se uma festa que era uma maravilha. A associação angariava fundos e o Governo ajudava.
Já chegamos a receber dinheiro à ordem de saque a favor das Acácias Rubras. Já se passou uma ordem de saque em meu nome, por ser empresário e ter colectado 50 mil dólares. O presidente das Acácias pediu esse dinheiro emprestado e depois, quando a ordem de saque caiu na minha conta, fiz o levantamento do valor, que foi debitado a favor de quem tinha emprestado os 50 mil dólares. Fazíamos isso. Trazia-se a Miss Angola, fardo e medicamentos para oferecer aos lares da terceira idade, Casa do Gaiato e muito mais. A associação chegou a oferecer uma ambulância ao posto de saúde Egipto Praia, já na vigência do governador Isaac dos Anjos. O empresário Adérito Areias chegou a oferecer toneladas de peixe fresco congelado. Fazia-se um trabalho conjunto. A união faz a força.
Perfil
Nome: Joaquim José Luís Grilo "Kalonjololo”
Filiação: Alberto
Luís Grilo (natural de Malanje) e de Anália Pinto Gonçalves (natural de
Quilengues, Huíla)
Data
de nascimento: 24
de Março de 1946, em Malanje
Idade:77
anos
Carreira profissional: Foi funcionário público, tendo trabalhado na Educação como professor primário e nos Correios, Telégrafos e Telefones (CTT), em Benguela.
Outras ocupações: Industrial de hotelaria, vogal do Conselho Fiscal da Associação Provincial de Futebol de Benguela, vice-presidente da Associação dos Naturais e Amigos da Província de Benguela, vulgo Acácias Rubras
Formações: Frequentou entre Janeiro de 1968 e Julho do ano seguinte, com sucesso, um curso de jornalismo por correspondência na Escola Álvaro Torrão, Lisboa, Portugal e participou em 2011 num seminário sobre Jornalismo Cultural, acção formativa de superação técnico-profissional, organizado pelo Centro de Formação de Jornalistas (CEFOJOR) e a Rádio Benguela, em parceria com o Goethe-Institut (Instituto Cultural Alemão)
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LoginEm entrevista exclusiva ao Jornal de Angola, a ministra da Saúde, Sílvia Lutucuta, fez a radiografia do sector, dando ênfase aos avanços registados em 22 anos de paz. Neste período, houve aumento do número de camas hospitalares, de 13 mil para 41.807, e da rede de serviços de saúde, que tem, actualmente, 3.342 unidades sanitárias, das quais, 19 hospitais centrais e 34 de especialidade. Sobre a realização de transplantes de células, tecidos e órgãos humanos, a ministra disse que, com a inauguração de novas infra-estruturas sanitárias e a formação de equipas multidisciplinares, o país está mais próximo de começar a realizar esses procedimentos
Assume-se como uma jornalista comprometida com o rigor que a profissão exige. Hariana Verás, angolana residente nos Estados Unidos da América há mais de 20 anos, afirma, em exclusivo ao Jornal de Angola, que os homens devem apoiar as mulheres e reconhecer que juntos são mais fortes e capazes de construir uma sociedade equitativa e próspera. A jornalista fala da paixão pela profissão e da sua inspiração para promover as boas causas do Estado angolano, em particular, e de África, em geral.
Por ocasião do Dia Nacional da Juventude, que se assinala hoje, o Jornal de Angola entrevistou o presidente do Conselho Nacional da Juventude (CNJ), Isaías Kalunga, que aconselha os jovens a apostarem no empreendedorismo, como resposta ao desemprego, que continua a ser uma das maiores preocupações da juventude angolana.
No discurso directo é fácil de ser compreendida. Sem rodeios, chama as coisas pelos nomes e cheia de lições para partilhar com as diferentes áreas e classes profissionais. Filomena Oliveira fala na entrevista que concedeu ao Jornal de Angola em Malanje sobre a Feira Agro-industrial, mas muito mais da necessidade de os organismos compreenderem que só interdependentes se chegará muito mais rápido aos objectivos.
Pelo menos 21 pessoas morreram na sequência de um naufrágio que ocorreu no Rio Lufira, na zona sudeste da República Democrática do Congo (RDC), tendo 11 dos passageiros conseguido salvar-se, noticia hoje a agência espanhola EFE.
O Festival Internacional de Jazz, agendado para decorrer de 30 deste mês a 1 de Maio, na Baía de Luanda, tem já confirmada a participação de 40 músicos, entre nacionais e estrangeiros, e o regresso da exposição de artes visuais com obras de 23 artistas plásticos, anunciou, sexta-feira, em conferência de imprensa, no Centro de Imprensa da Presidência da República, CIPRA, o porta-voz da Bienal de Luanda, Neto Júnior.
A judoca angolana Maria Niangi, da categoria dos -70 kg, consegui o passe de acesso aos Jogos Olímpicos de Verão, Paris'2024, ao conquistar, sexta-feira, a medalha de ouro no Campeonato Africano de Judo que decorre na Argélia.
A representante do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) em Angola, Denise António, destacou, sexta-feira, em Luanda, a importância do Governo angolano criar um ambiente propício para a atracção de mais investidores no domínio das energias renováveis.
O artista plástico, João Cassanda, com a obra “Mumuíla Feliz”, e o escultor Virgílio Pinheiro, com a escultura “Piéta Angolana”, são os vencedores da 17.ª edição do Grande Prémio ENSA-Arte 2024, tendo arrebatado uma estatueta e um cheque no valor de seis milhões de kwanzas.
Nascido Francis Nwia-Kofi Ngonloma, no dia 21 de Setembro de 1909 ou 1912, como atestam alguns documentos, o pan-africanista, primeiro Primeiro-Ministro e, igualmente, primeiro Presidente do Ghana, mudou a sua identidade para Nkwame Nkrumah, em 1945, com alguma controvérsia envolvendo o ano de nascimento e o nome adoptado.